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Capítulo 18

O BOM, O MAU E O FEIO

 

Yibo

Eu mantenho meus olhos fechados quando me inclino na mão de Zhan e digo às palavras que eu estou temendo por meses.

— Eu voltei para casa depois da escola — digo. — Foi no dia anterior  ao  Dia  de  Ação  de  Graças  e  só  ficamos  na  escola  meio período, então planejei levar os meus livros para casa - ou pelo menos para o lugar que estávamos ficamos por algumas semanas naquela época - e então iria na casa de meu amigo Bobby durante a noite.

Eu odiava ficar em casa quando minha mãe recebia os  visitantes, então levei  tudo  o  que  pude.  Ela  costumava  ficar  desacordada  devido  às drogas  que  tinha  ingerido  na  noite  anterior.  Eu  esperava  que estivesse dormindo, mas naquele dia estava acordada e sentada na sala de estar, no sofá laranja e eu sabia que não devia me aproximar.

Nunca vou esquecer... Tinha um cigarro em uma mão e o rosto estava cheio  de  maquiagem  pesada,  mas  seu  batom  vermelho  estava manchado um pouco de um lado, como se já estivesse fazendo seus truques naquela tarde. E quando ela acariciou o assento ao seu lado, eu não me movi, mas então ela estreitou os olhos e eu sabia o que isso significava.

Eu tinha passado por um surto de crescimento, mas eu ainda tinha apenas treze anos, e ela ainda era mais alta alguns centímetros, tinha unhas que podiam rasgar a pele. Então me sentei naquele pequeno e sujo sofá e mantive minhas mãos no meu colo. Ela não me perguntou como foi o meu dia, o que não era nada novo, mas me deu o maior sorriso que já vi e me disse que tinha uma surpresa para  mim.

Uma  boa  surpresa?   Eu  perguntei.  Oh,  Yibo,  ela  disse, Uma  surpresa  maravilhosa. 

Esse  seu  rosto  vai  acabar  com  vários corações. E muitas carteiras.  

Minha  garganta  está  seca,  como  se  eu  ainda  estivesse respirando a fumaça de seu cigarro barato, então eu fiz uma pausa para puxar o ar e tomar um longo gole de uma das garrafas de água que Zhan  tirou  da  cesta.  Ele  ainda  está  me  observando  com  olhos cuidadosos, mas há algo forte atrás deles, alguma emoção que eu não consigo identificar, mas não tenho tempo de pensar sobre o que pode ser. Eu preciso apenas colocar tudo para fora.

— Bem, como qualquer criança, eu ouvi as palavras  surpresa maravilhosa e pensei que talvez minha sorte estivesse mudando. E
estava  mudando,  sim.  Mas   maravilhoso  na  minha  língua  não significava o mesmo no mundo da minha mãe. Ela me disse então que eu iria trilhar meu caminho através da vida e era hora de ganhar o meu sustento. Que eu poderia obter mais dinheiro em uma hora do que ela poderia em uma noite inteira. Então era hora de começar a trabalhar, e eu começaria agora. Eu lembro que me encolhi, e lembro-me desse sentimento na boca do meu estômago quando percebi o que ela  queria  dizer.  Eu  ainda  posso  sentir  o  jeito  que  suas  unhas cravaram na minha perna quando o homem que estava esperando no quarto saiu para a sala de estar. Eu levantei, mas ela me segurou, e quando eu quase me libertei, ela usou minha camisa como cinzeiro.

A  dor  dessa  queimadura  deu  ao  homem  tempo  suficiente  para  me puxar pelos meus pulsos, e então ele me puxou – e ela o deixou me levar para o quarto.

Havia apenas um colchão no chão, e ele me jogou antes de chutar a porta para fechá-la. Sua respiração cheirava a ovos podres, e ele continuou tentando me prender, mas lutei... Lutei tanto.

Eu  podia  ouvir  minha  mãe  batendo  contra  a  porta  para  que  eu calasse a boca, mas o sujeito havia trancado... Então eu fiquei preso com lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto eu tentava fugir.

"Casual Affair" O Romance (livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora