Resgate capitulo 2

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Autora Lucia Helena .

Capítulo revisado.

No ônibus

Helena encarava a janela, vendo a estrada desfilar como um filme acelerado. Pela milésima vez, se perguntava o que, de fato, havia acontecido. A carta permanecia intacta em sua mochila — não ousava desobedecer o que fora combinado. O medo era uma presença constante, pulsando no peito.

Lucas narrando

Faz três dias desde aquela ligação do meu pai. Confesso, tem sido um tormento. Tento manter o foco no trabalho, mas como fazer isso? No meu ofício, uma distração pode custar vidas — a minha e a da minha equipe.

Dias antes...

Como manter a mente firme? Que inferno.

Horas depois, já em casa...

O celular vibra. Meu coração dispara. Atendo.

— Pai?

— Lucas, está em casa?

— Sim, pai, estou.

— Ótimo. Escute com atenção e, por favor, sem perguntas: seus irmãos partirão hoje de madrugada. Se tudo correr bem, amanhã, por volta do meio-dia, sua irmã estará em Minas. Ela ligará de um número novo. Esteja atento.

— Não quer que eu ligue de volta? Nem para a mãe?

— Não. Após essa chamada, nada de contatos. Fique tranquilo, tudo vai ficar bem...

— Pai... Isso é uma despedida? O que está acontecendo?

— Lucas, sem perguntas. Sua mãe quer falar com você agora. Cuide dos seus irmãos, desconfie das pessoas, mantenha-se íntegro e justo.

— Filho...? — a voz embargada da minha mãe do outro lado.

— Bença, mãe...

— Deus te abençoe, meu menino.

— Diz pra Dorinha e Max que eu os amo...

— Precisamos desligar. Fiquem bem.

— Espera... mãe? Pai?! Alô? NÃO...!

A ligação caiu. Fiquei estático. A respiração presa no peito. Meus primos chegaram e me encontraram aos prantos.

— Lucas? Que foi isso, primo? — Dorinha, já chorando. Max, alarmado, não dizia nada.

— Meus pais ligaram... Foi uma despedida. Disseram que a Pequena e os meninos viriam ainda hoje de madrugada. Não me explicaram o motivo.

Um silêncio carregado caiu sobre nós. Até que Max quebrou:

— E quando eles chegam?

— Amanhã, de tarde. A Helena vai me ligar quando chegarem a Minas. Depois, seguem para o Rio.

— Mas por que tanto mistério? — Dorinha enxugava as lágrimas.

— Não sei, princesa... Não sei. E isso tá me destruindo...

Helena narrando

No ônibus, algum tempo depois, as crianças despertam, confusas e assustadas.

— Irmã... onde a gente tá? — Bernardo me olha, sonolento.

— Estamos indo visitar o Lucas e os primos, meu amor.

Breno começa a chorar, agarrado em mim.

— Tô com medo, mã... quero o papai...

— Mas por que, meu bebê?

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