Capítulo 37

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Matteo

Eu ainda estava pensando sobre tudo quando a minha mãe mandou me chamar para seu quarto. Usando um vestido sóbrio, ela me questionou sobre o que eu achava, o que eu queria, ouvindo-me não só sobre meus planos, mas meus desejos, anseios e sonhos.

— Por que isso agora? — questiono-a sem entender quando tivemos uma conversa assim antes.

Aquilo nunca fora interessante. As coisas da máfia sempre tiveram em primeiro lugar, muito acima dos nossos objetivos e desejos pessoais.

— Quem sabe seja minha necessidade de ser uma mãe de verdade ― e sua resposta foi ainda mais inusitada.

— A senhora sempre foi uma boa mãe — ela sempre foi meu maior exemplo de mulher.

— Não! Eu fui um exemplo de carrasca, posso até dizer que fui exemplo de mulher de fibra, forte, dedicada, mas nunca de amiga — rebate. — Acho que a única coisa que eu acertei foi pôr em vocês a necessidade de serem unidos. Então imagina quando eu fico sabendo que seu irmão te machucou, e notar que ele não tem sequer um hematoma por menor que seja, me tirou do sério.

— Ele me poupou — digo ― Podia ter sido bem pior.

— Nem por isso ele desobedeceu a ordem de seu pai.

— Fomos ensinados para isso.

— Concordo, mas não dá forma como foi feito. Seu pai e seu tio jogaram sujo, traindo as próprias regras, tentando passar por cima de tudo e todos, e seu irmão, cegamente fiel, traiu o próprio grupo e o irmão somente para respeitar as ordens do pai...

— Do Don, mãe ― lembro-a da posição que ele tinha.

— Não importa!

Não entrarei nesse questionamento. Ela já colocou aquilo na cabeça e já era.

— E Rebeca? — Ela respira fundo diante da minha indagação. — O que pretende fazer com ela?

Minha mãe começa a se maquiar antes de responder.

— Ela mexeu em um ninho de vespas ― por fim diz.

— Não sei nesse momento quem mexeu com quem ― essa era a verdade.

Mamãe me encara ciente que eu tinha uma certa razão.

— Gostaria de eliminá-la face da terra da pior forma possível, mas ela é a mãe do meu neto por escolha sua antes mesmo de você casar com quem não queria, e eu não tinha o direito de impedir, impondo sobre você uma obrigação que não era sua. ― Ela me olha nos olhos ― E pelo jeito você ainda a quer.

Ah, sim, como eu a quero. Vê-la viva foi um alento para minha alma.

— Sim, mãe. Eles são tudo que me importa nesse momento ― sou honesto.

Ela demonstra não gostar da minha resposta.

— Então, que ela trate bem meu neto. ― Aquilo não foi um pedido, foi uma ordem. ― Sabe que seu irmão a encontrará mais cedo ou mais tarde, então, se ela fizer algo que machuque Filipo, juro que não sobrará nada dela.

Então ela terá uma vida longa se depender de nós.

— O que acontecerá agora, mamãe? O que pretende fazer?

E por mais que eu não concordasse e até fosse contra, eu percebi que a decisão já havia sido tomada. Agora era só confiar que tudo daria certo e ser bem cuidadoso nos passos. E eu fui incumbido de pôr em prática.

***

Meu irmão ficou recebendo a todos que chegavam e como mandado, não poderia comentar absolutamente nada. Nossos convidados iam chegando, se esquivando de alguns jornalistas que se encontravam no portão da nossa casa esperando pegar algum flagrante, escondendo-se em seus carros com vidros escuros, acompanhados de seus advogados com honorários altíssimos, buscando sair ileso da loucura que tudo estava.

Completamente, Seu (Livro 2 - Traídos)Onde histórias criam vida. Descubra agora