Em Meio Ao Mistério

35: Um policial

     Minha cabeça estava apoiada confortavelmente no ombro do detetive enquanto ele se concentrava em algo em seu aparelho celular, minha mente as sete e quinze da manhã já estava tão cheia e bagunçada que eu nem conseguia prestar atenção no que ele estava realmente fazendo.

   Em nossa frente sobre a ultima mesa ao lado da janela dentro da cafeteria da cidade estavam duas canecas cheias de café com uma leve fumaça exalando de ambas devido suas altas temperaturas, abaixo da mesa minhas pernas balançavam de forma rápida demonstrando o quão ansiosa eu estava, através da janela pude ver Bryan sair da loja de revistas e vir em nossa direção com o jornal do dia em mãos.

   Hoje o inverno estava em seu ápice, obrigando todos os moradores a ligarem seus aquecedores no máximo, os carros agora se mantinham escondidos nas garagens já que as estradas estavam invisíveis aos olhos devido a grosa camada de neve, as calçadas precisavam ser limpas pelo menos duas vezes ao dia para que as pessoas conseguissem andar por aí sem escorregar e cair. 

   Agora eu calçava dois pares de meia com minhas botas de interior felpudo e mesmo assim era possível sentir o frio se espalhar na ponta de meus dedos. No lado de fora não era impossível respirar sem um cachecol sendo usado para cobrir metade de nosso rosto, o ar estava tão frio e seco que podíamos sentir nossos pulmões congelarem no menor suspirar ao ar livre. 

   Hoje a cafeteria estava com grande movimentação onde as pessoas aproveitavam para pedir a bebida mais quente que havia no cardápio para então seguirem para seus empregos.  

   Quando Bryan finalmente se sentou em nossa frente Cristopher depositou seu celular sobre a mesa e todo o burburinho no interior do estabelecimento se transformou em silencio quando na pequena tv presa próximo ao teto o noticiário informou a brutal morte do policial Karter Stevens que foi encontrado a aproximadamente três horas atrás na varanda de sua própria casa. 

   Todos olhavam de forma concentrada para a foto que aparecia na tela onde o homem alto, de porte atlético, cabelos escuros e olhos verdes usava seu habitual uniforme azul de trabalho. 

— Nesta madrugada por volta de três hora da manhã o corpo de Karter Stevens de trinta e sete anos e policial local foi encontrado na porta de sua residência onde o mesmo vivia com sua mãe — disse o apresentador fazendo com que todos prestassem ainda mais atenção — O policial foi encontrado por um colega de trabalho que fazia sua ronda noturna pela cidade e ao passar avistou o corpo no chão rodeado por uma possa de sangue, ao se aproximar e realizar uma breve analise foi constatado que Stevens já se encontrava sem vida

   Em meio as falas do apresentador imagens do homem apareciam na tela onde ele sempre estava sorrindo de forma feliz, sua aparência era jovial e isso causava ainda mais revolta na população da cidade.

— A informação divulgada seria de que a causa de sua morte foi decorrente de uma sequencia de golpes com um objeto pesado e de porte médio na região de sua nuca.

   Engoli seco, sentindo meus olhos começarem a arder, a agonia em meu peito se dava pelo peso da lembrança daquele terrível dia me atingindo em cheio misturado com o medo por saber que já é o segundo assassinato ocorrido da mesma maneira nesta cidade. Meu pai foi o primeiro, sendo atingido por golpes na região da nuca, próximo ao centro da cidade em um dia comum, sem pistas, sem suspeitos, sem testemunhas, sem câmeras e sem justiça. 

— Senhorita Morton? — a voz conhecida me chamou, fazendo meus olhos piscarem rapidamente para afastar as lagrima que deixavam minha visão embaçada — Temos que conversar 

— Agora não é hora Oliver — Cristopher respondeu como se pudesse ler minha mente enquanto seus dedos se enlaçavam aos meus e nossas mãos descansavam em meu colo — Não vê o que aconteceu hoje? Deveria estar de luto por um parceiro