Capítulo 12

4.8K 625 61
                                    

Ravena
Horas depois

Eu estava transitando entre ficar acordada e dormir.

Sentia meu corpo pesado e a inconsciência sempre chegando.

Era inacreditável que naquele momento eu estaria em posse de pessoas que sequer conhecia ou tinha noção do que queriam comigo. E ainda mais presa!

Pensei que poderia ser uma brincadeira do meu pai por eu ter largado o submundo e vindo para cá. Mas não era do feitio de Hades fazer algo do tipo.

Josh a essa hora era para estar morto e eu voltando para casa.

Mas eu percebi uma coisa, não conseguiria matá-lo. Ele se transformou em uma pessoa com um pouquinho de importância na minha vida medíocre. Além disso, estava super curiosa pra saber da história dele.

O que era surpreendente, principalmente levando em conta a nossa pouca convivência.

Tava até começando a gostar dos humanos.

Outra coisa foi aquela corrida, a forma interessante como a adrenalina se infiltrou no meu corpo sem ser em uma briga, ali me transformou em uma pessoa de verdade, por um breve período de tempo.

Eu senti algo naquele momento que como se tivesse encontrado uma coisa que eu gostasse de verdade.

E o Josh... Ele é interessante. Surpreendente.

Alguém que valesse a pena.

Depois de muito tentar, enfim consegui manter a consciência por algum momento. E para somente saber que eu estava em uma sala escura e com cheiro de peixe.

Tinha correntes jogadas no chão ao meu redor, alguns caixotes e eu estava sentada em cima de um pano sujo e rasgado. Pelo menos aquilo me mantinha um pouquinho aquecida.

A iluminação era feita somente com uma lâmpada amarelada perto da porta que era de aço, visivelmente resistente.

Não havia janelas e pelo visto somente aquela porta.

Eu estava com os braços amarrados em uma coluna. Seria fácil se fosse em cordas, mas era em correntes o que complicava um pouco principalmente no meu estado atual.

Tentei de alguma forma me levantar, porém estava tão zonza que apenas caí sentada novamente.

Respirava com um pouco de dificuldade, e poderia apostar que estava com uma costela quebrada.

Sentia todos os meus músculos doendo.

Aquele sedativo que inalei era do tipo bem pesado.

Tentei falar algo como se fosse gritar, mas minha língua estava colada no céu da boca e isso me incomodou.

Tossi um pouco.

E tentei de novo gritar. Apesar de que pareceu mais uma mistura de sons graves e rouco.

_Alguém aí fora?! - consegui dizer.

Novamente tossi. Merda, daria meu braço por um copo d'água.

A porta abriu depois de tentar novamente chamar a atenção de alguém. Por ela passou um brutamonte que era exatamente o que me fez ser sedada, aquele ar sarcástico não me esqueceria. Eu gostaria que fosse o outro, ele era parecido comigo e me entendeu um pouquinho melhor.

Que era basicamente resolver as coisas a base de socos e chutes. Bem civilizado para o meu gosto.

_Olha só a Cinderela acordou. - debochou com os braços cruzados me analisando. Ele mantinha uma balaclava tampando sua identidade.

_É a bela adormecida que fica desacordada seu idiota. - como eu sabia disso? Não fazia a mínima ideia.

_Tanto faz. - veio até as minhas costas, pensei até que iria abrir as correntes. Mas fez só verificar se estava realmente fechadas.

_Por que eu estou aqui? - indaguei.

_Ah você sabe. Pais envolvidos com a máfia e etc. - não, eu não sabia.

_Como? - perguntei.

_Não se faça de sonsa, garota. - queria eu está me fazendo de sonsa a essa altura do campeonato.

_Eu realmente não sei do que você está falando.

_Sério? O resumo rápido é que sua família faz parte de uma máfia, e meu chefe de uma rival. Seu pai matou a filha do meu chefe, então nada mais justo que pagar com a mesma moeda. Mas te matar logo de cara seria muito fácil. Então, aí está você sofrendo um pouco antes de morrer. É isso.

Estranhei, pelo que sabia os Jones eram muito ricos mas por que tinham petrolíferas. Esse ramo da muito dinheiro, a não ser que fosse mentira.

_Aaa legal. - Oh porra, legal não. Legal não. Lembrei que se morresse neste corpo antes de voltar ao submundo minha alma ficará vagando pela eternidade. Subitamente não contive meus olhos arregalados. PORRA.

_Pela sua cara deve ter entendido como será as coisas agora. Tenha uma boa estadia, vadia. - gargalhou indo em direção a porta.

_As vadias merecem mais respeito! - falei antes dele fechar e me deixar trancada novamente.

Droga, esqueci de pedir água.

_Ou seu imprestável, volta aqui! Tô com sede. - gritei, na verdade mais esperneei que qualquer outra coisa.

A porta se abriu novamente, mas ele só colocou o rosto camuflado pra dentro.

_Me respeita garota, ou eu faço você ficar caladinha engolindo meu pau.

Revirei os olhos.

_Eu preciso beber água. -falei. Tentando rebolar uma mecha do meu cabelo para trás.

_Não sei se percebeu ainda, mas você é uma prisioneira e não dita as regras aqui.

_Não tira o fato de que preciso beber água. - reclamei.

_Trate isso como uma punição por ser tão insuportável.

E fechou novamente a porta.

Respirei fundo.

Era o fundo do poço que sequer imaginei ter entrado.

A porta abriu novamente, e dessa vez veio o outro brutamonte. Percebi que ele tinha uma garrafinha de água na mão.

Fechou a porta atrás de si e se aproximou.

_O Luca já deve ter explicado o por que de você está aqui.

Então, esse era o nome do esquentadinho. Fiquei com vontade de saber o dele mas não tinha importância.

_Algo sobre os meus pais. - lhe respondi.

_Exatamente.

_O que vocês iram fazer comigo? - indaguei.

_Muitas coisas. - ergui uma sobrancelha, é claro que essas coisas eu não iria gostar.

_Eu realmente não tenho nada haver com essa merda de máfia ou sei lá o que.

_Não importa. Agora cale a boca e bebe a água que tanto implorou.

Vi ele abrir a garrafinha, se ajoelhar ao meu lado e levá-la até minha boca.

Tentei beber com calma pra não engasgar, mas estava com tanta sede que não consegui evitar.

Ele se afastou e tossi um pouco tentando controlar a respiração.

_Provavelmente essa é a primeira e última água que irá beber por um bom tempo.

Hades' Daughter (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora