Capítulo 17

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Rafaella bateu na porta do quarto, a madrasta levantou a cabeça, parecia cansada.

- Ele está dormindo agora.- Mirian se aproximou, falando baixo. - O médico disse que foi um susto.-

- Como isso aconteceu?-

- Ele estava bem. Falávamos de algumas coisas casuais até que ele colocou a mão no peito e caiu. Fiquei com medo de vê-lo morrer... Tentei ligar para a sua irmã, depois pensei em você.-

- E por que não me ligou diretamente?-

- Seu pai pediu que eu ligasse para Gizelly. Ela saberia te acalmar.-

Rafaella abriu os braços e envolveu a madrasta. Precisava confessar que Mirian vinha sendo uma esposa e tanto para Sebastião. Aceitava o fato dele ainda amar Genilda e em troca, lhe dava todo o carinho e atenção.

Ela se afastou delicadamente da madrasta e se aproximou da cama. No momento que viu o pai, sentiu uma vertigem e precisou segurar as grades.

- Está bem?- Ela ouviu Mirian perguntar preocupada.

- Eu não dormi bem, Gizelly está com o Luca na pediatria.-

Sebastião abriu os olhos lentamente, encarou a filha e depois a esposa. Parecia muito mais abatido.

- Bom dia, doutor Fernandes!- Rafaella sorriu.

- Miran te contou?-

- Não briga com ela pai, eu teria ficado muito chateada se alguma coisa mais séria estivesse acontecido com o senhor. Ela não poderia me esconder nada.-

O médico virou o rosto e ficou um tempo olhando a janela. Os olhos vagavam por um tempo distante.

- Sonhei com o seu irmão.- Ele engoliu com dificuldade.
- Aquele sonho horrível de quando ele foi tirado de mim. Dessa vez não houve atropelamento. Acordei no exato momento que ele atravessava a rua.-

Rafaella pegou a mão do pai e fez carinho, era um trauma que eles compartilhavam. Sonhar com o dia que deixaram um pedaço seu morrer.

Eles escutaram uma batida curta na porta, e ao se virar, viram Antônio parado, um tanto sem graça.

- Com licença!- Ele manteve os olhos no ex-sogro.

- O que faz aqui?-

- O pessoal do hospital ligou lá em casa. Seu nome ainda está vinculado ao meu, Rafa.-

- Vou deixá-los conversando. Com licença, pai.-

Ela passou pelo ex marido de cabeça baixa, daria tempo dele conversar e partir. Então rumou até a cafeteria. Gizelly não mandara mensagem ainda, informando o término da consulta. Ela aproveitou para tomar um café e comer alguma coisa, já que a vertigem ia e voltava.

Enquanto comia, Rafaella notou uma movimentação diferente. Um rapaz jovem conversava exasperado com uma mulher mais velha.

- Ela não quer deixar os médicos levar a Isis. Eu tentei de tudo.-

- Vai ser difícil para a Maia aceitar, Alexandre. Ninguém pede para parir um filho morto.-

Rafaella tentou tomar o café e esquecer aquela conversa, mas a cada nova palavra de Marcelo, ela se via mais envolvida. Por fim, se levantou e aproximou-se deles.

- Bom dia! Não pude deixar de ouvir a conversa de vocês. Passei por isso há algum tempo atrás, se quiser posso falar com ela.-

- Pode ir, mas já te adianto que minha filha está transtornada, agarrada a menina morta e não deixa ninguém encostar.-

Uma babá para Luca. (GIRAFA)Onde histórias criam vida. Descubra agora