Em Meio Ao Mistério

11: Jornal do dia

    Cristopher passeava pela sala contornando a mesa de madeira em tom escuro que ficava em frente suas prateleiras repletas de livros, sua postura estava estranhamente relaxada, já diferente da feição de seu rosto. Com as sobrancelhas franzidas ele parecia preocupado, já fazia por volta de uns quinze minutos que ele parecia pensar seriamente em algo, deduzo ser o que ficamos por horas conversando.

   Infelizmente não conseguimos chegar a lugar nenhum, o caso parecia mais um quebra-cabeça onde nenhuma das peças que foi nos dado se encaixavam até agora.

   Esse filme de suspense continuava sem previsão para acabar, o monstro ainda se escondia nas sombras sem uma face nítida, o motivo ao qual ele teve para aterrorizar suas vítimas ainda era o principal mistério.

   Não existia um padrão entre as "vítimas" na minha família. Primeiro foi um assassinato, em seguida um sequestro e por último ameaças, assustadoras ameaças.

   Me pergunto se meu pai ou Madeline passaram pelo mesmo que estou passando, recebendo ameaças de início. Será que eles foram primeiramente ameaçados antes de acontecer o que aconteceu com eles?
   Meu pai já sabia que iria morrer? E não fez nada para impedir ou pedir ajuda?

   Não faz sentido, principalmente com Madeline, do jeito que é medrosa acho muito difícil dela ter recebido ameaças e não ter contado a ninguém, principalmente após seu esposo ser assassinado na rua.

   Tudo era estranho, a situação era totalmente estranha, nada se encaixava, pistas, acontecimentos, possíveis suspeitos, absolutamente nada fazia sentido e isso já estava nos deixando loucos.

   Cristopher havia usado uma luz negra nas cartas que recebi, segundo ele a luz mostraria digitais deixadas no papel, com o coração a mil pela ansiedade passamos a luz em cada parte das folhas torcendo para encontrar algo relevante.
   Mas infelizmente, com nossa grande maré de sorte pra não falar ao contrário, não achamos nenhuma digital que não fosse minha ou dele.

   Esse homem misterioso é muito mais do que bom no que está fazendo e isso só está me deixando mais apavorada ainda. Eu só queria ir embora desse lugar em direção a um país bem longe, fugir de verdade.

   Mas penso que esse monstro pode me perseguir e eu não teria ninguém para me ajudar lá fora, aqui ainda por sorte tenho Cristopher e Bryan que me ajudam como podem.

   Estou presa em um beco sem saída, sem casa para voltar, sem pais para pedir ajuda, sem poder ter a minha vida de volta.
   Vivendo com medo e paranoica, passando muitas noites sem dormir, comer ou relaxar. Sinto que a todo momento alguém está bem atrás de mim me observando e aguardando a hora certa para me atacar e isso é desesperador.

   Não saber em que se pode confiar, esse homem misterioso pode ser qualquer pessoa e principalmente quem menos imaginamos, pode ser o carteiro, o moço da padaria, o delegado, o vendedor do carrinho de pipoca. Qualquer pessoa.

— O que está pensando? — perguntei curiosa, já também impaciente de ver que ele logo abriria um buraco no chão se continuasse andando daquela forma

— Sua madrasta não tinha um cachorro? — perguntou sem me olhar

— Sim — o encarei confusa — Ela tem um buldogue

— Mas não encontramos o cachorro na casa — seu rosto virou em minha direção com um sorriso vitorioso nos lábios — Não acha isso estranho?

— Lembro de ter visto a coleira dele jogada na cozinha — dei de ombros

— Acha que o sequestrador teve a bondade de levar o cachorrinho da madame para que ele não ficasse sozinho? — voltou a se sentar em minha frente — Me poupe, ninguém faz isso