Capítulo Onze

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Eduardo


Meu pai me chamou para uma conversa e se eu o conheço bem, ele está desconfiando de algo com toda certeza. Fomos andando para o jardim e ele começou o bombardeio.

- Eduardo não tenho certeza, mas como nunca erro, posso afirmar que essa sua viagem repentina está cheirando a perfume de mulher e não queira falar que não, pois você é minha cópia quando era da sua idade. Mas o que me preocupa é que essa mulher não é um mera aventura sua, se tornou muito especial para você, e agora como seu pai te dou um ultimato ACABE COM ISSO AGORA! Pois sua noiva é a Valentina e assim que ela chegar de viagem marcaremos a data do casamento.

- Nunca! Não vamos mesmo. - quando dou por mim já tinha respondido em voz alta, meu pai também se altera e diz apontando o dedo para mim.

- Como Eduardo? Você está louco? Sabe muito bem que esse casamento é importante para a empresa e você sabia disso desde o início. E não pense em me desafiar garoto.

- Pai, essa conversa eu queria ter em outro momento com o senhor, mas quero deixar claro que não amo Valentina, nunca amei e não vou casar com uma mulher que é pura futilidade. A vida é minha e ela não faz parte dos negócios. - viro as costas e vou embora, não quero discutir, assim caminho em direção ao meu carro e só escuto o meu pai gritar.

- Eduardo Bittencourt volte aqui! Você não vai fazer isso comigo seu moleque.

Entro no carro, dou a partida e saio sem rumo pois não estou com cabeça para discussão. De agora em diante vou tomar as rédeas da minha vida, assim que Valentina voltar de viagem, vou dar um ponto final nisso que nem deveria ter começado. Quero viver intensamente e por completo esse sentimento que estou sentindo pela Ester, mesmo que isso signifique enfrentar meu pai, porque sei que ele não irá facilitar a minha vida. Estou ciente que o casamento seria bom para os negócios da família, talvez se não tivesse conhecido a Ester continuaria com a vida que estava levando, mas agora não consigo pensar em viver uma vida onde a minha linda não estará presente, preciso dela comigo, do seu cheiro, do jeitinho dela olhar, de sorrir, cada detalhe me conquista a cada momento.

Aquela música Lanterna dos Afogados, do Paralamas do Sucesso, define como me sinto agora em relação a Ester, sem ela fico perdido como se estivesse me afogando, sem salvação para mim, ela é o meu farol, o anjo que me socorrem ilumina e me traz vida, reacende a vontade de viver. Devo estar enlouquecendo, o que essa mulher fez comigo? Me sinto uma merda de um adolescente, que não consegue controlar seus impulsos, pensei que seria coisa de momento, que logo que conseguisse ficar com ela, eu esqueceria e seguiria minha vida normalmente, porém acabei caindo na minha própria armadilha. A minha baixinha não sabe, mas já me tem em suas mãos, ela é como uma droga, quanto mais eu tenho, mais eu quero, tenho certeza que se essa mulher, não for minha salvação, será com minha morte.

Estou desnorteado, prometi encontrar com ela hoje para passarmos a noite juntos, mas não tenho condições, estou morrendo de raiva da situação que eu mesmo me coloquei e quando estou assim, só tem um lugar onde posso me acalmar, faz muito tempo que não vou aquele local, mas hoje vou ter que quebrar as regras senão vou acabar fazendo besteira. Esse lugar é o porão da pancadaria, vinha frequentemente nesse lugar na época da faculdade, adorava uma aventura, porém prometi que não viria mais, pois na posição que ocupo, não ficaria legal para a imagem de um empresário, mas não teve jeito, tenho que descarregar o que eu estou sentindo. Mando uma mensagem para minha pequena, inventando alguma coisa para não comparecer ao nosso encontro, sei que o que estou fazendo é errado, mas tem que ser assim nesse momento. Pego o celular e digito a mensagem:

Minha linda, não poderei passar em sua casa, problemas em família, terei que resolver. Bjs e saudades.

Quando chego no porão percebo que nada mudou, só os anos que se passaram, esse lugar era a minha válvula de escape quando estava sobre pressão antigamente, mas depois me formei e não precisei disso, até hoje. Quando entrei avistei logo John, nunca soube ao certo se esse era realmente o seu nome, mas todos os chamavam assim e principalmente todos sabiam que ele era o homem das apostas, logo que ele me viu abriu um sorriso e veio falar comigo.

Armadilhas do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora