Capítulo 17 - O gigante inimigo

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Aquela batalha deixou todos entusiasmados, desde os mais fortes, aos mais fracos. Bereth demonstrou um poder imenso, mesmo saindo derrotada. Alice e Norami olham para os elfos do oceano, ainda abraçados, deitados na areia. Era uma cena linda, emocionante, os quatro viram as palavras de Bereth em sua mente, sua paixão por Érinn, que usou o poder sem querer naquele momento. De certa forma, os dois ganharam, não a luta, mas algo muito mais valioso que as Oito Vitórias. Estavam conectados eternamente a partir desse momento, uma aliança tão forte que apenas seres sensitivos como os elfos podiam ter, algo muito além da compreensão de qualquer ser vivo comum. Qualquer ser vivo comum, e Alice Ven não era um ser vivo comum, ela sentia a conexão de alma que Érinn e Bereth tiveram naquele momento, era como se os dois tivessem se respondido, se tornado um. Era como uma calmaria, um prazer imenso, uma satisfação e aconchego, o que a fez lembrar de quando estava dormindo ao lado de Lemur, passando a mão em seus cabelos, o abraçando e o beijando. "Tudo sempre acaba nele", ela pensa, prestando atenção nos seus sentimentos, e na saudade que sentia de seu amor. 

Alice e Norami se afastam para perto de Ai e Chun, Érinn e Bereth lentamente se levantam, ainda grudados. Netzach não ousou interromper, sentia que aquele momento era importante para os dois seres, e teria cedido tempo o suficiente para que os elfos do oceano se posicionassem perto de seus amigos, e de Magnólia, ainda desacordada. Graciliano olhava aquela cena com nojo, nao sabia, não entendia o que era amor, não sabia experimentar aquele momento e aquele sentimento. Olhava para sua esposa, ainda jogada no chão, desacordada, apenas esperando que ela se levantasse logo para ele não perder novamente. 

Mas, esse sentimento egoísta o fez congelar, quando Netzach anunciou os próximos lutadores:

-Ai contra Magnólia. Agora. - Suas palavras foram secas, todo som que aquela criatura enorme e magnifica emitia se assemelhava a rugidos. 

Ao ouvir esses nomes, Alice, Norami, Ai, Chun, Érinn, Bereth e Graciliano ficaram em choque. Todos se afastaram e olharam para Ai, que mirava o chão com um olhar de preocupada, e Magnólia, deitada na areia, com as mãos sob o peito. Graciliano fez um gesto, como se tivesse chutando o ar e socando o vento. Estava nervoso, não com Netzach, não com Ai, mas com Magnólia, que não levantava. A mulher asiática (assim Netzach se referia a sua raça) estava perplexa, parecia tentar arranjar palavras, e Alice percebeu isso. Alguns outros lutadores, principalmente o gigante Sledsar, ficaram alvoroçados, era uma luta fácil para Ai, apenas deveria matar Magnólia. Mas, a mulher não estava preparada para matar alguém a sangue frio, e o mesmo frio tomou seu coração, uma tremedeira tomou sua mão. Acompanhou Magnólia desde que ela e Chun foram capturadas pelos bokolos, até sua trajetória com o povo yanomami, até esse momento, e não deveria mata-la. Foi nesse momento, que ela resolveu tentar barganhar com Netzach:

-Senhor, Magnólia não tem condições de lutar. - Ai disse. Foi a primeira vez que eles ouviram tantas palavra vindo a mulher, não estavam acostumados com uma voz tão direta e determinada, ao mesmo tempo que era algo meigo. 

-Será uma luta fácil para você então. - Respondeu Netzach, olhando com a cabeça em pé. Sua juba de leão balançava as vezes com o vento, e Ai observava aquilo tentando formular outra frase. 

-Mas ela já esta em condições que não pode lutar... - Netzach interrompe Ai. 

-A condição para a vitória não é o seu oponente ficar inconsciente. Ou você o mata, ou ele se rende. - Responde de forma mais direta e objetiva. 

Ai olha de novo para Magnólia, com a boca entreaberta. Estava assustada de que realmente iria fazer isso. Buscava a determinação, mas, toda vez que olhava o rosto daquela conhecida, seu olhar se desviava para Chun, para Alice, para Bereth. Pensava em todos que tentaram ajudar aquela mulher até agora. 

Crônicas dos Mundos (Livro 2) - Domínios do LeãoOnde histórias criam vida. Descubra agora