Matteo
Passei a noite velando o sono do meu filho. No quarto dele eu passava e repassava todo o jantar, todos os momentos que eu e Rebeca passamos juntos, as palavras de Lucca ao me contar sobre sua breve conversa com Rebeca quando era eu quem deveria ter falado com ela.
Tudo.
Minha cabeça processava cada detalhe.
Eu deveria estar louco ou estourando de dor de cabeça por passar tantas horas sentado naquela poltrona, vendo meu filho dormir enquanto refletia, mas não. Estava dominado por uma explosão de sentimentos e dominado por uma racionalidade como há muito eu não tinha.
Uma coisa era certa: ela foi usada como uma isca. Ela foi colocada ali de propósito para chamar minha atenção como uma planta carnívora que expõe suas lindas cores para atrair o inseto e então prendê-lo.
Eu sabia que tudo fora premeditado porque eu faria assim.
E eu cairia.
Eu tinha consciência que nada me impediria de falar com ela desde o momento que a vi no restaurante e tanto meu pai como meu irmão perceberam o que chamaria mais a atenção de Don Carlo, afinal, ele mentiu. Ele sabia que eu tive algo com ela, a questão ali era entender a intensidade da nossa relação.
E onde estava meu filho? Se ele a ajudou então ele sabia que ela estava grávida.
Pego o cartão com o número dela e olho pela milésima vez controlando meu ímpeto de ligar para ela.
Tudo fora proposital. Tudo foi uma bela jogada com movimentos estratégicos com o objetivo de se fazer um xeque-mate
Só que não era só aquilo que me incomodava. Não era só o aparecimento repentino de Rebeca que me chamava a atenção. Eu processava cada segundo da minha vida desde o momento que eu a conheci até agora e muito mais coisas me intrigavam. Peças de um quebra-cabeça que até então não se encaixavam, de repente, era tão nítido que eu me assustava.
Será?
Meu filho acorda e Gina traz logo seu desjejum enquanto eu assisto sua avidez em tomar a mamadeira.
O antibiótico estava fazendo efeito e ele começava a melhorar.
Fiz algumas ligações, dei algumas ordens, mas não saí do quarto. Ligar para Rebeca não estava nos planos. Não ainda.
Ele sabia que eu ligaria, mas eu colocaria um pouco de mistério, dúvida. Eu iria pessoalmente falar com ela, saber toda a verdade olhando em seus olhos e isso estava planejado para mais tarde.
Agora eu precisava resolver algo.
― Pode deixar ele comigo, Gina. Vou ficar com ele mais um tempo. Só precisa vir quando o pessoal chegar.
Sento-me no chão e o vejo engatinhar em busca de seus brinquedos até vir a mim e com dificuldade, ficar de pé e me babar todo com um sorriso de poucos dentes, balbuciar "papa" e me encarar com aqueles olhos tão característicos da família Mancini.
― Papai ama você, Filipo. ― Ele abre um sorriso ainda maior como se me entendesse.
Graziela entra no quarto e como sempre, me estranha ali, sentado no chão.
― O que faz aqui, Matteo? ― Ela se senta ao meu lado ignorando o filho que perde o equilíbrio e só não cai no chão porque o seguro. ― Pensei que estivesse no escritório.
― É isso que você quer, meu amor? ― Filipo tenta pegar um brinquedo em cima da poltrona. ― Papai dá.
Ele pega das minhas mãos e logo põe na boca mordendo.
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Completamente, Seu (Livro 2 - Traídos)
ChickLitRebeca Monteiro foi pega pelo seu maior inimigo. E agora grávida e sozinha ela precisava salvar sua própria vida e a do seu bebê ainda em seu ventre nem que precisasse vender sua alma. Matteo, preso em suas promessas, se vê sendo consumido pela culp...