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Capítulo 22

CADELA LOUCA

 

Xiao Zhan

Enquanto o sol se aproxima do horizonte e rompe as sombras que apareceram na noite anterior, eu passo meus olhos ao longo do homem  deitado  ao  meu  lado.  Com  os  lençóis  em  sua  cintura  e  a cabeça apoiada no travesseiro macio, Yibo parece calmo e pacífico enquanto continua a dormir ao meu lado.

Muito longe de como ele chegou à minha porta na noite anterior. Seus cabelos, que cresceram de volta para os fios mais longos e familiares que eu originalmente conheci,  estavam  despenteados  onde  ele  havia  bagunçado  com  os dedos a noite toda.

Deus, ontem à noite foi difícil. Eu abri a porta da frente para Yibo esperando uma coisa, e acabei recebendo um conjunto inteiro de  outra  coisa.  No  segundo  que  o  rosto  dele  apareceu,  eu  soube.

Mesmo se eu não estivesse tão conectado com ele quanto eu estava, ver a tensão em seu rosto, os olhos inchados do choro e o conjunto rígido  de  sua  mandíbula  teriam  ligado  todos  os  sinais  de  alerta.  E
quando eu o alcancei, ele praticamente entrou em colapso em meus braços...

  — Que bom que você chegou aqui, Daydream. Estou faminto.

Por comida e... — minhas palavras morrem, e o sorriso que eu tenho no rosto desde que Yibo tinha ligado para me dizer que ele chegou em casa, escorrega do meu rosto para ser substituído por uma linha firme.

Meu rosto está tão pálido como um fantasma. 

    —  Yibo?  O  que  há  de  errado?  —  é  evidente  que  algo  está errado.  Yibo  tem  seus  braços  envolvidos  em  seu  peito,  os  olhos úmidos, e não há sacolas plásticas contendo o nosso jantar que ele me fizera pedir e que iria pegar.

  Não, ele parece uma estátua, parado na minha frente. Mudo e alheio.

Dou um passo para frente na porta, e é quando Yibo finalmente ergue  os  olhos  para  os  meus,  e  o  olhar  perdido  e  vago  dentro  deles combinava  com  o  sentimento  oco  que  agora  crescia  no  poço  do  meu estômago.

  Sem  outra  palavra,  abro  meus  braços,  e  Yibo  cai  neles, praticamente se chocando contra mim.

    —  Ei.  —  eu  sussurro,  passando  uma  palma  suavemente  em sua coluna e na parte de trás do pescoço dele, e quando ele treme, eu sei que preciso levá-lo para dentro.

— Venha comigo. — digo, e depois envolvo o braço em torno de seus ombros e o puxo para a casa.

Yibo  se  apoia  em  mim,  enquanto  me  conta  que  MeiLyn  apareceu em sua porta, querendo entrar - e também me fez ver tudo em vermelho.

A maldita mulher... Como ela poderia pensar que seria bom  abordá-lo  assim?  Encontrá-lo?  Depois  de  tudo  em  que  ela  o colocou...

Yibo se move, suas sobrancelhas franzem, como se estivesse vendo algo que ele não gosta. Eu o alcanço e, com um toque leve, aliso as  rugas  de  sua  testa.  Quando  seus  olhos  se  abrem  para  se concentrar em mim, ele dá um pequeno sorriso.

— Eu gosto de vê-lo dormindo. — digo, passando meus dedos ao longo de sua mandíbula.

Ele solta uma risada baixa. — Por quê? Porque eu babo?

— Porque você parece tão pacífico. Quase inocente. O exato oposto quando seus olhos estão abertos.

— Espertinho.

"Casual Affair" O Romance (livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora