30: O olhar de um detetive

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Cristopher Turner 🕵🏻‍♂️

    Após alguns minutos de procura entre as gavetas, pastas e caixas de arquivo finalmente juntei algumas paginas sobre a mesa de madeira um pouco empoeirada, já fazia um tempo que eu não parava aqui para trabalhar, minha mente ultimamente tem andado mais perturbada do que o normal, atrapalhando minha rotina que costuma ser produtiva. 

   A garota a minha frente de cabelos dourados e olhos cansados encarava as prateleiras de livros como se fosse a coisa mais interessante para se ver, eu já estive em sua presença tempo o suficiente para saber ler sua linguagem corporal e todos os sinais indicavam o quão nervosa e incomodada ela estava se sentindo agora. 

   Mesmo concentrado em minha busca eu a observava de canto de olho, notando sua perna tremer embaixo da mesa assim como sua pálpebra esquerda, é perceptível que Emilly não tem dormido bem nesses últimos dias e é completamente compreensível, se um psicopata louco estivesse me ameaçando a tanto tempo e eu não tivesse alguém para me proteger, também não iria conseguir descansar.  

— Aqui está — joguei um pequeno portfolio a sua frente fazendo sua atenção voltar para mim — Tudo o que eu sei até agora sobre o que aconteceu com seu pai está ai 

   Emilly me olhou com atenção antes de encarar as onze folhas grampeadas com quase tudo o que eu realmente sabia. Existiam algumas coisas que ela não poderia saber ainda, coisas que eu sabia que ela não poderia ver, como as três fotos que eu estava escondendo no fundo da terceira gaveta, fotos que foram deixadas em sua casa da ultima vez que estivemos lá e que eu as encontrei primeiro.

   As fotos eram de seu pai, no necrotério da cidade e mais precisamente já encima da maca onde se realiza a preparação do corpo para o funeral, o fotografo havia apenas focado em seu rosto pálido e sem vida. Não pensei duas vezes em pega-las e esconde-las antes que a garota visse, porque sei que isso a apavoraria ainda mais.

   A pessoa misteriosa estava brincando com sua sanidade, ele deixava sinais claros de que estava atrás dela, mas ele nunca realmente aparecia, apenas a amedrontava de longe, deixando recados, pichações e enviando caixas com ratos mortos.

   Emilly tem passado por muita coisa pra uma garota tão jovem e isso tem mexido muito com a personalidade dela, ela não sabe, e nunca vai saber, mas eu já a conhecia mesmo antes dela aparecer batendo em minha porta, seu pai e eu éramos amigos e sempre que eu a via na rua eu a observava.

   Eu via o quão feliz e animada ela era como líder de torcida, bibliotecária da escola e ficante do filho da prefeita, seu pai havia me pedido para ficar de olho um tempo antes do que aconteceu a ele, mas ela nunca vai saber disso e muito menos o porque. 

   Não imagino sua reação lidando com algumas coisas e isso só a deixaria mais destruída do que ela já está, então pelo Sr. Morton eu irei protege-la de algumas coisas para que ela não descubra, não veja e não ouça. 

— Tem muita coisa aqui, não pensou que deveria me contar do que vinha descobrindo? — sua sobrancelha se arqueou deixando as olheiras escuras ao redor de seus olhos ainda mais visíveis — Achei que eu deveria saber, já que eu te pedi para se envolver nisso 

   Era divertido ver como ela era inocente, me dava vontade de rir quando ela não via algumas coisas bem obvias abaixo do seu nariz. 

— Não estou sendo pago para isso — disse de forma obvia me acomodando um pouco mais na cadeira giratória — Estou fazendo um favor já que eu conhecia seu pai 

— Então me diga seu preço — ela me olhava por baixo dos cílios volumosos, o contraste da pouca iluminação deixava um sombreado em seu rosto — Não quero ter que te dever nenhum favor quando isso acabar 

Em Meio Ao MistérioOnde histórias criam vida. Descubra agora