Capítulo 7

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- Olha só para você... Daqui há pouco está com a boca cheia de dentes.-

Luca sorriu. Como sempre, todas as vezes que Rafaella falava com ele usando a voz melodiosa, o menino sorria.

Naquele momento, como em vários outros, Rafaella se assustava com a intensidade da cor dos olhos do pequeno. Eram verdes, meio cinzas. Não iguais aos da mãe, castanho com gotas douradas. Ela então se ajoelhou ao lado da cadeirinha, era dia de fisioterapia. José Loreto havia dado uma lição de casa. Ajudar Luca com a coordenação motora. Pelo menos tirar e colocar a chupeta.

O interfone tocando assustou ambos. Ela se levantou e foi atender. Os olhos estavam colados no pequeno.

- Sim?

- A senhora Bicalho tem visita. O senhor Laércio está pedindo permissão para entrar.

- Só um momento.

Gizelly havia pedido para Rafaella chama-lo. Colocou Luca no carrinho e foi.

A sala de exercícios ficava bem ao lado da piscina. A porta de vidro deu a babá uma visão da patroa totalmente suada, levantando peso.

Ela abriu a porta, deixou Luca ali e limpou a garganta. Logo viu os fones no ouvido dela. Ansiosa, ela se aproximou, tocou no ombro de Gizelly, que por um reflexo rápido, a pegou pelo pulso. As veias no pescoço saltadas, lembraram à Rafaella, a cena dela na cama.

Gizelly, respirando pesado, a olhou com o maxilar travado. Somente os olhos se moviam, indo da boca dela, de volta aos olhos.

- Laércio... Está na portaria.-

Demorou um pouco até Gizelly solta-la. O brilho estranho nos olhos dela também havia sumido. Agora ela olhava para o filho.

- Peça para ele entrar.-

- Sim senhora. Com licença.-

Rafaella soltou o ar aos poucos quando virou as costas.

- Rafaella?-

- Sim.-

- Não tire os olhos do Luca. Leve-o para o quarto, não confio nele. Ainda.-

....

Laércio observava um retrato quando Gizelly entrou em sua sala privada. Fechou a porta e sentou-se em sua cadeira. Logo em seguida apontou para a cadeira a frente.

Ela observou o homem rude caminhar e se sentar relaxado do outro lado da mesa. Laércio era um ex-policial na meia idade. Era alto e forte, apesar da idade. Os olhos dele eram o que preocupava a advogada. Laércio tinha olhos de rapina, traiçoeiros.

- Disse que tinha notícias.-

- Sim... Bom, as informações que tive foram as mesmas que a polícia tem. Sua versão da história, a placa do carro, e as imagens da câmera.-

- E...?-

- Já trabalhou comigo, sabe que eu sempre uso as primeiras provas como base para ir mais afundo... O carro, como você já sabe, foi encontrado na beira da estrada, produto de roubo.-

- Porra!- Ela socou a mesa. - Acho que está dando voltas em torno do rolo.-

- Acho que não, chefe...- Laércio sorriu. - O cara que
encomendou o roubo, deu um nome falso. Fernando. Mas os caras que fizeram o corre, disseram que ele era gente fina, cheio da grana. Jovem... Disse que ele pagou em dinheiro vivo.- Gizelly suspirou pesado. Com a profissão que exercia tinha seus inimigos, e poderia ser qualquer um. - Aqui está o celular dela.- O homem voltou a dizer, tirando um aparelho do bolso. - Consegui pegar com um amigo meu. Pedi quebra de sigilo, e adivinha? Ivy esteve por aqui antes do crime. Provavelmente do lado de fora, esperando você aparecer.-

Uma babá para Luca. (GIRAFA)Onde histórias criam vida. Descubra agora