Dezenove

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Até agora estou tentando entender o que Christian descobriu em relação a Melina, mas ele continua abraçado a mim. Tento acalma-ló para que me conte o que houve.

-Calma Christian. Eu vou pegar um copo da água pra você. Digo me afastando dele, vou até o filtro e encho um copo pra ele e  o entrego. Christian bebe tudo em um gole só. Parece que voltou ao controle de si. -Melhor agora? Pergunto olhando pra ele.

-Sim, obrigado. Ele diz fungando.

-Pode me contar agora o que aconteceu? Pergunto me sentando no sofá que fica no meu escritório, bato minha mão nele para que Christian sente ao meu lado.

-Primeiro preciso fazer algumas perguntas pra você Ana.

-Ok, pode fazer. Respondo não entendendo nada.

-Preciso que você me conte o que aconteceu no dia que nosso filho nasceu. Ele diz sério, estranho pois ele nunca me perguntou sobre isso quando me salvou.

-É muito difícil ter que relembrar esse dia Christian. Digo com a voz embargando.

-Por favor Ana, é importante que você me conte. Ele diz pegando minhas mãos e as segurando.

-Tudo bem. Respiro fundo e começo a contar.-Na casa onde Carrick me colocou só tinha uma empregada que me auxiliava em tudo, foi ela quem fez o meu parto. Na hora que nosso filho nasceu eu já estava muito cansada e sem forças. Minha visão estava embaçada não vi ele direito quando nasceu, mas lembro que não ouvi o choro do bebê, depois disso desmaiei. Quando acordei Carrick entrou no quarto e disse que meu filho tinha morrido, eu não acreditei. Então ele chamou Joana, que era a empregada que fez o meu parto. Ela entrou com nosso bebê no colo embrulhado em um lençol já sem vida. Ela disse que ele nasceu morto. Digo chorando por ter que relembrar o pior dia da minha vida. Christian chora comigo e me abraça.

-Por acaso Joana é essa mulher da foto? Christian me pergunta mostrando uma foto em seu celular.

-Sim, essa é a Joana. Porque você está me mostrando essa foto Christian? Pergunto sem entender mais nada.

-Essa mulher é a "mãe" de Melina. Diz fazendo aspas com os dedos na palavra mãe.

-Como assim Christian. Joana não estava grávida quando trabalhava para Carrick e Melina tem a idade que teria o nosso filho, nasceu dois dias depois dele. Falo confusa.

-Joana foi até minha casa procurando emprego Ana, chegou lá com uma bebê nos braços. Assim que vi a criança fiquei encantado. Fiz a entrevista com ela e a contratei. Fiz isso mais por causa da bebê senti uma ligação com ela de imediato.  Diz sorrindo.

-Essa bebê era Melina. Digo querendo desvendar o que tudo isso tem a ver comigo.

-Sim, Joana ficou pouco tempo trabalhando na minha casa, pois logo descobriu uma doença grave e morreu. Melina nem tinha completado um ano. Quando ela descobriu a doença me pediu que eu cuidasse de Melina, perguntei sobre o pai dela e ela disse que não sabia quem era. No fundo eu fiquei feliz, pois não tinha perigo de ninguém vim atrás da pequena e eu poderia ficar com ela. Joana passou mal na minha casa um dia antes de morrer, foi internada e me ligou falando que precisava falar comigo pessoalmente sobre um assunto urgente relacionado a Melina.  Eu disse que iria no dia seguinte vê-la. Porém ela morreu na madrugada daquele dia, ela não teve tempo de me falar o que queria. Christian diz balançando a cabeça em negação.

-Eu não tô entendendo o motivo de tudo isso Christian e também não entendo como Melina pode ser filha de Joana. Ela não tava grávida. Digo ficando apreensiva sobre o que estou passando na minha cabeça.

-Como você sabe eu expulsei Elena da minha casa ontem. Hoje fui até as coisas dela para juntar tudo e entregar a ela. Nisso encontrei uma carta endereçada a mim que Joana escreveu. Nunca soube dessa carta Elena a escondeu de mim todo esse tempo. Christian diz chorando.

-O que tem escrito nessa carta pra te deixar assim Christian? Pergunto já chorando também.

-Leia você mesma Ana. Ele tira a carta do bolso e me entrega. Pego com as mãos tremendo, já imaginando o que está escrito nessa carta.

"De Joana
Para Christian Grey

Senhor Grey, sei que minha vida está por um fio. Estou sentindo a morte vindo me buscar. Mas antes preciso consertar um erro que cometi, do qual me arrependo muito.
Melina não é minha filha, preciso que o senhor localize a mãe da pequena. O nome dela é Anastácia ex mulher de seu pai Carrick Grey. Não sei se sabe alguma coisa sobre o paradeiro dela. Mas preciso que devolva a filha para a coitadinha.
Sei que poderia ter falado tudo isso antes para o senhor, porém não sabia se o senhor era igual o monstro de seu pai. Então preferi conhecê-lo primeiro para saber se Melina não estava em risco. Com o tempo vi que o senhor é um homem bom diferente do seu pai. Sei que posso contar com você para que devolva a filha para a mãe.
Anastácia nunca me disse de quem estava grávida, sabia que não era de Carrick pois ele sempre chamava o bebê  de bastardo.
Quando Melina nasceu pensei que estivesse morta, pois nasceu  com o cordão umbilical no pescoço toda roxinha e sem chorar. Mas desenrolei o cordão de seu pescoço e bati em suas costas e ela chorou. Nunca me senti tão aliviada na minha vida. Carrick chegou nesse momento amaldiçoando a bebê, falando que Anastácia nunca ficaria com a menina. Que a jogaria no lixo, nesse momento disse que poderia ficar com a menina e ir embora com ela pra sempre. Ele pensou e aceitou minha proposta.
Disse que falaria para Anastácia que o bebê nasceu morto, ele comprou o corpo de um bebê morto de um hospital próximo e trouxe para a casa, para fingirmos ser o filho de Ana. Nunca me senti tão mal na minha vida por fazer uma coisa dessas. Mas precisava salvar a vida de Melina. Fui embora depois do enterro do bebê. Peguei Melina e fui pra distante dali. Um mês depois soube da morte de Carrick, fui atrás de Anastácia porém não achei nada sobre ela. Então vim atrás do senhor, achei que talvez pudesse me ajudar.
Não sei se estarei viva amanhã para ter essa conversa pessoalmente, por isso preferi deixar essa carta.
Por favor realize o meu último desejo, devolva Melina para a verdadeira mãe. Repare o meu erro senhor Christian.

                                        Ass: Joana "

Término de ler a carta com meus olhos repletos de lágrimas. Sinto dificuldade para respirar. Meu Deus. O meu bebê. O meu bebê está vivo e é Melina.

Grito de desespero, misturado com dor, alívio e felicidade. Christian me puxa para o seu colo e me abraça. Choro com a cabeça em seu pescoço. Soluço de tantas lágrimas que saem de meus olhos.

-Nossa filha Ana. Melina é nossa filha. Diz chorando e ao mesmo tempo rindo. Olho pra ele e sorrio também entre lágrimas.

-Nossa filha. Repito com felicidade.


Decidi ser boazinha e postei mais esse capítulo para vocês.

Como recompensa quero bastante comentários e não esqueçam de votar.

Até o próximo.

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