Rebeca
Eu fui acomodada em um quarto. Não em um de hóspede com uma vista linda para o jardim, mas não posso negar que o aposento em que eu fui colocada é muito melhor que qualquer um que já estive.
Além de uma cama superconfortável, ainda possui um sistema de refrigeração para os dias quentes e aquecedor para os dias frios. A decoração até que é simples, entretanto é de muito bom gosto. Interessante é que é o único quarto isolado de todos os outros. Ele fica em um corredor que poucas pessoas têm acesso já que está na mesma ala que uma biblioteca e uma sala de TV pouco usada já que todos os quartos possuem um aparelho.
Eu tinha uma televisão com acesso a vários canais e uma variedade de filmes que há muito eu desejava assistir e não podia.
Um médico me examinou e precisei passar uma semana em completo repouso, totalmente medicada e com as pernas para cima. Por muito pouco eu não o perdi.
Meu filho já é um guerreiro dentro do meu ventre.
Pude contemplar a imagem dele naquela tela pequena do aparelho de ultrassom. Empregados vinham me atender como se eu fosse uma visita, inclusive Don Carlo Sorrentine que ao menos duas vezes por semana aparecia, e cada vez que ele entrava em meu quarto, meu corpo o repelia.
Eu tinha nojo dele, e ao mesmo tempo gostava de onde estava. Era estranho não posso negar. Me sentia como um animal confinado, sendo alimentado para o abate o que era uma verdade. Só que não sentia o medo – medo de ser encontrada, medo de ser assassinada, estuprada, morta, machucada. Ou eu estava louca fingindo viver algo que eu não vivia, ou inconscientemente eu pouco estava me lixando.
Não! Eu estava acumulando forças para buscar uma saída. Tanto que eu seguia à risca o que o médico tinha me recomendado – repouso, alimentação saudável e nada de estresse.
Nem sexo...
Somente hoje, depois de um mês, recebi alta para tudo, inclusive fazer exercícios leves. Por conta da proposta e da minha condição, achamos por bem não sair das dependências da mansão.
Eu não deveria aparecer para ninguém fora dos muros.
― A senhora mandou me chamar?
Hoje eu sou mais uma empregada da casa. Uma empregada especial, não posso nega, já que tenho regalias nenhuma outra tem.
Dona Caterina é uma jovem senhora linda, conservada. Seus cabelos são claros com mechas douradas, seus olhos são expressivos, grandes e claros, e seu corpo é bem definido mesmo para alguém que tem dois filhos.
― Separei umas roupas para você ― diz, apontando para a cama. ― Não quero te ver zanzando pela casa de qualquer jeito.
Me aproximo das várias pilhas de roupas que ela pôs em cima da cama e me impressiono com a qualidade ao tocar em um dos tecidos.
― Senhora ― eu não sei como eu poderia vestir algo tão belo e bom ―, eu pensei que usaria uniforme.
Passo sobre o rosto a blusa de seda sentindo a maciez do pano.
― Garota, se fosse para usar uniforme, você sequer dormiria aqui. Há uma área de empregados do lado de fora, então, pegue essas roupas e as leve daqui. ― Ela tinha um jeito bruto de falar. ― Não as uso mesmo.
Poucas foram as vezes que a vi desde que cheguei aqui há um pouco mais de um mês. Sua forma de agir, de caminhar, de falar era sempre rígida, autoritária. Não parecia alguém que daria algo de bom grado. Além disso, dona Caterina sofre de enxaquecas e passa muito tempo em seus aposentos. E para piorar, seus filhos não vivem aqui. O mais velho, um rapaz de dezessete anos, faz universidade em Nova York, enquanto o mais novo, de treze, estuda em um colégio interno no Reino Unido. Para uma mãe, deve ser doloroso ter seus filhos longe dela todo o tempo.
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Completamente, Seu (Livro 2 - Traídos)
ChickLitRebeca Monteiro foi pega pelo seu maior inimigo. E agora grávida e sozinha ela precisava salvar sua própria vida e a do seu bebê ainda em seu ventre nem que precisasse vender sua alma. Matteo, preso em suas promessas, se vê sendo consumido pela culp...