Capítulo 22 Parte I

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Josh

Eu estava petrificado. Para não dizer com ódio.

A minha vontade era voltar naquele navio e matar cada um daqueles vermes com a minhas próprias mãos. Nada de armas, não daria o gostinho de morrer tão rápido e sem sofrimento assim.

Usaria todos os ensinamentos que o Dejan me deu sobre tortura e usaria minha mente da forma mais desumana possível.

Eu viraria o pior carrasco do inferno para eles ainda na terra.

Sentiria o sangue, a pele rasgando e até a arrancaria só para saber quanto tempo conseguiriam sobreviver sem ela. Olharia no fundo dos olhos de cada um degustando o momento em que morreria.

E eu tinha certeza que depois de tudo não me sentiria satisfeito.

Ravena ainda estava encostada parcialmente no meu ombro. Passei as mãos lentamente por seus braços que tinha diversos arranhões e algumas partes enfaixadas, principalmente os pulsos onde as algemas ficavam anteriormente.

Olhei para o teto tentando procurar calma para não surtar. Eu não podia surtar, não com ela ali.

_Você realmente quer me contar sobre o que aconteceu? - engoli em seco tentando me preparar pelo que podia vim a seguir.

A Ravena era uma caixinha de surpresas. Ela não poderia ter me surpreendido mais do que naquele minuto em que me deu um selinho,mas o que me deixou em choque mesmo foi assunto que veio a seguir. Eu jamais imaginei que ela me contaria.

_Eu passei um mês e duas semanas em posse de inimigos do meu pai. Fui sequestrada logo após termos voltado do restaurante, eles invadiram meu quarto pela mesma janela que você passou. E inclusive estava aberta. - senti uma pontada no meu coração por saber que inconscientemente fui responsável por facilitar seu sequestro. - A princípio fui sedada depois de ter tentado lutar contra um deles, e só acordei já aprisionada e em total controle deles.

Ravena esticou o braço até a jarra, me apressei e a peguei colocando mais água no copo e dando na sua boca. Minha garota estava tão fraca que eu tinha medo dela fazer um simples movimento e se despedaçar na minha frente.

_Continuando... - disse depois de tossir um pouco. - Na primeira semana todas as minhas unhas foram arrancadas uma por uma com um alicate. Recebia tanto socos no rosto como pelo corpo, principalmente barriga. Comumente era estuprada por um cara chamado Luca além dele amar me hidratar com sua urina.

O nome rodou na minha mente, pensando que se por um milagre aquele miserável tivesse sobrevivido a submetralhadora do Branko ou não tivesse no navio naquele momento. Eu o procuraria como um caçador procura sua presa.

_Em um episódio fui sedada e em seguida me colocaram em um tipo de caixote e me cobriram de concreto até quase metade da minhas coxas me deixando na posição de quatro. -passei a mão pelo meu rosto, respirando controlado para ela não vê como estava por um triz de perder o controle. - Eu fui estuprada de todas as forças possíveis.

_Eu já tinha imaginado que isso aconteceu ainda quando te resgatei no navio. Mas o médico que seu pai chamou relatou inúmeras lesões nas suas partes íntimas, ele inclusive fez exames para identificar se você tinha contraído alguma DST, o resultado saiu ontem e deu negativo.

_Enfim, duas semanas depois eu matei o Luca. -Ergui uma sobrancelha.

_Como?

_Foi fácil, eles mantinham uma rotina. Um dia era jejum total sem água. Outro era uma comida miserável e urina normalmente eu vomitava em seguida então não tinha muitas forças nesse dia. E o 3° um lanche e água, nesse dia ele soltava um lado da minha algema. O puxei e mordi seu pescoço até arrancar pedaços e o asfixiei com a corrente e dei vários murros no outro lado do pescoço, o desgraçado morreu engasgado no próprio sangue.

Essa era a minha garota! Dei até um sorriso de orgulho depois dessa.

_Aí como punição eles me açoitaram, ao todo foi 211 eles não contaram. Mas eu contei cada uma. No dia seguinte fui acordada sendo jogado álcool nas minhas costas para não infeccionar. Meus carrascos mudaram mas não seus métodos de trabalho. Continue na mesma entre tortura e estupros. O pior foi o coletivo.

Minha cabeça já rodava com o tanto que ela sofreu. Minha raiva ao ponto de explodir e eu tentando controlar. Ela sofreu tanto.

_Isso aconteceu depois que tentei fugir. Um dos soldados foi me levar comida e bati sua cabeça tantas às vezes que consegui naquela mesma pilastra de onde você me tirou. Em seguida consegui quebrar o pescoço dele, foi no dia em que descobrir estar em um navio e soube que não tinha nenhuma possibilidade de fugir sozinha. Como recompensa pela minha rebeldia ganhei um estupro coletivo.

_Sinto muito, se eu soubesse de um terço sobre isso tinha matado todos aqueles vermes imundos com as minhas próprias mãos.

_Você não é mais o Josh que conheci. - ela falou do nada.

_Sou sim. - menti descaradamente.

_Os olhos não metem.

_Meus olhos?

_Sim, é como se você tivesse sido moldado para ser um tipo de pessoa e agora está mostrando sua real face.

Talvez ela tivesse certa, eu fui moldado para ser uma pessoa boa. Meu pai fez de tudo para meu caráter ser exemplar. Noah me fez ser um bom amigo e empático. Ravena a amar e ser romântico antes mesmo de conviver com ela. E talvez eu tenha perdido tudo isso em pouco tempo.

Talvez eu ainda continue sendo amigo do Noah por consideração. O que tínhamos em comum naquele momento? Nada. Ou talvez eu realmente o amasse.

E talvez eu só continuasse ao lado da Ravena por causa de uma obsessão doentia que me transformou em um assassino psicopata de sangue frio. Ou talvez eu realmente a amasse.

Era inúmeros talvez que nem eu mesmo saberia explicar a minha mente perturbada.

Na última vez que falei com Noah eu ainda não tinha sequer entrado no jatinho particular saindo da Inglaterra. Olhei para a Ravena quase deitada sobre mim e percebi que dormia.

Aproveitei e sai o mais calmo possível deixando ela bem agasalhada e confortável. Saí do jeito que estava, somente com a calça moletom. Nem um simples chinelo peguei.

Assim que passei pela porta a tranquei, estava evitando visitas a Ravena. Ela não precisava naquele momento de pessoas que jamais viu na vida falando como era bom conhecê-la. Deixei aquelas bobagens para quando ela sequer aguentasse ficar de pé.

Pensei que iria conhecer a senhora Jones depois que a Ravena chegasse mas ela continuou sendo uma incógnita já que sequer soube de informações sobre ela perguntando o estado de saúde da filha.

O médico era o único que ficou na presença dela desde que coloquei naquele quarto. Virei o enfermeiro particular e bem disciplinado já que assisti inúmeras vídeos aulas sobre primeiros socorros. Tinha até aprendido a cuidar dos machucados.

Passava tudo que o medico receitou e limpava ela toda com lenços umedecidos.

Desci as escadas para o segundo andar e fui em direção a porta do Branko. Bati tanto esperando ser aberta que cansei, fui até a do Dejan que ficava ao lado e logo fui atendido.

_Resolveu sair da toca? - ele brincou, e sabia exatamente o motivo disso.

_Aonde tá o Branko?

_Provavelmente treinando no quartel, ele e o Aleksandar já voltaram para lá.

_Por que ainda está aqui então? -perguntei desconfiado.

_O senhor Jones pediu. - e ele respondeu evasivo.

_Me leva até lá?

_Para que?

_Preciso bater em alguém antes que fique maluco de vez. Ou ser um saco de pancadas.

_Vamos. - sorriu perverso.

Hades' Daughter (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora