Capítulo 18

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Eram quatorze cavalos avançando pela estrada em alta velocidade, levantando poeira e assustando os animais silvestres escondidos na pequena mata seca que pavimentava a estrada. O ar estava úmido anunciando uma grata chuva para o dia seguinte, e de jeito nenhum queriam ser pegos pela tempestade na estrada.

A lua fazia sua parte iluminando o pavimento, mas também contavam com lanternas presas nas cabeças dos cavalos e os faróis do único carro que os escoltavam. O comandante Huller, tão atencioso, havia enviado alguns de seus homens para garantirem seu seguro retorno. Talvez encontrassem o comboio de Tshuara no caminho, talvez não. A garganta de todos estava seca e os cavalos começavam a esboçar sinais de exaustão, mas não ousavam diminuir a marcha. Naquele ritmo alcançariam a muralha Maria ao amanhecer.

Rivaille começou a sentir os olhos em cima de si antes mesmo de Makali lhe dar o aviso de que alguma coisa os seguia na folhagem, ou Judith dar o sinal que não estavam sozinhos na estrada. Não podiam ser criaturas, elas não se moveriam tão rápido a noite. Podia estar sendo precipitado, ou não, mas Rivaille seguiu seu instinto e disparou seu sinalizador. Vermelho. Significava ataque.

Naquele momento os homens saíram das folhagens, alguns em cavalos e outros em motos, e partiram para cima deles num embate furioso. Os rostos pintados de verde os tornavam facilmente identificáveis — Bastardos — e a fúria com que atacavam mostrava que não tinham nada a perder. Não estavam ali para roubar ou para seguir, estavam para matar, para levarem o maior número de soldados junto com eles e eles não estavam de brincadeira.

Monrow ficou em pé num salto em cima de seu cavalo, com muito equilíbrio, ergueu os braços e gritou "escudo". Imediatamente um feixe de luz brilhante envolveu o comboio, no instante em que um dos Bastardos que lhe seguiam fazia cair uma chuva luminosa ácida em cima deles. Uma vibração passou por baixo e um ataque furioso atingiu-os de baixo para cima: cavalos e o próprio jipe capotou enquanto uma substância similar a uma lava vulcânica irrompeu de uma cratera no chão. O jipe capotou duas vezes antes de parar numa rocha à beira da estrada. O motorista e seu copiloto estavam mortos. Os sobreviventes saíram de lá atirando e acertaram dois bastardos numa moto. Um cavalo caiu em cima de Monrow, esmagando suas pernas. Ele gritava tão alto que poderia ser ouvido a quilômetros. Ele foi acudido por alguém de seu grupo que caíra do cavalo mas não sofrera nenhum ferimento grave. Diante deles uma cratera flamejante não permitia que continuassem. Os demais continuaram perseguindo os cavaleiros.

— Tenho que voltar, Monrow ficou para trás — bradou Makali e fez a volta com seu cavalo, para encarar os agressores de frente. Persei, como primeiro imediato, retornou com ele e paralisou os primeiros que vieram lhe dar combate em seus cavalos. Makali sacou uma espada muito afiada que havia ganho do pai de Tsuhara e cortou a cabeça de dois bastardos simultaneamente. Os corpos caíram dos cavalos inertes. Os cinco combatentes restantes prosseguiram na perseguição.

Geller encostou seu cavalo em Rivaille e gritou:

— Quais as ordens, tenente?

— Temos que derrubar o dotado deles. É um Sagat — isso era facilmente reconhecido. Sagats eram descendentes diretos dos Rivaille e tinham o poder das lavas vulcânicas.

— Mas qual deles é?

Sentiram o tremor de novo.

— Tirem seus cavalos da estrada! — gritou Rivaille, mas não soube dizer se foi ouvido por todos. A lava explodiu bem atrás deles, e ele viu mais dois cavalos caírem. Esperava que tivessem sobrevivido aquilo.

Katrina desmontou e raios cortaram a noite. Saiam de todos os lugares — dos céus, do solo, das próprias árvores. Rivaille deu a volta com seu cavalo e tentou reconhecer quem o acompanhava. Mika, Geller, Lud e Annie estavam ali, Judith estava um pouco mais a frente. Não havia sinais do outro membro do time Makali ou Reiner.

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