39: O culpado

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    Bryan e eu estávamos sentados no sofá folheando cinco paginas com mensagens trocadas entre o assassino e meu pai, todas as ameaças eram nítidas e não havia duvidas que esse era realmente o culpado por tudo o que aconteceu. Em alguns momentos meu nome era citado e sempre que eu o encontrava entre as linhas algo em meu estomago me fazia querer vomitar. 

   O que leva uma pessoa a ser tão psicopata desta forma? O que de tão importante meu pai havia feito para ter sido assassinado? Qual crime ele cometeu para que sua família sofresse as consequências mesmo após sua morte? 

   Eu não achava justo ter de pagar e sofrer por algo que não fiz e não faço a mínima ideia do que seja.

— Pelo que eu entendi as conversas começam por aqui — Bryan me estendeu as paginas em ordem para que eu as lesse 

"O que ainda esta fazendo na cidade Morton? " — número desconhecido

"Não te mandei ir embora? Quantas vezes vou ter de repetir?" — número desconhecido 

"Não posso abandonar minha filha e minha esposa assim de repente" 

"Então esta feliz sabendo que elas vão morrer por sua causa?" número desconhecido 

   Senti a ânsia me dominar mais uma vez, o assassino estava dando uma chance ao meu pai? Porque ele estava o mandando ir embora assim? Meu pai morreu por minha causa? Ele morreu porque se recusou a me deixar aqui e sumir da cidade? 

   Passei para a próxima página enquanto sentia meus olhos queimarem pelas lagrimas pesadas e salgadas, uma falta de ar começava a consumir meus pulmões conforme o desespero aumentava ainda mais em meu interior. 

"Vi Emilly hoje, precisa protege-la mais se ainda quiser que ela sobreviva" — número desconhecido 

"O que tenho de fazer para que ela não sofra as consequências disso tudo?"

"Tarde demais, seu sangue já está destinado a respingar nela" — número desconhecido 

   Meus dedos trêmulos me impediam de segurar as folhas com precisão, os soluços escapavam de minha garganta sem controle, esse louco estava me observando, me perseguindo a cada minuto, como nunca consegui prestar atenção nisso? 

   Durante todo esse tempo eu nunca notei que havia alguém na minha sombra? 

   Joguei a página para o lado pegando a próxima em minhas mãos. 

"Podemos nos encontrar hoje?"

"Seu prazo já está acabando Morton" — número desconhecido 

"Podemos ou não?" 

"Tudo bem, primeiro vou dar uma olhada em Emilly e Madeline, depois nos encontramos em minha casa" — número desconhecido 

   Observando as datas notamos que essas conversas se passaram entre os últimos quinze dias antes do assassinato. Em minha mente a ideia que se tinha era de que o assassino queria dar uma chance a meu pai e por isso lhe deu um prazo para ir embora, provavelmente o fato dele ter se negado a isso foi o que causou a sua morte. 

   A penúltima pagina em minha mão tinha a data do inicio da semana em que tudo aconteceu.

"Onde você está? Já saiu da cidade?" — número desconhecido

Em Meio Ao MistérioOnde histórias criam vida. Descubra agora