25: Tatuagens

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    Meus pés ainda cobertos por meias tocavam o chão de madeira que acabara de ser limpo fazendo parecer que uma poça de sangue nunca esteve ali, meus olhos estavam concentrados na ponta de meus dedos que brincavam entre si enquanto minha mente focava em qualquer coisa aleatória para não pensar na bagunça que foi esta noite e em quão maior é a bagunça instalada em meu coração.

   Podia ouvir o som da água caindo no banheiro e já fazia quase meia hora que Cristopher havia entrado para se limpar, torcia para que ele saísse logo, se jogasse na cama e apagasse, tudo o que eu desejava agora era voltar para a cabana, me enfiar entre os lençóis e esperar o dia amanhecer lutando contra a ansiedade de imaginar qual vai ser a reação do detetive quando o álcool já não estiver mais tomando conta de seus atos e ele se lembrar do que aconteceu.

   Minhas possibilidades sobre o que aconteceria nos próximos dias foram cortadas quando ouvi o toque de um celular ecoar por todo o quarto, retirando o aparelho debaixo do travesseiro me senti confusa quando vi o nome Oliver acender na tela, encarando o relógio de parede encima da escrivaninha observei os ponteiros beirando as quatro horas da manhã.

   Me culpei por ser tóxica e invadir a privacidade de alguém, mas a curiosidade falou mais alto e fez com que eu deslizasse o botão verde para o lado, atendendo a ligação. 

Turner — a voz rouca de quem fumava a anos chegou aos meus ouvidos — Tenho uma coisa pra você 

— Achei que vocês se odiavam — ironizei umedecendo os lábios com a ponta da língua

O que diabos? — Oliver coçou a garganta usando em seguida uma voz irritada — Porque você esta com ele essa hora?

— Porque você esta ligando pra ele essa hora? — a curiosidade em mim era completamente perceptível — Pensei que vocês se odiavam, já que sempre que se encontram agem como cão e gato

Não vai me dizer que agora vocês estão dormido juntos? — uma risada com deboche atravessou a ligação fazendo minha pele esquentar pela irritação — Não acredito que foi burra o suficiente para cair na lábia dele 

— Não estou, mas se estivesse também não seria da sua conta — usei a voz mais firme que consegui conferindo que Cristopher ainda não havia saído de seu banho demorado — Diga logo o que você quer e poupe nosso tempo, caso você não tenha prestado atenção está bem tarde 

Quero falar com você — avisou rapidamente — Venha até a delegacia pela manhã, estarei esperando você na minha sala

— Quer falar comigo mas ligou para o detetive? — observei os flocos de neve caírem do lado de fora da janela buscando manter a calma — Estranho, não?

Talvez porque para entrar em contato com você eu só tenha o numero da sua casa, ao qual você não tem atendido as ligações, não é? — ironia possuía seu tom de voz e me obriguei a imaginar como seria a sensação de joga-lo pela janela — Então imaginei que como o detetive tem andado com você igual a um carrapato talvez ele poderia passar meu recado, e como a informação ainda esta quentinha não evitei em ligar agora 

— Que informação? — engoli em seco sendo tomada pela curiosidade 

Tenho uma pista sobre o acontecido com o seu pai, nos vemos as oito horas? — ouvi no fundo da ligação uma porta se abrir e algo como uma cadeira ser arrastada pelo chão 

— Sim.

   Minha voz saiu quase como um sussurro antes que a ligação fosse encerrada pelo delegado, o choque em saber que quase depois de dois meses poderia finalmente ter uma pista fez com que a chama de esperança acendesse novamente em meu coração. 

Em Meio Ao MistérioOnde histórias criam vida. Descubra agora