Capítulo 18

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Rafaelly Almeida

Quando finalmente pensei que esse dia tinha acabado, a insônia me pegou.

Já olhei para o teto por duas horas, pensei sobre John, sobre o trabalho, sobre Oliver e até sobre como seria se eu tivesse deixado ele me comer no banheiro.

Mesmo assim não dormi.

Meu celular apita na mesinha:

*Se quisermos que isso dê certo, temos que trabalhar a confiança.*

Por que ele está acordado às duas da manhã?

*Você deveria trabalhar na questão do sono.*

*Por que está acordada?*

*Pensando. E você?*

*Trabalhando. Precisa de companhia?*

*Adoraria ter alguém pra me abraçar agora, mas infelizmente você não sabe pular janelas.*

Ele não me responde, provavelmente dormiu.

Minha cabeça continua trabalhando para não me deixar dormir nem por um segundo.

Decido comer algo na cozinha. Desço as escadas com calma para não acordar ninguém.

Um chá seria ótimo, mas encontro tudo necessário para fazer um brigadeiro. Eu que não vou perder a chance.

Quando deixo o brigadeiro no freezer para esfriar uma mensagem chega:

*Não sei pular janelas, mas você pode abrir a porta para mim.*

Oi? O que ele quis dizer com isso? Ele está aqui?

Corro até a porta da frente e vejo um carro parado em frente a casa. Ele sai do carro com sua habitual elegância.

Está usando uma roupa bem diferente do terno de todos os dias. Ele está bem casual e bem gostoso.

- Pensei que fosse me deixar do lado de fora. - Diz deixando um beijinho no canto da minha boca.

Isso foi mais gostoso ainda.

- Por que está aqui há essa hora da madrugada?

- Você disse que queria alguém pra te abraçar, estou aqui pra isso.

Antes que eu perceba, um sorrisinho bobo toma conta do meu rosto. Ele veio até aqui só pra me abraçar, isso é bem fofo.

- Vai ter que me abraçar por várias horas, então se você não quiser gastar o resto da sua noite comigo, sugiro que desista.

- Eu gasto quantas noites forem necessárias para ficar com você!

- Então espero que goste de brigadeiro. - Digo pegando o doce na geladeira.

- Eu amo brigadeiro, mas nunca sei fazer.

- Como assim você sabe o que é brigadeiro? É um doce típico do Brasil, só do Brasil.

- Tem muita coisa que você não sabe sobre mim, Garota.

- Odeio quando você me chama de Garota. - Digo subindo as escadas em direção ao meu quarto.

- E eu odeio quando você me chama de Senhor.

Ele fecha a porta e deixa o quarto iluminado apenas pela luz do abajur ao lado da cama.

- Por que? De onde eu venho é questão de respeito.

- Porque parece que sou um velho de 70 anos.

- Você é um velho de 43 anos, dá no mesmo.

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