capítulo 5

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🦋 Jennie 🦋

Levanto sentindo o cheiro do café, como todos os dias em que recordo da minha vida, com certeza vó Cerina chegou

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Levanto sentindo o cheiro do café, como todos os dias em que recordo da minha vida, com certeza vó Cerina chegou. Moro sozinha desde os meus dezoito anos, mas isso não quer dizer que deixe que acorde sem ter

meu café. Vó Cerina me criou quando meus pais morreram em um acidente de carro, quando tinha apenas dois anos, tudo aconteceu em Bogotá capital da Colômbia.

Por ser minha única parente viva ela não hesitou em me pegar e me dar todo o amor do mundo. Moramos em Cóbalos, uma comunidade de pouco mais de dois mil habitantes que foi cravada no meio da floresta amazônica colombiana, aqui minha vó é a curandeira, meio prefeita, meio xerife, a verdade é que por ser a anciã todos a respeitam e suas palavras são lei. Não que precisemos que ela use sua autoridade em algum momento, muitos dos que moram aqui são remanescentes de uma antiga tribo que
ainda se agarra nas suas raízes a todo custo. Claro que temos toda a modernidade e tecnologia que podemos, mas isso não nos enche os olhos, gostamos da simplicidade e de nos mantermos longe da agitação da capital, lugar esse que vamos apenas em situações muito extremas, já que o governo
n

os mantém com saúde básica e assistência quando assim precisamos.

Temos torres de telefonia celular, internet, sinais de rádio e tv, porém, como já dito anteriormente, nada disso nos faz desejar sair daqui.

— Bom dia, Jane. — Cumprimenta-me assim que me vê chegar, numa mistura bem antiga de espanhol com chibchas eu sempre sorrio
disso, porque acho lindo e encantador.

— Bom dia, vó. — Beijo sua cabeça. — Sua benção — digo quando segura minhas mãos e faz uma reza sussurrada que nunca consigo
compreender, pois é em uma língua muito antiga e já praticamente morta.

— Jane. — Quando ouço sua voz tensiono todo meu corpo, sei que neste momento os espíritos antigos decidiram falar, apenas abaixo meus olhos e ouço com respeito e muita atenção. — Próximo ao pôr do sol, o
alaranjado do céu irá mostrar o caminho a ser seguido, a princípio a curiosidade se fará presente, mas os espíritos dos antigos anciãos lhe trarão a certeza do presente que lhe entrega. — Suspiro com o coração batendo
forte contra o peito. — É um espírito arredio, que muito precisa de atenção, porém, não se pode baixar a guarda, seres alados como esse costumam devastar sugando a luz de tudo ao seu redor. Seu coração é forte, criança,
sua alma é guerreira e quando nasceu já estava destinada à grandeza de um sentimento que irá mudar ambas as vidas, o espírito está inquieto, atormentado e ansiando por sangue. Cuidado, o amor muitas vezes trás sofrimento, não é o sentimento certo para algo tão grandioso, mas é por não
saber reagir que ele fere, por não saber como fazer que ele machuca, é como uma criança que por não saber que a brasa queima a toca, precisa de muito ensinamento e paciência, tenha calma e cautela, não virá para te
destruir, apenas precisa ser guiado para renascer. Como o azul do céu essa cor lhe será prova de quem se trata no momento em que o enxergar, cuide primeiro do seu corpo e deixe que os antigos espíritos lhe ajudem com o resto. — Meu coração parece que vai parar a qualquer momento, é forte e poderoso o sentimento que me toma agora, choro, não por medo, mas por saber que a profecia irá se cumprir em mim e através de mim. — Vamos, Jane, temos muito o que fazer.

Taennie - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora