生まれる

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Eu sempre penso sobre como posso escrever declarações de amor e ser algo único porque eu sempre penso que todas as palavras já foram usadas antes e estamos sempre em um eterno copiar e colar de coisas já ditas por alguém algum dia em algum momento na história da humanidade. Só mudamos a forma de falar, mas o contexto está sempre lá. E obrigada pelos mil views. Eu nunca acho que vai chegar à isso, mas obrigada a quem lê sempre. Obrigada a quem veio e se foi. Uma flor para cada. Espero ter planejado uma história que agrade a maioria. Geralmente eu pesquiso em sites em inglês porque eles possuem mais informações. A Wikipédia em inglês é outra coisa. Mas vamos para mais um capítulo... Eu estou passando o tempo porque a vida em uma fazenda é um tédio e monótona. Para esse eu usei yjc.tokyo.

    Chegamos ao fim de fevereiro. Sam está cada dia mais perto do nascimento do bebê. A senhora Yha está cada dia com menos paciência com o bebê dela e como tudo. Ela costuma deixar a bebezinha com Mhee. A coitada precisa cuidar da casa e da bebê. E eu sei que isso seria o que ela faria comigo se Sam não tivesse me salvado. O que me faz sentir gratidão, mas, também, tristeza por Mhee. Ela não tem ninguém para poder a salvar.
    Meu bebê já está grandinho e sempre chuta minha barriga. Tenho certeza de que ele vai ser jogador de futebol. Vai jogar lá no Corinthians. Vai fazer muitos gols. Vai jogar naquele time terrível que só perde. Mas se não jogar, tudo bem. Sorte a dele porque não vai passar vergonha, perdendo todos os campeonatos de futebol. Eu não ligo se ele não jogar, mas ficaria feliz se jogasse. Só quero que ele venha com saúde mental para aguentar torcer por aquele time que só perde. Eu já disse que ele só perde? Otou-san disse que o Corinthians deveria melhorar, mas que está difícil.
    Eu amo tanto meu bebê que vou ser feliz de qualquer forma. Vou torcer por ele em todos os jogos, se ele for jogador, e vou lavar o uniforme amarelado. Mas, se ele não jogar, vou ensinar para ele que o Corinthians é o melhor time do mundo. Porque, se o time ruim perder, ele ainda vai amar.
    Foi assim que Otou-san me ensinou, depois que viu o Corinthians jogando na várzea lá em São Paulo antes de eu nascer. Ele disse que o amou assim que o viu. E não se importou se o time não era o mais vencedor. Ele tinha uma raça tão grande que otou-san disse que, um dia, essa raça conquistaria o Brasil todo. E, talvez, até o Japão. Espero que aconteça porque se tem algo que meu pai sorri ao falar, que não é do Japão, isso é o Corinthians, mesmo que perca. Acho que isso é o que ele diz ser fiel e que só a torcida do Corinthians tem. Ela está lá, mesmo que perca. E meu bebê será assim. Eu vou ensinar.
    Sam tem ficado mais na cama porque o fim da gravidez deixa a mulher muito cansada. O corpo fica mais frágil. Ela está inchada e com dores. Eu trago a janta, o almoço e o café para ela comer no quarto. Sempre tenho cuidado dela, mesmo minha gravidez já estando quase de oito meses no calendário do Brasil. O que é algo difícil para mim também.
   Os deuses resolveram que nós duas seríamos mães quase na mesma época. E eu já não aguento muito comigo mesma porque tem horas que me sinto cansada. Mas cuido dela porque é meu trabalho. O senhor Hamada não vai contratar alguém para ajudar Sam. Ele já me contratou. É minha obrigação.
    Trago o café da tarde para Sam e ela me olha assustada. A cama dela está molhada. Eu acho que sei o que isso quer dizer. O bebê está chegando. Ele escolheu ser de aquário para ser seco igual ao pai. Como pode aquário ser seco? Ele é um aquário. Ele tem água. Parei. Mamma deveria parar de me ensinar essas coisas de signos que ela aprendeu com as brasileiras.
     — Vou avisar o senhor Hamada. — Me desespero.
    — Chame a parteira. — Ela parece não querer que o senhor Hamada venha.
    — Tudo bem. — Saio correndo e vou até o escritório do senhor Hamada porque ele precisa saber, mesmo que ela não queira. — Senhor Hamada, desculpe incomodar. O bebê da Sam está nascendo.
    — Sim. Chame a parteira. — Ele se levanta mais afobado do que eu, parecendo estar ansioso para saber sobre quem vai ser o bebê, menino ou menina. E não duvido, pois ele não tem mais nenhum herdeiro homem.
    — Sim, senhor. — Saio correndo e vou chamar a senhora Yoko.
    Nós subimos com pressa. A senhora Yha está na porta, enquanto Mhee está com a bebê no colo. A bebê está mamando na mamadeira. A senhora Yha não se importa com a bebê e não a amamenta.
   NJaponesas costumam cuidar muito dos bebês, mas a senhora Yha não é assim. Ela só cuidaria se fosse um menino. Tem japonesas assim, mas são poucas. E a senhora Yha é assim, uma das poucas que fazem isso. O que faz qualquer um pensar que as japonesas são iguais à ela. Não são. Ela quis dar o golpe no senhor Hamada e deve estar esperando engravidar de novo para ter o filho homem. Mas não quer saber da menina.
    Senhora Yoko entra no quarto e eu fico esperando do lado de fora porque o parto tem que ser com calma. Então, fico encostada na parede, preocupada com o nascimento. Quando a senhora Yoko abre a porta, penso que é para pedir as coisas para o parto, mas não é. Ela pede para eu entrar porque Sam pediu para eu ficar com ela. Só depois, ela sai e vai pedir as coisas para o parto.
    — Fique aqui comigo. Eu preciso de você. — Sam segura minha mão com força.
    — Eu tô aqui, Ume. — Dou um beijo na mão dela.
    O parto corre bem. Dura um tempo, mas é bem calmo, assim como a Sam é. Eu acalmo Sam o tempo todo, mas ela é uma lady todo o tempo. Senhora Yoko me dá instruções de como acalmar Sam para que o bebê saia com calma. Ela está só um pouco nervosa e com medo, mas parece estar muito feliz ao mesmo tempo.
    Acho que vou estar da mesma forma. Com muito medo. O primeiro parto é sempre assim, né? Todas as mulheres ficam nervosas e com medo, ao mesmo tempo que ficam felizes. Mas Sam é calma como uma lady. Quem vê de fora, pensa que ela está muito, muito calma e nem sente medo. Mas eu sei que ela sente. Sei porque ela segura minha mão e me olha, como se falasse que eu preciso garantir que nosso bebê vai vir forte para o mundo. É o que eu faço. Eu garanto.
     E quando o bebezinho nasce, é um menino gordinho e fofo. Meu coração se enche tanto de alegria e amor. A senhora Yoko entrega o bebê para Sam e ela dá um beijinho na cabecinha dele. Ela disse que seria um menino e acertou. Eu ainda não sei o que vai ser o meu bebê. Será que sou uma mãe ruim? Não sei, mas Sam e eu estamos felizes com nossos bebês.
    Por um momento pequeno, senhora Yoko sai para dar a notícia para o senhor Hamada que está esperando na sala. Somos só nós duas aqui com nosso bebezinho que parou de chorar e está calmo, mamando, após a senhora Yoko dar um banho e enrolar ele num pano bonito que Sam tinha guardado do enxoval do bebê. Não tem mais ninguém além de nós duas e o bebê mamando.
    — Nosso filho nasceu. — Ela sorri e eu começo a chorar, já que antes eu tinha que me controlar porque seria estranho eu chorar tanto assim.
    Vou dar um beijo em Sam, mas senhora Yoko volta com o senhor Hamada, que está feliz e emocionado da forma dele. Eu entendo bem o que ele deve sentir. É o filho do filho que morreu. É a continuação do legado dele. E, por mais que agora sejamos Sam e eu, Kirk nunca poderá ser apagado. Ele é o pai. Vai estar sempre presente na vida do bebê. Assim como Chin sempre vai ser o pai do meu bebê. Eu não vou poder apagar isso nunca.

Illicit Affairs (REPOSTAGEM REVISADA E MELHORADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora