Hades' Daughter (LIVRO 1)

Capítulo 2

Ravena

Os médicos se surpreenderam com a minha "melhora" súbita, tive que controlar o riso enquanto olhava para suas expressões incrédulas. Em um momento eles estavam dando esse corpo como morto, no outro faltei saltitar pelos corredores.

Os pais de Ravena sequer a ligaram para perguntar como estava depois da melhora milagrosa, aliás acho que já posso os nomear como meus pais. Se continuar agindo como se não fosse a dona deste corpo irei acabar dando bobeiras, e eu não admito erros.

Os médicos me deixaram mais 24 hrs sob observação, achei bem desnecessário. Mas fingi que sou uma garota obediente e permaneci nesse quarto horroroso.

Amanhã de manhã iria retornar a fraternidade, pelo que soube das enfermeiras recebi algumas visitas das garotas que moram lá. Agora estava com o celular na mão lendo suas conversas, tinha aprendido a mexer naquela bugiganga rapidamente. Percebi que deixava a maioria das pessoas sem respostas, mas as mensagens com os pais eram repletas de ofensas por parte de sua mãe.

Hades e Perséfone nunca foram o exemplo de pais maravilhosos, mas nunca chegamos até aquele nível de desavenças. Pelo que entendi para Ava Jones a Ravena era uma imprestável que não seguiu seus planos de virar uma patricinha. Se ela soubesse que essa cidade vai pegar fogo com a minha presença teria dado mais valor a filha.

Resolvi olhar a galeria e essa garota curtia umas paisagens, misericórdia. Muitas fotos de carro, inclusive iria procurar saber qual era os melhores para correr e comprar um novo com o cartão de Ava. Seria uma surpresa interessante para minha querida mãe uma conta monstruosa para pagar. Infelizmente, o que era pra ser o meu deu perda total no acidente, vi umas fotos dele antes da tragédia e foi uma lástima com a Ferrari 812 GTS.

Continue olhando sua galeria quando começou a aparecer fotos do semestre passado, tinha muitas anotações e depois aproveitaria para estudar tudo. Havia também algumas de festas com as meninas da fraternidade e umas com o pessoal da sua sala de aula. Foi quando parei, era uma foto do ano passado lá no fundo na parte direita de uma provável apresentação estava ele, o garoto dos meus pesadelos.

Não imaginei que você iria chegar tão rapidamente nas minhas garras.

Meu sorriso involuntário foi grande, que satisfação em tê-lo encontrado e que obra do destino ter escolhido justamente o corpo da garota que me levaria até ele.

O jeito que minha mente maléfica pensou em formas de atormentar aquele garoto me deixou em êxtase. Resolvi tirar aquele troço que estava no meu braço, teria que acelerar as coisas e procurar saber qual a minha relação com ele naquele mundo o mais rápido possível e as aulas retornaria daqui dois dias.

Vesti a roupa que estava me aguardando para a alta de amanhã. Peguei todos os meus pertences verificando se não esqueci de nada, e prendi meus cabelos loiros em um coque bagunçando.

Abri a porta o mais devagar que consegui olhei para os dois lados do corredor e não encontrei ninguém a vista, sai andando o mais rápido possível sem levantar suspeitas. Segui pelos cantos da parede e com a cabeça baixa como se fosse só mais uma qualquer saindo dali. Era boa em me misturar, Hades fez seu melhor treinando os filhos e sempre fui disciplinada.

Olhei para os lados das ruas de Burford na Inglaterra e teria que ir a pé até os dormitórios. Mas antes encontraria um dos fornecedores de armamentos que me foi recomendado pelos meus empregados.

Segundo eles iria ter discrição, coloquei no Maps do celular o nome do local que tinha decorado e era em uma parte afastada da cidade e estava frio. Mas nada que impedisse um corpo morto de chegar até onde queria.