Rafaella bateu na porta do quarto, a madrasta levantou a cabeça, parecia cansada.
- Ele está dormindo agora.- Mirian se aproximou, falando baixo. - O médico disse que foi um susto.-
- Como isso aconteceu?-
- Ele estava bem. Falávamos de algumas coisas casuais até que ele colocou a mão no peito e caiu. Fiquei com medo de vê-lo morrer... Tentei ligar para a sua irmã, depois pensei em você.-
- E por que não me ligou diretamente?-
- Seu pai pediu que eu ligasse para Gizelly. Ela saberia te acalmar.-
Rafaella abriu os braços e envolveu a madrasta. Precisava confessar que Mirian vinha sendo uma esposa e tanto para Sebastião. Aceitava o fato dele ainda amar Genilda e em troca, lhe dava todo o carinho e atenção.
Ela se afastou delicadamente da madrasta e se aproximou da cama. No momento que viu o pai, sentiu uma vertigem e precisou segurar as grades.
- Está bem?- Ela ouviu Mirian perguntar preocupada.
- Eu não dormi bem, Gizelly está com o Luca na pediatria.-
Sebastião abriu os olhos lentamente, encarou a filha e depois a esposa. Parecia muito mais abatido.
- Bom dia, doutor Fernandes!- Rafaella sorriu.
- Miran te contou?-
- Não briga com ela pai, eu teria ficado muito chateada se alguma coisa mais séria estivesse acontecido com o senhor. Ela não poderia me esconder nada.-
O médico virou o rosto e ficou um tempo olhando a janela. Os olhos vagavam por um tempo distante.
- Sonhei com o seu irmão.- Ele engoliu com dificuldade.
- Aquele sonho horrível de quando ele foi tirado de mim. Dessa vez não houve atropelamento. Acordei no exato momento que ele atravessava a rua.-Rafaella pegou a mão do pai e fez carinho, era um trauma que eles compartilhavam. Sonhar com o dia que deixaram um pedaço seu morrer.
Eles escutaram uma batida curta na porta, e ao se virar, viram Antônio parado, um tanto sem graça.
- Com licença!- Ele manteve os olhos no ex-sogro.
- O que faz aqui?-
- O pessoal do hospital ligou lá em casa. Seu nome ainda está vinculado ao meu, Rafa.-
- Vou deixá-los conversando. Com licença, pai.-
Ela passou pelo ex marido de cabeça baixa, daria tempo dele conversar e partir. Então rumou até a cafeteria. Gizelly não mandara mensagem ainda, informando o término da consulta. Ela aproveitou para tomar um café e comer alguma coisa, já que a vertigem ia e voltava.
Enquanto comia, Rafaella notou uma movimentação diferente. Um rapaz jovem conversava exasperado com uma mulher mais velha.
- Ela não quer deixar os médicos levar a Isis. Eu tentei de tudo.-
- Vai ser difícil para a Maia aceitar, Alexandre. Ninguém pede para parir um filho morto.-
Rafaella tentou tomar o café e esquecer aquela conversa, mas a cada nova palavra de Marcelo, ela se via mais envolvida. Por fim, se levantou e aproximou-se deles.
- Bom dia! Não pude deixar de ouvir a conversa de vocês. Passei por isso há algum tempo atrás, se quiser posso falar com ela.-
- Pode ir, mas já te adianto que minha filha está transtornada, agarrada a menina morta e não deixa ninguém encostar.-
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Uma babá para Luca. (GIRAFA)
FanficDepois de uma decepção amorosa, Gizelly decide viver intensamente. Porém no meio do caminho, ela conhece uma acompanhante de luxo que tomada pelo desejo de ficar com ela, acaba por armar um plano estranho.O golpe da barriga, que deu errado. Sete mes...