Capítulo 10

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Os exercícios eram diversos. Rivaille tinha uma imaginação ilimitada para treinar sua equipe. Um dia soltou galinhas no pátio e eles tinham que pegá-las vendados guiando-se apenas pelas instruções de seus colegas. Outro dia fez todos eles se equilibrarem no fio do DMT num teste de resistência, onde se algum deles desequilibrasse ou desistisse e caísse, todos os outros eram obrigados a recomeçar o exercício. Comumente os colocava lutando um contra o outro, especialmente Katrina e Annie, para treinar esta última a ter pleno controle e aproveitamento de seu dom. Ficava o tempo todo por perto, criticando, ensinando e esculachando por muitas vezes e os novatos começavam a entender porque os veteranos o respeitavam tanto. Ele era o melhor do esquadrão e não era a toa. Rivaille causava aquela fascinação que as pessoas muito boas no que faziam costumavam causar nos outros, mesmo que fosse um tipo difícil de lidar.

Todos os dias ele dedicava um pouco de seu tempo para conversar com o time, uma conversa particular com cada um. Rivaille acreditava na disciplina através da dor acima de tudo, usava as conversas apenas para aumentar a confiança entre os membros da equipe. E porque sabia que mostrar-se preocupado os faziam se sentir especiais, e quando eles se sentiam especiais eles também se tornavam mais leais, e quanto mais leais eles eram, mais eles se esforçavam.

– O que você acha dos recrutas, Geller? – perguntou um dia enquanto os dois descansavam embaixo de uma frondosa árvore, comendo amoras, bebericando chopp e fumando cigarros de palha.

– Você leva minha opinião em consideração? Desde quando?

– Desde que Gomez morreu.

– Não me diga que está pensando em mim para ser seu primeiro imediato.

– Na verdade não tenho muita escolha. Katrina em breve terá que ter filhos e vai ficar afastada por pelo menos um ano.

– Eu posso ser o pai dos filhos dela. As mulheres tem uma quedinha por mim, você sabe.

– Mesmo que seja, você não vai ficar afastado, ela que vai. Você nunca seria minha primeira opção, é tão presunçoso que chega a ser idiota muitas vezes, mas é o melhor que eu consigo nesse momento.

– Sua honestidade me fere, tenente.

– Seu cinismo também. Agora responda minha pergunta.

Geller deu de ombros, baforando o cigarro prazerosamente.

– A garota é bem gostosa.

– Fale sério pelo menos uma vez, Geller.

– A garota é muito poderosa. Apesar de não ter malícia. Ela precisa de malícia para se tornar boa. Por enquanto só consegue imitar o que vê e fazer o que lhe falam.

– Isso ela vai melhorar com o tempo. Ganhar mais iniciativa.

– Reiner é muito completo e experiente, muito centrado e parece ter bom senso. Eu de você o escolheria para ser primeiro imediato, e não a mim.

– Sugestão anotada.

– Agora Mika...eu me preocuparia com aquele garoto se fosse você. Ele é muito esforçado e dedicado, mas é muito jovem...tem a cabeça muito fraca.

– Você o dispensaria do time?

– Ah, com certeza não. Mas por que está me perguntando tudo isso? Você não é o tipo que precisa da opinião dos outros para tomar suas decisões.

– Por isso que tem que ser você meu primeiro imediato, Geller, e não Reiner ou Katrina. Você não tem medo de dizer o que pensa.

– Mesmo que isso me custe umas chamuscadas na pele de vez em quando – Geller deu uma piscadinha com seu jeito canastrão

Deuses e HomensOnde histórias criam vida. Descubra agora