Ateara.

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Acho que nunca dormi tanto em minha vida. Não sei ao certo quanto tempo se passou, mas definitivamente, eu estava descansada. Talvez até dormisse mais um pouco pela preguiça ou falta de coragem de enfrentar mais um dia, porém eu tinha uma irmã mais nova que não esperou nem eu abrir os olhos direito para pular em cima de mim.

— Vamos, Maya. Acorde!

— Eu estou acordada. O que houve, Alex? — Foi então que abri os olhos e pela primeira vez pude ver o local onde eu estava. Não era mais nosso antigo quarto. Flashes dos últimos acontecimentos passaram pela minha mente, fazendo com que eu relembrarem tudo em milésimos de segundos. — Oh não! Eu dormi demais?

— Nós dormimos demais. Eu acordei agora à pouco e estou morrendo de fome, May. São 5 da manhã e, maior que a minha fome, com certeza é a vergonha de ir assaltar a geladeira. — Alex fez um biquinho que me fez rir baixo. 

— Também estou faminta. Não estava em meus planos dormir tanto assim! Nós nem falamos com ninguém quando chegamos… Céus! Será que o Quil está acordado?

— Oh, então agora já temos intimidade o suficiente para perturbá-lo? 

— Isso é caso de vida ou morte! — Me defendi e rimos juntas.

  De repente, ouvimos duas batidas na janela do quarto — que fica logo acima da minha cama — e o susto foi tanto que soltamos involuntariamente um gritinho e nos abraçamos, como se isso fosse nos proteger de alguma forma. Na sequência, a risada escandalosa e inconfundível de Quil foi presente do lado de fora da casa.

Sem ao menos me recuperar do susto direito, ao identificar que era apenas nosso novo primo, me soltei de Alex e abri a janela numa tentativa de fazer com que ele parasse de rir e fizesse silêncio para não acordar ninguém.

— Shhhhh, garoto! Vai acordar todo mundo! — Quil estava somente de bermuda no grande campo de grama da frente, que parecia rodear todo o local. A casa ficava, literalmente, no meio de uma grande floresta. — Wow!

— Wow mesmo! Que vento frio! — Alex apareceu ao meu lado segurando os próprios braços. Tive que concordar com ela, estava muito frio lá fora 

— O que raios você está fazendo só de bermuda nesse gelo, Quil?

— E às 5 da manhã? — Alex fazia questão se ser exata. Nossa expressão era praticamente a mesma e parecia divertir o garoto louco à nossa frente. A cidade já era um pouco escura devido ao clima em si, mas com certeza o sol ainda não havia raiado. — Por acaso é um segurança da reserva? 

— Bom, pode-se dizer que sim. — Ele deu de ombros orgulhoso, quando um assobio vindo da floresta escura cortou nossa conversa — Hãm, eu tenho que ir. Minha mãe deixou comida feita pra vocês no forno, a torta está uma delícia. Tem suco na geladeira, fiquem à vontade, eles não acordam com facilidade. Já estão meio que acostumados com minha rotina... Vocês também vão acostumar. Adiós!

Quil não esperou nossa resposta e correu em direção ao som, não dando a menor chance de nos explicar mais nada. Fechei a janela rapidamente para o quarto não ficar tão frio e voltei toda minha atenção para uma Alex completamente paranoica.

 — Ok… Você viu a tatuagem? Bizarro, estranho e esquisito. Até achei que estivesse em um dos meus sonhos loucos, se não fosse por essa fome que consome todo o meu ser agora e me traz pra realidade. — Ela fez seu grande drama enquanto apertava a barriga — Mas é isso, vou deixar que a Alex do futuro desvende esse mistério, porquê essa daqui vai devorar aquela torta em segundos, agora mesmo!

— Não estará sozinha nessa, sis!

Corremos até a cozinha na ponta dos pés, claro, e comemos tudo muito rápido, realmente a fome estava nos matando e a torta estava tão deliciosa que se tivesse outra, certamente não resistiríamos à tentação.

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