Bônus Gabriel

126 13 2
                                    

Bom o nosso desafio não teve sucesso, mas mesmo assim, vamos postar um capítulo extra. Mas como não tivemos DEZ comentários de DEZ pessoas diferentes ele não será tão revelador, como seria se a meta fosse alcançada. Lembrando que o desafio continua para a próxima semana, mas queremos pelo menos,  DEZ comentários de Dez pessoas diferentes no capítulo de segunda. O comentário deve ser sobre o capítulo ou todo o decorrer da história, perguntas, sugestões, elogios ou avaliações e assim na sexta teremos um capítulo bem interessante.


Minha vida, aos olhos dos outros, foi fácil, mas para mim foi bem difícil. Não financeiramente, pois sempre tive as coisas que sempre quis, roupas caras e de grife, boas viagens, estudei nas melhores escolas, tive tudo de melhor. Meus pais criaram a mim e Valentina com todo luxo e conforto, nós éramos tratados como príncipe e princesa, minha irmã era uma bonequinha de porcelana e eu era o rapazinho da casa.

Quando criança adorava brincar com a Tina de bonecas á que ela reclamava que não tinha amiguinhas a sua altura para brincar, eu amava pentear seus lindos cabelinhos loiros, um dia fui brincar com os sapatos de grife da mamãe, quando ela descobriu ficou uma fera, Valentina como uma boa irmã assumiu a culpa, um dia papai me pegou brincando de boneca com ela, me lembro até hoje da cena. Estávamos brincando de casinha, eu tinha colocado uma roupa de Valentina e suas presilhinhas, já que ela estava choramingando que nenhuma amiguinha podia ir brincar com ela e ela queria muito fazer chazinho.

Quando papai me viu assim, avançou em mim rasgando a roupa, me sacudia e falava que não queria filho veadinho, que filho dele era macho. Naquele dia apanhei pela a primeira vez, mamãe tentou intervir, mas meu pai a culpava de alguma coisa que na época eu entendi o que era, passei o dia chorando, o meu corpo estava marcado, segundo o Sr. Carlos, iria me deixar marcado para nunca mais esquecer que era um homem, Valentina chorava comigo, éramos muito unidos e assim juramos que seria, "Nós dois contra o mundo". Como éramos pequenos não entendíamos o por que daquela atitude de papai, mas aprendi que eu não podia brincar de boneca, mas foi na adolescência que tudo foi mudando, fui descobrindo as minhas preferências, eu tinha 11 anos e Valentina 13.

No início foi bem complicado, eu passava a semana toda no internato masculino, só voltava para casa no final de semana, com isso fui me afastando de Valentina, ela fez novas amizades e foi me deixando de lado, foi nessa época que ela conheceu Eduardo Bittencourt, filho do cliente mais poderoso de papai. Logo de cara vi que ela estava apaixonada por ele, mas Edu nem lhe dava bola, era um menino lindo ele tinha 17 anos, as amizades dele eram outras, era considerado um menino bad boy, achei um absurdo meu pai e o Sr. Antônio Bittencourt, quererem unir os filhos em prol do futuro financeiro da empresa. O Sr. Carlos resolveu me colocar em uma escola de educação masculina, pois segundo o senhor Dornelles, aquele lugar me ensinaria a ser um verdadeiro cavalheiro, ali aprenderia a me portar, a conversar, a me vestir e me tornaria um verdadeiro gentleman.

Quando tinha 14 anos conheci um menino chamado Vinicius, ele tinha 16 anos, ele era novo na escola, seus pais o enviaram para lá por causa da sua rebeldia. Vini, como gostava de ser chamado, se tornou o meu amigo de quarto, foi aí que eu me descobri. Vinicius foi a minha primeira paixão, quando descobri esse sentimento, fiquei desesperado, me lembrei das palavras do meu pai, ele queria um filho homem. HOMEM!

Ver aquele menino perfeito todos os dias foi uma tortura para mim, ele era lindo, moreno, cabelos arrepiados, olhos amendoados e boca carnuda. Mas foi em uma noite não aguentando não poder assumir o meu sentimento, acabei me declarando e para minha surpresa Vini me disse que já sabia e que só me respeitou, pois estava esperando eu me aceitar e assumir e que ele também sentia uma forte atração por mim, naquele momento minha vida mudou, passávamos o dia juntos, mas era no quarto que namorávamos, o seu beijo me levava ao céu. A minha tristeza era aos finais e semana, quando tínhamos que voltar para casa, não vê-lo me matava.

Os anos foram se passando e o nosso namoro era sempre escondido, mas foi quando Vini fez 18 anos, que a tristeza bateu em minha porta, ele iria embora pois tinha completado maioridade e seu pai o mandaria para o Canadá, para fazer a faculdade de administração, já que sua família abriria uma filial de sua empresa logo e queria que o filho ficasse a frente dos negócios. Então decidi que naquela última noite juntos, me entregaria a ele e tudo aconteceu de maneira plena, foi ali que me descobri e percebi quem eu era de verdade, queria gritar ao mundo falando o que sentia, mas ocultei os meus sentimentos e disse adeus ao meu primeiro amor.

Hoje tenho 26 anos, sou formado em Direito e braço direito do meu pai, sou amigo de Alícia, ela é a irmã que um dia Valentina foi, amo minha maluquinha de paixão, num dia de loucura eu e ela transamos, pois ela é a única que sabe tudo da minha vida, então ela disse para eu experimentar que quem sabe eu gostava, mas não adiantou, Tina se tornou uma mulher fútil e sem escrúpulos. Hoje a tristeza me invadiu, sei que estava distante da minha irmã, mas nunca imaginei que ela iria fazer esse tipo de coisa comigo, estou um caco, me sinto um lixo.

Liguei para Arthur falando que já sei de tudo e ele disse que só fez tudo isso para me proteger, eu sei disso, mas preciso de um tempo para colocar a minha cabeça em ordem, vou para um apartamento que tenho, onde ali eu posso ser o que realmente sou. Fico ali por horas, me lembrando das palavras de Valentina. Meu telefone toca, vejo que é trabalho e eu tenho que voltar para realidade, assim eu coloco a máscara de homem refinado e poderoso que todos acham que sou, as vezes acho que essa máscara está se tornando a minha face, de tanto que eu a uso.

Quem sabe um dia terei coragem de me revelar? Mas só, que por enquanto, só me resta me esconder do mundo.


Armadilhas do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora