16

5K 436 166
                                    

JENNA

Carro- 16:19- Palo Alto

Com as mãos no volante e os olhos no parabrisa, me pergunto como eu diria para Sn que não tinha algo exatamente para superar no meu ex noivado.

Eu o amei, sem dúvidas. No início era tudo ótimo, só flores. Ele era um exemplo de namorado e minha família gostava muito dele. Mas depois dele me pedir em casamento, algo que eu falei que não queria tão cedo, as coisas desandaram sem parar.

Ele começou a ficar muito em cima de mim, perguntando demais, vigiando demais, paranoico demais. E essas atitudes foram me degastando lentamente no decorrer dos dias, semanas, meses. Quando me dei conta, desejava que ele fosse embora ou que tudo acabasse, mas não tinha coragem de falar, não conseguia me despedir por ter me acostumado com aquela situação.

Quando ele me traiu, pareceu um livramento. Eu fiquei dividida sim. Magoada por ele me enganar, mas aliviada por ter vacilado por nós dois e assim me dado a chance de ir embora. Todo o sentimento de culpa por ficar com alguém que você não gosta mais. Aliviada pela a sensação de não estar magoando ele com meus sentimentos vazios.

Quando acabou, eu respirei pela a primeira vez depois de muito tempo.

Mas pra Sn, eu ainda não superei meu noivo e estou a usando como passa tempo.

Sabe quando você conversa com alguém e simplesmente sabe que aquilo não vai pra lugar nenhum? Mesmo a pessoa sendo legal e talvez tendo preferências similares, só não rola. Tanto faz ela continuar puxando assunto ou não.

Então, com alguém nada haver, que aparece aleatoriamente, rola.

Seu corpo é preenchido por uma animação exagerada, surge assuntos das paredes, você quer continuar conversando com aquela pessoa mesmo sabendo metade de uma grama dela. Do nada, você se sente confortável com um desconhecido.

Eu chamo isso de Tcham. Você sabe quando rola o Tcham, porque só acontece. Naturalmente e inesperadamente.

No meu ponto de vista, foi isso que aconteceu. Me acostumei tão rápido com nossas conversas depois das aulas que preferi prolongar. A muito tempo não me sentia assim relacionado a alguém. E apesar dela ser teoricamente minha aluna, é temporário. Não serei sua professora pelos os próximos 3 anos.

Confesso que no inicio da nossa aproximação, o que demorou um pouco, pois ela fugia de mim, eu não queria nada. E agora estou aqui, a caminho do mercado para comprar os ingredientes que falta pro jantar.

Meu telefone tocou naquele momento, surgindo o nome de Zay na tela. Eu atendi, no viva voz, e posicionei no suporte.

- Jenna, vamos pra casa da wandy, vai ter uma galera lá- Sua voz estava bem rouca, sinal que estava dormindo

Zay era minha amiga mais próxima da faculdade.

-Não vai dar, combinei de jantar com alguém hoje- Respondo, ouvindo o grande silencio do outro lado

-Pera, não me diz que voltou com aquele filha da puta machista do caralho-Não segurei a risada

-Não, é com uma aluna.

Estacionei o carro na primeira vaga que encontrei do mercado e desliguei o motor. Zay estava em silêncio, seu cérebro não funciona tão bem quando acaba de acordar.

In Class- Jenna× youOnde histórias criam vida. Descubra agora