Capítulo 03

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30 de Agosto, Bon Temps, 21:02h


 Isadora estava completamente concentrada naquele par de olhos azuis, seu coração disparado, seu cérebro trabalhando a mil por hora. Para seu alívio momentâneo aqueles não eram os olhos da sua visão, aqueles eram azuis também, mas um azul mais intenso, mais profundo, mas não menos ameaçador.

E ela sabia o motivo de sua intuição gritar a plenos pulmões que essa nova pessoa poderia ser perigosa. Mesmo nunca tendo os encontrado pessoalmente, Isadora soube que ali, diante dela, um vampiro a espreitava.

A ligação entre ela e o vampiro foi quebrada quando a platéia, depois de ouvir atentamente aos nomes chamados, aplaudia os escolhidos a terem seus futuros revelados. Peter olhou para a filha e percebeu que havia algo de diferente, mas ela logo voltou a encarnar seu personagem e começou a leitura da primeira pessoa.

Cerca de 40 minutos depois o espetáculo chegou ao fim e as pessoas voltaram para suas casas. Isadora estava nos bastidores, ajudando uma das acrobatas quando sentiu a presença de seus pais. Ela se voltou para eles e sorriu, na tentativa de desfazer a expressão preocupada que ambos estampavam em seus rostos.

- O que houve, meu amor? – perguntou Danna. – Seu pai disse que você parecia muito tensa antes da apresentação.

- Não foi nada. – ela disse sem convencê-los. – Ok. Não se preocupem, não foi outra visão.

- Então o que foi? – Peter parecia ligeiramente impaciente.

- Um vampiro veio nos prestigiar essa noite. – Isadora respondeu. – Eu estava olhando para as pessoas quando fui atraída pelo seu olhar. – ela fez uma pausa. – A princípio achei que poderia ser outra visão, mas então percebi que não eram os mesmos olhos.

- Como você soube que eram de um vampiro? – perguntou Danna.

- Não sei explicar. Apenas sei. Nossos olhares ficaram conectados por alguns instantes, até papai terminar de chamar as pessoas e então tudo voltou ao normal.

- Será que ele é perigoso? – perguntou-se Peter. – O que ele queria aqui?

- Talvez fosse só alguém querendo se divertir. – disse Danna tentando ver o lado bom da coisa.

- Talvez. – disse Isadora. – Afinal, ser vampiro não significa ser mau, não é?

Os três se olharam e leves sorrisos se abriram em seus rostos. Cada um então seguiu para um lugar, ajudando na arrumação da tenda, tentando digerir o que havia acontecido mais cedo.

Aproximadamente uma hora depois as coisas já estavam organizadas e cada um dos integrantes da trupe se preparava para dormir. Isadora já tinha se trocado e estava sentada num banquinho no lado de fora do trailer, apreciando o céu estrelado e a solitária lua minguante.

Um farfalhar de folhas na pequena mata ao redor do acampamento se fez ouvir e Isadora sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Seus pensamentos voaram e ela ficou pensando se realmente poderia ser ele, o vampiro de mais cedo, mas então um belo e dócil cão malhado surgiu de dentro da mata e foi parar ao seu lado.

- Oh, é você! – ela exclamou em alívio. – O que faz por essas bandas? – e então esticou as mãos para agradar seu conhecido peludo.

Contudo Isadora não estava realmente preparada para o que aconteceria a seguir: no momento em que ela tocou as orelhas do animal para lhe agradar e encarou seus dóceis olhos, ela teve uma visão. Isadora nunca tinha tido uma visão de um animal e demorou alguns segundos até ela perceber que aquele não era um cachorro normal.

Eyes of Eternity (True Blood - Eric Northman)Onde histórias criam vida. Descubra agora