Bom, gente. Me desculpem... Originalmente, esse capítulo tinha apenas a Mon falando que fez sexo com a Sam. Agora, eu coloquei o sexo. Como são duas mulheres grávidas, eu pensei em fazer algo romântico. Imaginei os corpos barrigudinhos e o carinho entre as duas. Eu sou totalmente a favor de mulheres grávidas sendo tratadas como mulheres e não como carregadoras de bebês. Elas sentem desejos e fazem sexo. A posição, eu fiz ser aquela porque imaginei que seria mais fácil de fazer por causa das barrigas. Ainda mais a Sam que tá indo para o fim da gravidez e ela é a ativa. Espero que tenha ficado bom. E que quem ler goste. Eu quis fazer duas mulheres se amando com amor.
Com a morte do senhor Kirk, a fazenda ficou uma semana sem ninguém trabalhar. O luto é importante para o japonês. Quem não é japonês ou filho de japonês não entende. O japonês sofre mais do que qualquer um, só demonstra de uma forma diferente.
Como não se sabe, exatamente, quando o senhor Kirk morreu porque as notícias vindas da Itália para o Brasil demoram um tempo... O senhor Hamada fez um funeral simbólico. O corpo do senhor Kirk jamais virá para cá, todos sabem disso. Já enterraram ele por lá. Mas o altar com sua foto está na sala. Devemos sempre fazer a reverência quando entramos na casa para mostrar respeito aos familiares que se foram, antes de cumprimentar os vivos. Por isso, eu falo como é importante o luto para o japonês. Sempre se reverencia quem se foi porque ela nunca é esquecida.
A perda de alguém é algo que dói, eternamente. Algumas mães nunca mais voltam a sorrir, depois que perdem os filhos porque sentem que, se forem felizes sem eles, os filhos vão sofrer. É algo que quem é daqui do Brasil nunca vai entender. Nem mamma entende. Mas otou-san já disse que é assim no Japão.
O luto é algo muito sério e a família é muito importante. O altar tem sempre que estar lá e o respeito também. E nunca devemos deixar de fazer o Obon para guiar os parentes e amigos de volta para casa, e depois guiar eles de volta para o mundo espiritual. Nunca se deve esquecer quem se foi. Nunca, mesmo.
Sam parou de sorrir e voltou a ficar calma como sempre. Eu acho que a realidade chegou até ela. Mas ela está como sempre, o que pode mostrar que ela não liga para a morte do marido. Ou ela está só sendo como todo japonês é, não demonstrando. Ela pode ficar calma e tranquila porque tem a família do marido pra ajudar. Quem não tem, deve entrar em desespero. Eu entraria, se Chin morresse. Como eu cuidaria de um filho sem um homem? Mulheres com filhos e sem maridos passam dificuldades. Eu não engravidei pra ter um filho e não conseguir alimentar ele.
O Ano Novo, chamado de Ganjitsu, será amanhã. E essa é uma data importante para o japonês. Antigamente, o Ano Novo era de acordo com o calendário lunar, no início da primavera. Mas o imperador Meiji mudou para o calendário europeu. Então, o Ano Novo passou a ser primeiro de janeiro. Mas alguns eventos mais tradicionais são celebrados no calendário Tenpō, o antigo calendário.
Esse ano, não teremos os nengajō, que são os cartões postais de Ano Novo que enviamos ou recebemos. Pelo menos, não faremos isso em respeito à morte do senhor Kirk. Porque, como eu disse antes, não se pode enviar no primeiro ano da morte. Mas os parentes e amigos podem mandar os mochū hagaki, que são cartões de luto. Só que não queremos enviar esses cartões uns para os outros.
Mamma envia cartões de Natal, mas meu pai sempre enviou os cartões de Ano Novo. É diferente, mas é a mesma coisa. Então, eu sempre enviei os dois cartões. O que é divertido. Os japoneses estranham os cartões de Natal porque eles não comemoram o Natal. E os católicos estranham os cartões de Ano Novo. Mas, pra mim e Nop, é divertido.
Além disso, todos os cartões são feitos a mão. Como eu não sei escrever, sempre fiz um desenho. Nop sabe escrever em japonês e faz a caligrafia shodō. E escreve coisas como... Felicidades para você no amanhecer. Feliz Ano Novo. Início da primavera. Coisas assim... Para desejar algo auspicioso.
Eu gostava do costume de ganhar dinheiro, quando era criança. Esse costume é chamado de otoshidama. E o dinheiro era dado nos envelopes chamados de pochibukuro. Otou-san sempre dizia como as famílias ricas, antigamente, davam os envelopes junto com uma mexerica para as crianças e espalhavam a felicidade. Eu gostava e me divertia por ganhar uma moeda de presente.
Bom, os três primeiros dias do ano são importantes porque os Sete Deuses da Sorte saem dos céus e chegam aos portos no Takarabune, o Navio do Tesouro. A imagem do navio sempre está nas celebrações. E nas celebrações sempre empinamos pipa, o takoage, ou jogamos pião, o koma. Mas no Japão tem os outros jogos, só que não achamos eles aqui. Então, só brincamos com o pião ou empinamos a pipa.
No dia quinze de fevereiro, comemoramos o koshōgatsu. Ele é o Pequeno Ano Novo, quando acontece a primeira lua cheia do ano novo, no décimo quinto dia do calendário lunar. Se ora para a colheita e se come o azukigayu, que é o mingau de arroz com feijão. É depois disso que as decorações do Ano Novo são queimadas no fogo sagichō ou dondoyaki. Aqui, fazemos algo simbólico sobre isso, também, porque é muito importante.
Eu só contei umas coisas, mas tem mais coisas. E agora eu vou contar o que fazemos no dia de hoje, trinta e um de dezembro. Hoje é o ōmisoka. Antes, era realizado no último dia do calendário lunar, mas agora é no último dia do ano.
No último dia do ano, nós fazemos a osoji, que é a limpeza de tudo. Então, pagamos nossas dívidas, limpamos a casa e tomamos banho. Também fazemos a purificação para expulsar os espíritos malignos e o azar.
Como eu não tenho dividas porque nem compro nada, estou livre de pagar as dúvidas. Mas tive que ir para casa limpar ela toda. E depois tomei meu banho em casa com Chin. O que não foi agradável. Eu só gosto de tomar banho quando é com a Sam.
Bom, no Ōmisoka, nós nos preparamos para a chegada do Deus Toshigamisama, deus do Ano Novo. Ele desce das altas montanhas para trazer a felicidade no primeiro dia do ano.
Para os deuses entrarem em nossas casas e não se perderem, nós penduramos uma coroa shimenawa e uma decoração kadomatsu na frente das nossas casas. Então, todas as casas, até as mais simples, estão com a decoração e a coroa.
Dentro de casa, colocamos um kagami mochi, que são dois bolinhos de arroz. Onde o bolinho maior fica embaixo do menor e uma mexerica perto dos dois. Mexerica, no japonês, é daidai, que significa várias gerações. Isso é feito em dedicação aos deuses que cuidam de todas as nossas gerações.
Os patrões vão comer o toshikoshi soba, que é o macarrão longo e fino. Comer esse macarrão significa que estamos passando de ano, o chamado toshi-koshi. Nós, os pobres, vamos comer macarrão comum e esperamos que os deuses entendam nossa pobreza.
Depois de comer o macarrão, no Japão, as pessoas vão aos templos para o bater dos sinos. Todos os templos do Japão tocam os sinos cento e sete vezes antes da meia noite e mais uma vez quando der meia noite. Isso é chamado de joya no kane. Cento e oito são as tentações que causam dor no homem. O toque dos sinos livra o homem dos pecados. Por isso, se tocam tantas vezes. Para espantar uma a uma das tentações..
No primeiro dia do ano, os japoneses sobem até as grandes montanhas ou terras altas só para ver o nascer do sol, no chamado hatsuhinode. Depois vão e oram nos templos, no chamado hatsumode. Eles vão antes da meia noite e esperam dar a meia noite, ou vão no outro dia. Também podem ir até o dia três de janeiro porque são três dias de feriado no Japão para comemorar o Ano Novo. E os templos vendem os amuletos chamados omamori. Os antigos amuletos são queimados pelo templo. E no próximo ano, os amuletos são trocados outra vez.
Eu deveria passar o ano novo com Chin, mas disse para ele que Sam está passando mal e precisa de mim. Na verdade, sou eu que estou passando mal de estar perto dele e quero passar o Ano Novo com Sam.
Ver o nascer do sol é algo que eu quero muito fazer. Não com ele. Ele entendeu que ela tem o bebê e me deixou ir ver ela. Então, eu subi correndo e feliz. Entrei na casa e fiz a reverência para senhor Kirk, esperando que ele entenda que eu estou indo ver a esposa dele, mas ela não é mais esposa dele. Eu não sei, prefiro pensar assim. Ou que ela é a esposa dele, mas também é minha.
Passo pela casa que está silenciosa. Nem a bebê está chorando. Deve estar dormindo. Jim e Mhee foram para a casa delas com seus maridos. Hoje, é um dia especial. Todos merecem comemorar.
O dia do ano novo é considerado um momento de aniversário do japonês. Todo ano, os japoneses comemoram o Ano Novo como mais um ano de vida como um aniversário. E isso é bem bonito. O aniversário é o ano novo e o dia do nascimento. Também é o dia dos meses de gravidez. Ah, são muitas festas diferentes e especiais, né?
Então, vou e abro a porta do quarto de Sam. Ela está deitada na cama lendo. Está tranquila como sempre e sinto, sei que estou onde deveria estar. Ela me olha surpresa. Eu sei que ela pensou que eu ficaria com ele, mas eu não poderia. Não hoje. Eu deveria passar essa data com ela.
— Sakuranbo... — Ela sorri.
— Vim aqui ficar com você, né? — Sorrio também.
— Vem. — Ela bate ao lado dela na cama e eu me deito também.
— Quer ver o nascer do sol comigo, Ume? — Olho para ela sorrindo.
— Assim como as flores da Ume estão nascendo. — Ela sorri.
E ficamos deitadas uma ao lado da outra. Ela me entrega um livro e me manda praticar. Eu leio o que consigo ler. Sinto meu bebê mexer. Ele quase não mexe quando estou com Chin. Parece que ele não se sente em casa lá com ele. Acho que ele sabe que o lar dele é aqui com a Sam.
O tempo passa e vejo que somos duas grávidas com muito sono. Os bebês estão dormindo em paz, mas nós estamos caindo e levantando para ficarmos acordadas. Não podemos dormir e esquecer de ver o sol nascer. Pelo menos, isso devemos ver. Isso dá sorte para o novo ano e precisamos ter um ano de mil novecentos e quarenta e cinco mais feliz. E que a guerra acabe esse ano! O Japão ainda luta bravamente. Como diria mamma, Amém!
— Sinto fome. — Sam faz uma cara de tristeza.
— Deveria ir comer o macarrão com os senhores, né? — Eu dou uma olhada preocupada.
— Não vou te deixar aqui sem comer, né? — Ela me olha meio assim.
— Ah, pega um bolo lá dentro e me traz depois, Ume. — Sorrio de leve e toco o rosto dela.
— Vou fazer isso, Sakuranbo. Me espera que eu já volto. — Ela se levanta e coloca a mão na barriga.
Ela pára na porta e me dá um sorriso. Então, sai e fecha a porta. Eu toco minha barriga de novo e suspiro. Sei que meu bebê está mais feliz e eu também estou mais feliz aqui. Eu estou em paz.
Sam volta depois de um tempo. Ela me traz o bolo e também traz uma mexerica porque mexerica é algo bom, né? Eu me alimento bem feliz porque meu bebê está bem alimentado também.
Nós ficamos tranquilas, conversando e lendo até dar meia noite. Um sino é tocado na fazenda. Senhor Hamada sempre faz questão que se toquem os sinos. Sinto que é como se fosse a última vez que eu fosse ver a Sam esse ano porque ele está no fim. Então, resolvo dizer pra ela ter um bom Ano Novo.
— Yoi o-toshi wo, Ume. — Sorrio para ela, enquanto os sinos tocam.
— Yoi o-toshi wo, Sakuranbo. — Ela sorri também.
Os sinos continuam a tocar e eu falo para meu bebê o mesmo que falei para Sam. Tenha um bom Ano Novo, coisinha pequena da mamãe. Nem parece que eu não quis ele no primeiro momento. Agora, eu amo ele mais do que tudo e não vejo a hora de ver ele. Ver o rostinho. Os olhinhos. Ver ele sorrindo. Eu vou dar o meu melhor para ele ter uma vida boa e ser grande na vida. Ter uma vida melhor que a minha. Vou cuidar dele sempre. Eu não poderia deixar de desejar para ele também. E acredito que Sam está fazendo o mesmo.
— Yoi o-toshi wo, Taiyō. — Coloco a mão na barriga de Sam.
— Yoi o-toshi wo, Sora. — Ela coloca a mão na minha barriga também e nós ouvimos os últimos sinos serem tocados.
Nós combinamos que nossos bebês vão se chamar sol e lua. Vamos tentar convencer os homens que esses nomes são os melhores. Eu vou tentar convencer Chin e Sam vai tentar convencer o senhor Hamada. Agora, o senhor Hamada ficou no lugar do Kirk para decidir as coisas para ela. Os homens que escolhem o nome.
— Akemashite omedetō, Ume. — Digo parabéns pelo ano novo assim que o último sino se toca.
— Akemashite omedetō, Sakuranbo. — Ela sorri e falamos o mesmo para nossos bebês.
— Esse ano vai ser o melhor de todos, né? — Eu continuo a sorri e toco o rosto dela.
— O melhor de todos, Sakuranbo. — Ela vem e me beija e eu sinto todos aqueles sentimentos no meu peito.
Nós resolvemos, então, que o melhor agora é passar o tempo fazendo certas coisas que eu não vou te dizer porque você vai me chamar de desfrutável, por eu ser uma mulher grávida. Nem vou imaginar o que você vai chamar Sam. Ela é uma mulher grávida e viúva. Vamos fingir que eu e ela esperamos até quase a hora do sol nascer conversando sobre bordado, né?
Não, eu vou contar para você ver como duas mulheres grávidas se amam e não deixam de sentir amor, mesmo estando grávidas. Porque o amor é lindo em todas as suas formas.
Nós duas estamos deitadas de frente uma para a outra. Nos beijamos e fazemos carinho uma na outra. E eu amo fazer isso. Sentir os lábios do meu amor nos meus. Sentir nossas línguas conversando assuntos que somente elas sabem. Segredos que somente elas compartilham.
Me afasto e olhão para o rosto de Sam. Eu sinto tanto amor que até dói em meu coração. Não uma dor ruim, uma dor boa e gostosa. Dói porque é tanto que não cabe no meu coração. Ele é tão pequeno e meu amor é tão grande. É tão grande!
Você sabe o que é sentir isso? Sabe como é olhar para a sua amada e sentir tanto que você parece ser tão pequena. Como se você fosse um copo d'água transbordando. Eu não suporto mais viver sem ela. Minha vida vai ser horrível sem ela. Porque ela é as estrelas brilhantes que iluminam o meu céu escuro. É como a lua cheia, deixando a noite clara. Ela me ilumina e eu me sinto luz.
Fico olhando os olhos dela. Eles brilham de uma forma que parece o sol. São tão lindos. A cor escura na cor é tão perfeita. Eu acho tudo nela tão perfeito. São os lábios macios e que se encaixam tão perfeitamente nos meus. É o nariz que me dá vontade de sair dando beijinhos.
Suspiro, fecho os olhos e beijo um olho, beijo o outro. Beijo o narizinho. Beijo uma bochecha. Beijo a outra. Beijo a testa. E beijo os lábios. E eu sinto tanto amor. Ela é a mulher dos meus sonhos. Eu sonhei com ela todos aqueles dias. Ela fez moradia no meu interior. Construiu uma casinha, fez uma plantação, pegou um cachorro e um gato. E agora está na varanda vendo a luz do sol que ela acendeu no meu coração. Está se querendo na luz do sol do meu coração.
Nos beijamos e retiramos nossas roupas. É sempre assim desde aquele primeiro dia. Fazemos com calma e amor. Os toques calmos. E nossas barrigas não atrapalham, pois aprendemos a ficar em posições que nos deixam nos amar com amor e carinho, sem fazer mal para nossos bebês. Eles sabem que nos amamos. E eles nos amam. Nosso amor passa para eles.
Nos beijamos e nos tocamos, passamos nossas mãos uma pelo corpo da outra. Eu vejo o corpo dela e penso que ele é lindo, perfeito, tão... Nossa! Ela é tão perfeita e linda! O corpo todo perfeito em cada pintinha, cada pedacinho dela. E sinto que ela pensa o mesmo sobre mim.
Nós duas passamos as mãos uma pela outra. Nos beijamos com calma e amor. E já sabemos onde tocar, como tocar, quando tocar. Aprendemos aos poucos, sempre com amor e carinho. Além do cuidado. Então, os beijos são nos pontos certos. As mãos passam pelos pontos certos.
Passo a mão pelo rosto dela. Ela passa a mão pelo meu. As mãos se passam pela pele arrepiada. Tocam os seios que estão arrepiados. Passam pela cintura, pelas pernas e braços.
Me sento na beirada da cama. Deito as costas na cama. Deixo minhas pernas para fora, abertas. Ela passa por mim e se ajoelha. As mãos são delicadas ao me tocar. Os lábios são macios ao me beijar. A língua é macia. Passa pelo meio e arrepia meu corpo inteiro.
Eu amo ser tocada por Sam. Sinto que não teria isso com outra. Parece que eu fui feita para ser dela. Parece que eu fui feita para ser amada por ela, tocada por ela. Ser somente dela por toda a vida. Pertencente à ela.
E quando eu seguro os lençóis, sentindo ondas de prazer pelos toques que ela me dá, tudo o que eu penso é sobre como eu a amo. Amo tudo. E eu sou dela. Não sou de mais ninguém. Só dela. Fico feliz que ela seja minha de volta e esteja aqui comigo. E estaremos por mais um ano. Tudo isso, me leva ao êxtase de saber que eu amo e sou amada.=\=
— O sol já está pra nascer, Sakuranbo. — Sam se levanta e coloca a roupa.
— Temos que correr, Ume. — Eu também coloco rápido.
Saímos correndo e vemos o senhor Hamada com senhora Yha indo vendo o sol nascer com a bebê no colo. Eles nos olham surpresos, mas passamos reto. Vamos com uma vela até onde está a sakura, mesmo que seja perigoso. Decidimos que o melhor seria lá porque é nosso lugar especial. E tomamos todo cuidado pra nenhum bicho morder a gente. Estamos com pedaços de pau e col botas para impedir algum bicho de nos morder.
Então, chegamos ao ponto onde está a sakura. Ela dá o braço para mim e ficamos de braços dados. Eu toco minha barriga e ela toca a dela. Somos nós quatro. Sempre seremos nós quatro.
O céu vai saindo daquela cor escura, indo para um preto alaranjado e vermelho. Uma cor tão linda no verão. O dia já está quente. Dizem que vai chover em breve. A época das chuvas está chegando e sabemos disso.
— Eu te amo, Sakuranbo. — Sam toca meu rosto assim que o sol começa a apontar.
— Eu também te amo, Ume. — Dou um beijinho no nariz dela e olhamos para o sol nascer.=/=
Sam foi ao templo com senhor Hamada e a senhora Yha para as orações e comprar os amuletos. O senhor Hamada não aceitaria me levar. Muito menos, a senhora Yha. Ela não suportaria me ter no mesmo carro que ela. E eu não caberia lá. Então, eu voltei para casa.
Sam me disse que vai comprar o omikuji, que é o oráculo. Se ele prever coisas ruins, a gente deve amarrar ele numa árvore no templo. Um amuleto da sorte vem sempre junto com o oráculo.
Ela disse que quando tivermos nossa casa, vamos fazer o ninenmairi. Esse é parecido com o hatsumode, mas ele é feito tanto no dia trinta e um quanto no dia primeiro. São duas formas de comemorar o ano novo. No ninenmairi, escrevemos os desejos para o novo ano em umas plaquinhas de madeira e as penduramos. Depois, comemos o toshikoshi soba uma hora antes da meia noite.
— Não podemos ir ver otou-san? — Pergunto para Chin porque não suporto ficar com ele.
— Podemos. — Ele se levanta e me espera.
Saímos andando lado a lado. Ele quase nunca é de falar muito. Só falamos o necessário. Otou-san também não é muito de falar, mas fala bem mais que Chin. Mamma sempre fica falando com ele. Ela não aguenta ficar calada. Então, sempre puxa assunto. Ele responde, às vezes. Acho que ela já se acostumou. Eu também já me acostumei com o silêncio de Chin. E até prefiro ele.
Somos recebidos por meu pai. Entramos em casa e mamma vem e me dá um abraço. Sorri para a minha barriga. Diz que eu preciso comer mais e me dá comida pra comer. Pobre é uma coisa, né? Pode estar passando a maior dificuldade que sempre tem um jeito de dividir o alimento. Ricos não são assim. Sam é assim, mas senhora Yha não é. Ela prefere que apodreça do que dar pra gente comer. Ela dá para os porcos, mas não dá pra gente.
E, por falar nessas coisas, o senhor Hamada está nos pagando com alimentos. Só que não é tanto assim. Acho até que tínhamos mais alimentos antes. Se não fosse por Sam, Jim e eu estaríamos passando fome com nossos bebês. Acho que senhor Hamada não está tendo muito e está nos dando o que tem. Ele não é tão ruim quanto a senhora Yha.
— O Japão está indo muito bem na guerra. — Otou-san comenta com Chin.
— Isso é bom, né? — Chin responde.
— Se não fosse pela gratidão que tenho por Hamada, estaria na fazenda dos Souza. — Ele fala sobre a fazenda ao lado.
— Eu também. — Chin concorda e fico pensando que, se ele decidir ir embora, eu vou ter que ir junto e não vou suportar isso.
— Mas se ele trair o Japão como o filho dele fez, eu não fico mais aqui. — Otou-san fala e Chin fica quieto dessa vez, o que me deixa mais aliviada porque acho que ele não concorda tanto assim.Mon pedindo perdão pro defunto por ser uma comedora de casadas. Eu no lugar dela teria medo do morto vir e puxar meu pé. A cara de pau todos os dias fazendo a reverência para o morto e indo comer a mulher dele. Nem a barriga impede essa aqui. E ela mentindo pro marido. Na verdade, a comedora de casadas é a Sam né? Agora ela é viúva e ela é a ativa. Nem quase parindo ela deixa de comer. Mulher é um bicho. Os cornos que se cuidem. Luto pra que, se a Sam quer a Monmon?
Para esse eu usei en.wikipedia.org e japan.travel. Um adendo importante: o Ano Novo japonês seguia até o ano de 1800 e bolotas o calendário lunissolar chinês. Esse calendário é usado até hoje na China, Coréia do Sul, Singapura, Vietnã, Mongólia... O Japão ainda usa, mas é mais em coisas tradicionais. E caso queiram saber, na Tailândia o ano novo é em abril e também no primeiro dia da quinta lua crescente, no calendário lunar tailandês e ele é chamado de Songkran. Asiáticos amam uma lua. Como a lua lá do céu, meu amor é teu Rapunzel. Parei. Fui.
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Illicit Affairs (REPOSTAGEM REVISADA E MELHORADA)
FanfictionApenas mais uma fic Monsam com nome de música da Taylor Swift. Mas essa aqui é de um caso ilícito. Aqui tem menção á história de verdade. Quem quiser aprender um pouco sobre cultura japonesa, história do Brasil, Japão e da 2 Grane Guerra, esteja à v...