Capítulo 5

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Pov. Avô do Matheus

Era dezembro de 1955 e eu estava atrás de um balcão de uma loja onde trabalhava , eu era vendedor naquela loja que ficava no centro da minha cidade. A loja estava toda decorada com enfeites natalinos e havia muitos produtos como doces , bonecos de pelúcia em formato de bonecos de neve e brinquedos como pequenos trens e carrinhos nas prateleiras.

A loja estava bem decorada com enfeites natalinos e estava agitada com muitas pessoas fazendo compras , haviam casais fazendo compras juntos , haviam alguns fazendo compras para pessoas amadas e ainda era possível escutar crianças arrastando seus pais para comprar determinado brinquedo, eu vi em uma das fileiras que estava diante de mim um pequeno raposo vermelho ser puxado por sua mãe em direção ao balcão pela calda enquanto chorava pois queria pegar um trenzinho.

A raposa se aproximou do balcão enquanto puxava o filho que fazia birra pelo rabo , ela havia pegado um pacote cheio de bolas para por em árvore de natal e havia pegado um bolo com cobertura de morango.

A raposa colocou os objetos sobre o balcão e perguntou quanto tudo custava.

Eu disse o valor para ela quando somei o preço dos dois produtos que estavam nos adesivos.

Eu fiquei alguns minutos a observando enquanto ela tirava o dinheiro enrolado dentro de um pequeno bolso no vestido , ela ficou alguns minutos conferindo o dinheiro enquanto o filho dela chorava e dizia que queria um trenzinho , eu pude perceber pela expressão dela que ela estava cansada , como se tivesse passado o dia todo trabalhando, eu notei também que as roupas que eles usavam eram bem simples e pensei que talvez ela fosse uma empregada doméstica ou uma mãe solteira , nas poucas vezes que havia a visto na loja nunca a vi acompanhada de nenhum homem.

- Se comporta ! - disse ela dando um beliscão no menino que não parava de chorar.

O menino abriu a boca e começou a chorar enquanto ela colocou o dinheiro sobre o balcão e ficou o conferindo, ela demorou alguns minutos contando o dinheiro e ela parou para o recontar umas quatro vezes e quando ela notou que estava parado a observando ela me pediu desculpas e entregou o dinheiro na minha mão e perguntou se daria para comprar o que ela estava levando.

- Não prescisa se desculpar ! - disse para ela.

Eu contei o dinheiro e ainda havia sobrado troco para ela.

- Muito obrigado,você e um cara bondoso ! - disse ela enquanto pegava suas compras e ia virando as costas para sair dali.

- Eu estava esquecendo de te dizer uma coisa ! Feliz natal para você ! - disse ela se virando para a direção em que eu estava.

- Feliz natal ! - disse para ela.

Eu nunca tinha visto aquela mulher expressar um sorriso no rosto como antes , talvez a vida fosse muito dura com ela e sempre a via triste com aquela criança e sozinha o que só aumentava as suspeitas do que eu pensava , ela era uma mãe solteira.

Enquanto ela ia embora com a criança notei que algo me chamou atenção , ela parecia ser uma pessoa bem simples e aquelas compras eram caras e ela não estava sabendo conferir o dinheiro e estava até com vergonha de que eu o conferisse.

- Talvez ela seja uma mãe solteira , que more na casa da patroa com o filho dela e aquelas compras não eram para ela , e talvez ela seja analfabeta ! - Pensei enquanto a observava deixar a loja e  me sentia um pouco triste por perceber que ela estava em uma situação tão vulnerável.

Depois que aquela raposa se foi junto com seu filhote birrento um garoto hiena de dez anos se aproximou do balcão em que eu estava trazendo um trenzinho de brinquedo empacotado , ele entregou o dinheiro na minha mão eu o conferi e depois o coloquei em uma embalagem e ele feliz deixou a loja sem perceber os olhares maldosos dos outros dois vendedores que ficavam o encarando enquanto ele levava o presente , ele não percebeu também que o segurança do local estava o acompanhando o tempo todo enquanto ele escolhia algo para comprar.

Histórias Fragmentadas : Os Conflitos de Lucas  Onde histórias criam vida. Descubra agora