Capítulo 27

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Uma hora e meia depois, Rafaella viu Luiza passar pela porta. Era seguida por três seguranças e Gabriel emburrado, segurando em sua mão.

Enquanto ela vinha balançando os cabelos, com um vestido florido transpassado que dançava com o vento, Rafaella constatou que Valentina era uma mulher sortuda. Luiza era linda e tomava a atenção de quase todos os homens que andavam por ali.

- Bom dia!- A carioca se aproximou sorrindo largo. - Como estão meus sobrinhos?-

- Ah... Acho que estão bem.-

- Vamos indo? Pode me contar porque Gizelly está agindo como uma maldita adolescente no caminho.-

Rafaella se levantou e um dos seguranças veio até ela. Pegou a mala, a bolsa de suas mãos e as seguiu.

O avião particular era um espetáculo à parte, com as iniciais da família Bicalho de Albuquerque pintadas em dourado. Rafaella se acomodou no banco, e nervosa, passou o cinto. Luiza também se acomodou, e depois de ajeitar o filho, a encarou.

- Pode começar...-

- Eu não sei, Lu. Estávamos bem, achei até que tinha subido mais um patamar na nossa relação. E aí ela muda.-

- Ela não quis dizer a Tina o que houve. Falou tanto palavrão que o Gabriel parece um dicionário do mal ambulante. Nem a Ana conseguiu melhorar aquele humor negro... Sei que tem alguém de olho em você, à mando dela. E isso é tudo!-

- Gizelly dormiu na minha casa, e no dia seguinte eu decidi que para dar uma chance a nossa história, eu tinha que encerrar outra. Então mandei uma mensagem ao meu ex-marido e pedi que me encontrasse no cemitério. Pedi à ele que fizesse tudo como quando a Maria Antonella foi deixada ali.-

- Sinto muito, Rafa.- Luiza esticou a mão e pegou a dela por cima da pequena mesa.

- Tá tudo bem... Depois disso conversamos e Antônio resolveu aceitar o divórcio. Aconteceu de forma leve, e no fundo eu não tenho o rancor que acharia ter. Ele merece viver uma vida, e eu também.-

- Talvez seja isso. Ela deixou alguém te vigiando e a pessoa contou sobre o seu encontro.- Rafaella respirou profundamente e olhou pela janela. O céu estava totalmente iluminado. Luiza voltou a dizer: - Isso explica porque ela tem estado tão carrancuda.-

Rafaella a encarou de volta.

- Eu só vou saber quando confronta-la.-

- Como está se sentindo com a gravidez?-

- Ainda não sei. É muito estranho ter todas aqueles sintomas de novo, sentir meu corpo mudar para se adaptar.... Às vezes nem quero pensar nisso.-

- Vai melhorar com os dias. Você passou pelo pior trauma na vida de uma mãe. Deixe acontecer.- Luiza sorriu. - Sua atitude no hospital com a mãezinha foi um sucesso.-

- Eu só fiz o que queria que tivessem feito por mim.-

- No Rio já está acontecendo. Algumas mães ganham a foto com os bebês, e a Valentina chama de "A foto da despedida". Um lindo e triste nome, mas que tem sido um conforto enorme para as famílias.-

- Podem implantar, por exemplo, os polvos para os
prematuros. Lacinhos, ou sessão de fotos temáticas. Tinha vontade de fazer isso, mas nunca tive coragem de levar adiante.-

- Então vamos fazer acontecer!-

Luiza estava cada vez mais empolgada. Tanto que engatou um assunto sobre projetos futuros com Rafaella e não parou nem quando o avião aterrissou. Já Rafaella, nem se lembrou do medo que tinha de aviões. Ouviu com fascínio os planos de Luiza.

Uma babá para Luca. (GIRAFA)Onde histórias criam vida. Descubra agora