Capítulo 05

707 84 12
                                    

02 de Setembro, Bom Temps, 11h


Conforme a previsão de Isadora, Peter tinha acabado de comunicar à trupe que aquela seria a última noite deles em Bon Temps; o público já era mais escasso e o show tinha que continuar. Partiriam pela manhã do dia seguinte.

Isadora queria ir até o Merlotte's avisar Sam, mas havia tanta coisa para ser arrumada que ela acabou desistindo daquela ideia, ao menos naquela hora. O clima entre eles tinha ficado um pouco estranho depois da cena na floresta e ela realmente não gostaria de partir antes de conversar com seu amigo.

Era a primeira vez em muitos anos de estrada que ela realmente se apegava a alguém, e doía-lhe ter que se despedir. Ela se sentia segura ao lado de Sam, à vontade, com total liberdade para ser quem ela realmente era. Afinal, mesmo as pessoas da trupe conhecendo seu dom, ela nunca havia encontrado tamanha empatia em outra pessoa. Provavelmente pelo fato de Sam também ser diferente, também enfrentar inseguranças todos os dias.

Enfim, Isadora passou a tarde toda arrumando suas coisas, deixando tudo organizado e depois foi ajudar sua mãe e Gina. O ideal era que todos deixassem seus pertences organizados, dessa forma era só desmontar a tenda após o encerramento do último espetáculo e aproveitar uma boa noite de sono antes de seguirem viagem. O próximo destino já estava traçado: Jackson, Mississipi.

Como tinha acontecido nos últimos dias, ao cair da noite Isadora começou a se arrumar e logo as poucas pessoas começaram a chegar. Isadora encontrava-se atrás da grande cortina vermelha, esperando sua vez de entrar no picadeiro quando sua mãe se aproximou.

- Tudo bem, amor? – ela afagou os ombros da filha.

- Acho que sim. – Isadora respondeu reticente. – Acho que só estou um pouco melancólica por ter que deixar a cidade. Apesar de tudo, gostei daqui.

- Daqui, ou de um certo dono de bar? – Danna encarou, divertida, os olhos da garota.

- Também sentirei falta dele, não vou negar. – Isadora sorriu. – Sam é alguém especial. – e sua mãe ergueu curiosa uma sobrancelha. – Não desse jeito, mãe. – e ambas sorriram. – Sinto como se tivéssemos uma espécie de ligação. Ele se tornou um amigo muito querido.

- Oh, minha linda! – Danna disse e segurou as mãos da filha.

E foi nessa hora que os olhos azul-esverdeados entraram em foco. Frios como gelo, eles a encaravam e então banharam-se em sangue, transformando aquela visão em um aterrorizante borrão vermelho vivo.

- Isadora! Filha! – Danna amparou a garota quando faltaram-lhe forças às pernas. – O que foi?

- Não. – a garota sussurrou baixinho, o ar lhe faltando. – Por favor, não. – ela implorou.

- O que houve? – Peter apareceu repentinamente. – Você está bem, meu anjo?

- Alguma coisa muito ruim vai acontecer. – ela disse ofegante. – Foi a mesma visão... os mesmos olhos de sangue.

- Calma, filha. – Danna abraçava a garota. – Não vai acontecer nada. Está tudo bem, todos estão bem.

- Eu achei que aqui era seguro. – Isadora sussurrou. – Achei que estávamos a salvo.

- Meu amor, vai ficar tudo bem. – disse Peter. – É a última noite. Será a última apresentação e então partiremos. Vai dar tudo certo, meu anjo, se acalme.

Isadora encontrava-se aninhada nos braços da mãe, enquanto esta tentava lhe acalmar. A visão tinha sido tão real e tão assustadora como a de San Ângelo, e a garota tinha certeza de que uma tragédia era iminente. Peter olhou preocupado para a esposa e depois para a filha. Mas o show tinha que ser finalizado sem que as pessoas percebessem o clima de terror que cercava sua filha e acabou voltando ao palco.

Eyes of Eternity (True Blood - Eric Northman)Onde histórias criam vida. Descubra agora