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Universidade Stanford - 14:50

- Valeu- Falei saindo do táxi.

Ele me deixou bem perto da entrada, para eu não me molhar. Mas na verdade, a chuva não estava tão forte quanto de manhã. Era respingos de chuva fracos e gostosos de sentir na pele.

Eu estava muito apertada. Minha barriga estava cheia com o copo de 500ml de suco que minha tia fez eu tomar. Segundo um vídeo que ela viu na internet, isso ajuda na concentração.

Fui direito para o primeiro banheiro que encontrei. Entrei na cabine e me sentei no vaso. Depois de levantar a calça e abrir a porta. Ouvi barulhos de outra cabine. Olhei de relance para os sapatos da pessoa. E em outro momento, eu só ignoraria e sairia dali. Mas eu conhecia aqueles sapatos. Na verdade. Botas bonitas.

Fiquei um tempo encarando as botas, com medo de estar errada sobre quem era e no que eu poderia dizer se fosse.

Toc toc

Ouvi um último fungar e o silêncio pairou todo o banheiro.

Toc toc

- Tem gente

- Sou eu, a Sn- Falei isso como se fosse alguma coisa. Como se ela fosse abrir por saber que era eu. Mas de uma coisa eu sabia, não estava tudo bem. Sei, pois eu fico trancada no banheiro com mais frequência do que queria.

Lembro que neguei a companhia dela mais cedo, por pura ignorância da minha parte.
Se eu quisesse mudar as coisas, deveria valorizar as oportunidades que me aparece. Idai que ela chama atenção? Amigos deveriam ficar juntos. Bom, não somos amigas. E isso pode ser culpa minha.

Eu tenho tanto medo de mudanças que meu cérebro age sozinho. Tenho medo de tentar ser eu mesma com alguém, pois é assim uma amizade, não é? Você se sentir confortável para falar o que acha. Eu tenho medo, medo de ser esquisita. E ainda tem esses filmes da minha cabeça.

Mas agora não se trata de mim.

- Vai embora.- Encarei a porta e depois as botas se recolhendo

- Por favor, poderia abrir a porta ?

Talvez eu tenha sido formal demais. Que droga, por que estou aqui?

- Por que eu deveria abrir a porta pra você?

Andei de um lado para o outro, tentando achar um bom argumento e falhando miseravelmente.

- Bem, poderíamos fazer um trato. Se você abrir a porta, posso te comprar um presente. Você gosta de presentes?

Ela abre a porta lentamente. Luna estava sentada no chão, abraçando a mochila contra o corpo.

- Gosto- Diz ela finalmente

O seu delineado perfeito estava borrado. Ela tinha chorado.
Me abaixei e encostei na porta, ao lado de Luna. Eu não me acho boa com palavras, nunca tento. As vezes eu só falo o que vem na cabeça para Joy e ela abre um sorriso para mim.

Mas Luna era diferente de Joy. Eu não conhecia ela. Seus gostos ou suas manias. Não sabia quais palavras poderia machuca-la.

- Eu não sei o que dizer. Você gostou do banheiro?- Ela me olha de relance fazendo careta- Não?

- É a primeira vez que fico trancada no banheiro sem ver a hora passar. Não é agradável almoçar ao lado de uma privada.

- Deveria ter almoçodo no refeitório- Luna enche a boca de ar e solta um tenso suspiro

- Ninguém daqui gostou de mim. Nem você. Eles me olham como se eu fosse de outro planeta. No sentido ruim.

- Isso não é verdade

In Class- Jenna× youOnde histórias criam vida. Descubra agora