Bônus Valentina III

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Valentina

Acordo as 8 da manhã com o meu celular gritando. Quem ousa a me acordar a essa hora? Para mim ainda é madrugada, tenho que dormir para esquecer que o meu Edu está viajando com aquela vadia. Rejeito a ligação, mas o celular volta a gritar. Ai que saco! Olho quem é e vejo que é o doutorzinho, espero que ele tenha um bom motivo para estar me ligando tão cedo. Mesmo de mau - humor resolvo atender.

- O que é hein, Heitor? Isso são horas de ligar? – já digo estressada.

- Deixa de ser mal agradecida Valentina, estou ligando para o seu bem. Ou melhor, para o nosso bem. – Heitor diz nervoso.

- Tá bom doutorzinho, o que foi? – pergunto mais calma.

- Hoje é o dia Valentina, temos que colocar o nosso plano em prática hoje. O Fernando está viajando, fiquei sabendo que o Lucas vai pegar a Ágata no aeroporto e pediu licença no dia de hoje, então o responsável pelo hospital hoje, sou eu. Seu falso aborto tem que ser hoje. – diz ele empolgado.

- Mas como você me avisa isso assim em cima da hora, tinha que me preparar. E o médico que vai me atender na emergência? - falo preocupada.

- Valentina, eu só fiquei sabendo disso agora e em relação ao médico já está tudo combinado. Ele está finalizando a residência de ginecologia e quer se especializar no exterior, eu disse que você bancaria a ida dele para lá e daria uma boa quantia em dinheiro para ele se manter durante um tempo. Claro que o Jonas não seria burro de não aceitar e eu já pesquisei nos arquivos aqui, tem uma paciente que sofreu um aborto espontâneo a pouco tempo, então vou trocar seu prontuário com o dela no sistema. Não tem erro. – me explica Heitor.

- Tá certo Heitor, confio em você. Então vou me arrumar para sair, vou dizer que comecei a passar mal na rua e fui para o hospital, assim que eu estiver na porta da emergência te ligo e você corre para fazer o primeiro atendimento e o resto é com esse outro médico aí. – digo já me levantando.

- Tudo bem Valentina, aguardo seu contato. – ele diz e desliga.

Vou direto para o banheiro e preparo meu banho de sais, acho que a data não podia ser melhor, bem no dia que o Edu volta da viagem com a vadia, nem vou dar tempo para eles descansarem. Hoje começa a minha vitória, hoje o Edu começa a voltar para mim. Tomo um banho delicioso e desço para tomar café da manhã, meus pais e Gabriel até se assustam.

- Mas que milagre é esse? Vai chover canivete, Valentina acordando cedo. – diz Gabriel debochando.

- Bom dia família. Maninho querido, estou grávida, tenho que mudar meus hábitos e também vou sair para fazer umas comprinhas. – digo de bom humor.

- Oh minha filha, por que não me avisou antes? Tenho compromisso, se tivesse me avisado tinha desmarcado e iria com você. – diz minha mãe.

- O mãezinha não se preocupe, dá próxima você vai. – digo. - Bom meu amores, estou indo antes do almoço tô de volta. Amo vocês. – falo mandando beijo a todos e saindo.

Faço hora andando por algumas lojas e comprando algumas coisinhas, depois de uma hora e meia rodando, começo meu show. Vou para a entrada do shopping e começo a fazer cara de dor e coloco a mão na barriga, o segurança vê e se aproxima eu digo a ele o que está acontecendo, ele pergunta se quer que ligue para alguém, mas digo que não, apenas peço que me coloque em um táxi pois vou para o hospital e assim ele faz. Quando estou na entrada da emergência dou um jeito de avisar o Heitor e assim que estou entrando ele já aparece e me coloca em uma cadeira e rodas, me leva para um quarto e fica lá juntamente comigo e com o médico que "compramos".

Nesse meio tempo enquanto fingimos que está sendo realizado o procedimento, tiro minha maquiagem e faço uma nova maquiagem para parecer abatida, preciso treinar meu choro e minha cara de vítima também, depois de tudo feito, me levam para um quarto particular e Heitor liga para o meu pai, a meu pedido, não se passa nem 20 minutos e meu querido pai chega no meu quarto desesperado, tadinho. Faço todo o drama que tem que ser feito e seu Carlos liga para minha mãe e para os pais de Edu.

Dona Helena chega e vem me ver, diz que o Sr. Antônio está em uma reunião, então não pode avisá-lo, eu me fiz de compreensiva e comecei o show, chorando desesperadamente e dizendo que queria que o Edu estivesse aqui, minha sogrinha se compadece e diz que vai ligar para ele e se retira do quarto. Meu pai está comigo faço drama dizendo que não quero ver mais ninguém e peço ao meu paizinho que saia, algum tempo depois ouço uma movimentação no corredor e sei que meu Edu chegou, então agora minha atuação tem que ser a melhor.

Eduardo entra no meu quarto e se mostra todo carinhoso e melhor ainda culpado, vou conseguir tudo que quero com ele agora. Me faço de vítima, mas também de compreensiva, até mesmo quando ele sai do quarto para atender o celular e sei que é aquela vagabunda, mas sei o que preciso fazer. De uma forma sutil vou fazer Edu se sentir cada vez mais culpado, fazendo com que ele fique cada vez mais junto comigo e não tendo tempo para aquela rouba noivo, assim ela se sentirá largada e a "outra", então não vai aguentar a pressão e vai largar do meu homem.

Não dou uma semana para conseguir esse feito, ou não me chamo Valentina Dornelles.

Armadilhas do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora