Capítulo 13

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Josh
Horas depois

O medo de ser reconhecido em algum momento da minha fuga estava me deixando em pânico.

E eu não podia ficar em pânico.

O moletom com capuz fazia o papel de esconder um pouco minha identidade. E a tentativa de passar despercebido pelas pessoas no trem até agora estava funcionando.

O plano do Noah era simples e até agora foi eficaz. Ele comprou minhas duas passagens de volta para aquele inferno com um nome falso. O complicado era que não tinha viagem direta, tive que pegar dois trens.

Ainda queria saber como ele tinha conseguido aquela identidade. Minha curiosidade estava quase gritando internamente.

O fato de ter me tornado o assassino sem querer da minha mãe não me amedrontou. E sim a possibilidade de que em algum momento iria me tornar um prisioneiro ou alguém parecido com ela.

Não me via em uma cela cercado por outros bandidos da mais alta periculosidade.

Eu era um garoto normal afinal de contas. Tinha traumas? Quem não tinha em pleno século XXI? Ninguém poderia me culpar ou jogar a primeira pedra.

Ela sim era uma criminosa.

Horas depois ainda me pego pensando na forma como morreu gritando meu nome.

O mesmo nome que já gemeu chamando, e subiu calafrios subitamente e imediatamente com esse pensamento.

Precisava tirar aquilo da cabeça.

Aí veio algo pior: Ravena.

Ela não me atendeu, não estava na fraternidade e mesmo depois de chegar no metrô eu ainda tentei ligar para ela novamente.

De novo. Caixa postal.

Momentaneamente fiquei preocupado que algo tivesse acontecido.

O som dos freios zunindo nos trilhos fez os meus pensamentos evaporarem. Ajustei o capuz e coloquei uma máscara preta.

Enfim, cheguei ao meu inferno.

Na hora que liberou a saída dei um jeito de passar no meio da muvuca das pessoas desembarcando.

Noah tinha dito que me aguardaria em uma rua depois do metrô.

Tinha que tomar cuidado e ser rápido.

Tentei ao máximo passar despercebido por todos.

E até o presente momento consegui.

Pulei um muro para não ter que passar pelos fiscais.

Quando avistei o carro do meu melhor amigo, olhei ao redor. Percebendo que não tinha ninguém por perto corri até o carro e abri a porta no banco do passageiro.

_Irmão ainda tô sem acreditar no que aconteceu. - Ele me cumprimentou com um abraço forte dizendo que sentia muito por tudo. - Mais um trauma para a conta, daqui a pouco vai ter que pagar uma psicóloga para sua psicóloga.

_Se você não acredita, imagina eu. E deixei de gracinhas. - disse lhe dando um tapa na cabeça e em seguida bagunçando os fios loiros que estavam bem maiores que da última vez que nos vimos pessoalmente.

_Conseguiu não chamar atenção? - indagou.

_Tentei ao máximo isso. O que eu faço agora? - sim, eu era o criminoso mas ele que era o responsável pela minha "fuga".

Vi ele dar partida no carro, engatar a 1° e sair da vaga aonde tinha estacionado.

_Uma pessoa normal diria para ir se apresentar a polícia. Mas como sou louco igual a você, digo que você ira morar na casa do meu bisavô. - é como dizem, tudo farinha do mesmo saco.

_Casa do seu bisavô? Tá falando daquele sítio abandonado?

_Não, muito óbvio. Meu bisa tinha um chalé bem afastado de todos e também bem escondido, ele gostava de ir passar uns dias lá quando era jovem e ter sossego sem ninguém o perturbando. E as únicas pessoas que sabem da existência dele é passado de geração em geração. Atualmente só meu pai e eu. Quer dizer, agora tem você.

_Eu não fazia a mínima ideia disso. Você nunca sumiu por dias. - o relembrei.

Vi ele entrar na pista que dava em direção a saída da cidade sem sequer passar por dentro dela.

_Lógico que não, tinha que cuidar de você durante as noites. Eu só ia para deixá-lo habitável ou passar umas horas. E depois que me largou nessa cidade fui muitas vezes lá.

_Me desculpa por ser um fardo para você.- falei baixinho.

Noah fez uma curva acentuada para a direita. E entramos na estrada que daria a chegada do sítio.

_Deixe de depressão perto de mim! Enquanto você estava a caminho acabei fazendo umas compras e levei até lá. Como em breve você será um procurado pela polícia precisamos vê como será nossa comunicação. Por isso comprei celulares descartáveis estão no banco de trás, mas a minha ida até lá é complicado.

_Entendo. Você logo será associado ao meu nome.

Passamos em frente ao sítio.

_Sei disso, por isso espalhei um boato que comecei a te detestar por ter pegando uma mina que eu queria.

_É o que, Noah?! - não era possível.

_Fala aí, sou um gênio né? - gargalhou, e eu ainda continuava com a expressão de indignação.

Respirei fundo. Era louco? Sim, mas era o louco que me ajudava.

Novamente uma curva acentuada, agora para entrar em uma outra estrada de chão com terra batida. Os buracos fez o carro balançar muito.

_Falou com a Ravena? - indagou.

Respirei fundo. Era o meu sonho aquilo. Aproveitei pra tirar a máscara e capuz já que estamos bem longe da civilização.

_Não consegui, liguei e até fui lá antes de pegar o trem. Porém, não sei o que aconteceu ela sumiu do nada.

_Deve ter ido pra casa de alguma amiga.

_É pode ser. - queria muito acreditar naquilo.

_Imagina como ela ficaria louca sabendo que está transando com um assassino. Pode até da mais tesão nela.

_Você só pode está louco de vez.

_Não fui eu que matei minha mãe. - rebateu.

_Não chame aquela alugadora de útero desse nome. Por que ela não é.

_Às vezes você fala umas coisa que nem dá pra tentar entender um pouco. - resmungou.

Ele parou o carro em frente a um chalé que parecia bastante aconchegante. Puxou o freio de mão e desligou o carro.

_Bem-vindo ao seu novo lar.

_Ao lar de um assassino?

Hades' Daughter (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora