Capítulo 35

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Matteo

Eu não sabia que horas eram. Tudo estava escuro, completamente a prova de som e sem qualquer janela para eu saber se era dia ou noite.

Meu corpo todo dolorido era a amostra perfeita que meu irmão era um homem forte e que aprendeu muito bem o serviço, se bem que eu estar inteiro era um diferencial. Não acreditava que tinha qualquer osso quebrado, afinal, ele como exímio lutador de arte marcial, sabe os pontos que causam dor sem me quebrar, e ele não me quebrou.

E cá estou eu deitado em uma cama de alvenaria, sem colchão, sem qualquer conforto.

Preciso de água além de um banheiro. Consciente que naquele mísero quarto há um vaso, tateio a parede até chegar nele, faço minhas necessidade, e depois de dar descarga, arranco a manga da minha camisa e a molho dentro da caixa de descarga, sorvendo a água que encharca o pano.

Tudo dói.

Volto para a cama e me deito pensando, lembrando de tudo, juntando as peças.

Uma podridão sem tamanho.

A porta abre e a luz acende tão forte que cega qualquer um que estivesse de tocaia.

― Doutor Matteo, bom dia. ― Um soldado e não meu irmão. ― O Don quer falar com o senhor ― e ele me trata com respeito o que chama a minha atenção.

Assinto e o acompanho estranhando o fato de ser levado ao meu quarto para que eu possa tomar banho e trocar de roupa como se aquilo fosse natural. 

Não era! Nunca havia esse tipo de benevolência para os traidores.

Tiro a roupa e antes de entrar no chuveiro, observo meu corpo cheio de hematomas, um olho roxo, boca inchada, queixo dolorido e levemente arroxeado. Muito bom comparado com o que Lucca é capaz de fazer com alguém. Eu estava excelente.

Meu irmão me poupou, só socou minha têmpora para que eu apagasse rápido.

― Irmão ― Lucca aparece na porta depois de bater o que me causou estranheza. Ele nunca faz isso quando sabe que estou sozinho, e com Graziela ele nunca vinha. ― Posso entrar?

Eu poderia odiá-lo, mas não. Ele seguia ordens, só não sei se aquele tipo de ordem eu seguiria. Eu começava a achar que estava me tornando mesmo um rebelde das causas.

― Por favor ― tampouco mostrei contentamento ao vê-lo.

― Como você está? ― Como acha que eu estou?

― Como quem acabou de levar uma surra ― digo num leve tom de ironia e ele sorri de lado.


― Perdoe-me, Matteo.

Como eu já disse, eu não tinha motivos para culpá-lo.

― Você sabe que sempre fomos o maior exemplo para o grupo, inclusive quando precisávamos ser disciplinados ― tenta se justificar como se eu não soubesse.

― Eu sei, meu irmão ― ele se senta no sofá enquanto eu me aproximo da mesa servida com um riquíssimo café da manhã ― E como estão as coisas? ― pergunto.

― Uma loucura! ― Ele passa a mão no cabelo. ― Há uma investigação a nível nacional para confirmar a existência de políticos atrelados de alguma forma a nós assim como juízes federais, empresários e todo tipo de gente influente em nosso país e até fora dele.

Penso em perguntar sobre Rebeca, contudo me calo. Melhor não perguntar agora.

― E o Casamonica? ― vamos por um campo que ele se sinta bem em falar.

Completamente, Seu (Livro 2 - Traídos)Onde histórias criam vida. Descubra agora