Capítulo 28

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Gizelly parou o carro na entrada da garagem, pegou o notebook e os celulares. Antes de descer, deu uma olhada para dentro. Nenhuma das janelas estavam abertas, e todas as luzes apagadas. Já eram mais de meia noite. Ainda bem! Ela não teria de encarar a traidora. Só não bebeu até cair, porque Carla proibiu.

Ao entrar em casa viu Valentina se arrastando pela escada, cansada ao limite.

- Também chegou tarde?- Ela perguntou, fechando a porta.

- Essa semana tenho alguns procedimentos. Fiquei bastante tempo entre São Paulo e o Rio. Meus pacientes estavam aguardando.-

A advogada sabia que a culpa desse acúmulo era dela. Retirou o blazer e o ajeitou em seu antebraço. Mesmo cansada, sabia que não conseguiria dormir com Rafaella embaixo do mesmo teto.

Ela então subiu e tomou um banho demorado. Aquela hora da noite não comeria mais nada, somente um copo de água lhe cairia bem. Procurou por um short e o vestiu, junto de um blusão. Logo desceu outra vez para a cozinha, fazendo o mínimo de barulho que conseguiu. E quando entrou, deu de cara com Luiza.

- Boa noite!-

- Boa noite, Gi!-

Gizelly encheu um copo com água, e enquanto focava o olhar no copo, tomou coragem para iniciar uma conversa.

- Rafaella esteve no escritório.-

- Eu sei. Ela me ligou sem entender o porquê de você ter deixado ela para trás. Eu mesma fui até ela em São Paulo, e a trouxe pra cá. Aí tive a ideia de manda-la até o escritório, para lhe fazer uma surpresa.-

- É.... Bota surpresa nisso.-

- Pedi à ela que ficasse aqui, mas você sabe... A Rafa não gosta de atrapalhar, e achou melhor ficar em um hotel.- Gizelly nada disse. Apenas bebeu a água, engolindo com dificuldades. Pelo tom de voz da cunhada, sabia que ela queria dizer mais coisas. - Uma pena o que aconteceu com ela em São Paulo. Ela me disse que foi com o ex-marido no cemitério onde a menina está. Refizeram tudo como no dia em que a bebê foi enterrada. Depois disso se acertaram.- Gizelly encarou a cunhada. O coração acelerou miseravelmente. - Antônio aceitou dar o divórcio à ela de forma amigável.-

- Eu não sabia.- Ela desviou o olhar para um canto qualquer, com a mente longe. Se o arquiteto tivesse mesmo proposto acabar com o casamento, ela certamente receberia um e-mail. Já que estava representando Rafaella.

- A Rafa ficou do seu lado quando todos duvidaram. Aguentou a bronca e quase morreu para salvar o seu filho.- Luiza voltou a dizer, tirando-a dos devaneios. Ela tinha um olhar cortante. - Ninguém perguntou como ela estava em relação a filha, e você queira ou não, Antônio fez parte da vida dela. É o pai da menina.-

Gizelly pousou o copo na pia e sem responder, deixou a cunhada na cozinha. Não tivera nem coragem de ir até o quarto do filho. A grande verdade é que estava se sentindo mal pelo que fez. Rafaella havia saído do escritório decepcionada, e Carla brava, por ter sido usada.

Ela se sentou na cama e pegou o celular. Procurou pelas fotos daquele dia. Rafaella não olhava para Antônio como olhava para ela. Os olhos verdes estavam vermelhos por ter chorado, e o sorriso era triste. Antônio também tinha um olhar triste.

- Mas que porra!- Ela jogou o celular de lado. - Maldito ciúmes.-

Naquela noite ela mal dormiu. Despertava assustada, olhava no celular e voltava a fechar os olhos. Até que, vencida pela insônia, se levantou. Buscou pelo contato de Rafaella e deixou chamar.

Caiu na caixa postal.

Gizelly então resolveu enviar várias mensagens, já que ela muito provavelmente, desligou o aparelho.

Uma babá para Luca. (GIRAFA)Onde histórias criam vida. Descubra agora