Valentina digitava no notebook. O pescoço doía pelo tanto de tempo que estava ali. Olhou em seu relógio de pulso, constatando que já era quase sete horas da noite e logo voltou ao trabalho. Não podia reclamar do cansaço, pois Rafaella passara horas sentada naquela cadeira, olhando para a mulher pálida e desacordada. Ela viu de canto de olhos, quando a mão de Gizelly se levantou e voltou a pousar na cama. Desesperada, ela fechou o notebook e o deixou em cima da mesa. Se levantou e analisou o monitor.
Gizelly abriu os olhos vagarosamente, primeiro focou no teto e tentou abrir a boca. Essa que estava muito ressecada e doía um bocado. O abdômen também doía. Ela então arrastou a mão até o ferimento, sentindo as camadas de curativos ali, e saindo dela, um cano.
- Você passou por uma cirurgia delicada.- Valentina se aproximou da irmã e pousou a mão no ferro da cama. - Você perdeu uma parte do baço, e teve um pequeno ferimento no intestino. Isso aí é uma sonda, e logo abaixo tem uma bolsa. Você não ia querer ver o tanto de fezes aí.-
Gizelly franziu o nariz, não olharia nunca para uma bolsa daquela.
- Quanto tempo eu...-
- Um ano.- Ela lhe respondeu. E notando o olhar de
incredulidade da irmã, continuou: - Rafaella veio aqui com o namorado.-- Porra!- Gizelly fechou as mãos em punho. A voz saía um pouco fraca. Logo fixou os olhos na irmã e a viu brotar um sorriso, que virou uma risada.
- Quatro dias.- A neurologista contou a verdade, e logo ficou séria outra vez. - Assim que acabou o procedimento e você passou as primeiras vinte quatro horas, minha equipe te trouxe para o Rio. Está em casa, cara.-
- E a Rafaella?-
- Ela passa a noite aqui com você, e eu ou Luiza os dias. Aliás, falta pouco pra ela chegar aqui.-
Gizelly se lembrava de tudo, até mesmo da visão que tivera com o pai. Porém não contou, pois Valentina também passou por um momento entre a vida e a morte e relatou ter visto a mãe. Se Fernando quisesse ter visto a filha, teria ido até ela também.
- Achei que fosse morrer.-
- Eu também. Esperei aquela maldita cirurgia acabar, temendo que você nos deixasse. Os médicos foram precisos, ágeis... Cara, você aguentou firme até o fim. Sua cirurgia foi um sucesso.-
A advogada respirou aliviada. Pelo menos estava ali e poderia voltar para a família.
- Rafaella veio comigo?-
- Acompanhou tudo de perto. A hora que te levaram para o centro cirúrgico, ela ajoelhou no chão do hospital e passou horas assim. Nunca vi uma pessoa tão abalada, ser tão forte. Até mesmo a Lu se surpreendeu com a quantidade de sangue nela.-
- Ela não pode passar por isso, está grávida.- Gizelly virou o rosto para o outro lado.
- Estão bem, Gi. Eu mesma monitorei de perto. As dores dela foram brandas, o DIU nem se moveu. Está tudo bem!- Gizelly não perguntou por Talles, não queria saber dele, ainda mais depois de saber a verdade por trás de toda a loucura. - Você perdeu muito sangue. Precisou de algumas bolsas, e ainda não sabemos se vai precisar de mais algumas. O seu médico passará amanhã pela manhã. Eu venho com ele.-
Gizelly se sentia envergonhada, nunca foi tão exposta assim. Sempre se precaveu, e naquele dia encerrou o contrato com a empresa de segurança, achando que em movimento ninguém a faria mal. Valentina reuniu as coisas, se despediu da irmã e saiu do quarto sem contar que na verdade, Rafaella havia sentido dores sim. Houve uma pequena dilatação e ela começou o tratamento de cerclagem imediatamente, na esperança de segurar os bebês até estarem fora de perigo.
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Uma babá para Luca. (GIRAFA)
FanfictionDepois de uma decepção amorosa, Gizelly decide viver intensamente. Porém no meio do caminho, ela conhece uma acompanhante de luxo que tomada pelo desejo de ficar com ela, acaba por armar um plano estranho.O golpe da barriga, que deu errado. Sete mes...