Capítulo 07

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03 de Setembro, Bon Temps, 08h

A claridade invadiu o quarto e, contra sua vontade, Isadora abriu os olhos que ainda estavam pesados devido ao choro da noite anterior. Ao perceber que Sam não se encontrava o seu lado, e ouvir barulhos vindos da pequena cozinha, ela se levantou e seguiu o cheiro de café fresco.

- Acordei você? – foi a primeira coisa que Sam perguntou.

- Não. – ela respondeu complacente. – Não conseguia mais ficar na cama.

Eles fizeram a refeição em silêncio e Sam lhe avisou que precisavam ir à delegacia. Isadora tremou com a ideia de ter que reviver o terror da outra noite, mas sabia que não tinha muita escolha.

Ao constatar que todas as suas coisas ainda estavam no trailer, ela acabou colocando a roupa que usara em sua última apresentação e, para não ficar muito vulgar, usou a camisa que Sam havia lhe emprestado por cima da roupa.

Ambos seguiram até a delegacia, onde foram recebidos pelo xerife Dearbon e pelo detetive Andy Bellefleur. Conforme ela já imaginava, o xerife queria saber mais sobre o ataque dos felinos e Isadora passou cerca de duas horas contando e recontando a história sobre a trágica morte de seus pais e amigos. A única diferença era que ao invés de vampiros, os assassinos eram pumas imaginários.

Sam esperava, quase impaciente, Isadora do lado de fora da delegacia. Algumas pessoas conhecidas passaram por ele, e o questionavam sobre o que tinha acontecido – mal de cidade pequena: todo mundo sabe de tudo – mas ele apenas as ignorava.

- E a senhorita não foi capaz de prever o que iria acontecer? – ironizou o detetive Bellefleur.

Isadora foi meio que pega de surpresa com aquela pergunta questionável e em seguida a lembrança dos olhos azuis inundou sua mente. Sim! Ela fora capaz de ver que algo muito ruim aconteceria, mas ela nem podia imaginar o que seria. Seria tão útil se seu dom fosse mais especifico às vezes.

- Não, detetive. Como eu já disse, é só mais um número de circo, uma performance, uma apresentação. – e seu tom foi ainda mais irônico do que o usado pelo policial.

- Obrigado pelas suas informações, Srta. Seerswood. – disse o xerife. – E eu realmente sinto muito a sua perda. Os corpos serão liberados agora no começo da tarde.

- Obrigada, xerife. – Isadora disse e finalmente saiu da sala de interrogações.

Ela caminhou a passos lentos até a porta da frente e lá encontrou um ansioso Sam a sua espera. Ele a recebeu e a abraçou fortemente, sentindo-a se encolher em seus braços. E foi então que ela viu um grande trailer antigo com o logo "Mastroianni Circus" estacionar do outro lado da rua.

- Minha bambina! – gritou uma mulher alta, de feições tipicamente italianas.

- Marcella! – Isadora seguiu em sua direção e recebeu o abraço acalorado da amiga. – Que bom que está aqui.

- Oh, ragazza! – disse um homem aparentando mais de 50 anos. – Mas o que foi que aconteceu?

- Ah, Giuseppe! – Isadora exclamou.

E os três seguiram até onde estava Sam, na sombra de uma grande árvore. Ele percebeu que mais quatro pessoas desceram do trailer e seguiram silenciosamente até Isadora e os dois italianos, e lá deram seus pêsames à garota.

- Por que não seguimos até o bar, Isadora? – indagou Sam. – Você precisa comer alguma coisa. E lá vocês podem conversar com mais calma. – Isadora apenas agradeceu com os olhos e todos seguiram em direção ao Merlotte's.

 - Eu vou enterrá-los aqui. – disse Isadora depois de contar tudo o que tinha acontecido. – Nós éramos nossa família.

- Claro. – disse Marcella. – E nós te ajudaremos com isso.

Eyes of Eternity (True Blood - Eric Northman)Onde histórias criam vida. Descubra agora