Meus olhos ainda estavam pesados, mas agora eu tinha um pouco mais de força para abri-los. Já não estava mais na floresta e sim em um quarto aconchegante, totalmente desconhecido por mim. Também não era mais dia, a escuridão já estava presente lá fora. O cheiro de vampiro ainda existia, mas agora estava misturado aos dos lobos. Virei a cabeça para a esquerda dando de cara com Carlisle Cullen, que colocou a luz de uma lanterninha em meus olhos que instintivamente tratei de acompanhar.
O cheiro daquela jaqueta ainda estava presente e senti meus olhos encherem de lágrimas.
— Maya?
Recuperei o fôlego virando para o outro lado, dando de cara com os olhos vermelhos e assustados de Cameron, que me olhava com visível dor.
— Oh, Deus! Deu certo! Você vai ficar bem, não vai? Por favor, Ya, eu preciso que fique bem!
Assenti ainda que fraco e sorri verdadeiramente para ele. A saudade e o amor que eu sentia por Cameron Adams só fazia com que toda a repulsa natural desaparecesse. Apesar de ainda odiar o seu novo cheiro, eu só queria abraçá-lo com toda minha força.
— Dura na queda, ein? — A outra voz conhecida vinha de uma cama ao lado. Logo entendi que eu estava em um colchão, no chão. Aquele era o quarto de Jacob Black, que estava muito machucado.
— Jake? — Disse trêmula e Cameron me ajudou a sentar, mesmo fraca, para que eu conseguisse ver meu primo e companheiro de bando. Ele estava molhado de suor e possuía faixas que cobriam seus braços e tórax. A batalha. — Céus, o que houve? Perdemos alguém?
— Quase. Quando achavamos que tinha acabado, ouvimos seu uivo e nos distraímos o suficiente para não notar que um ainda estava vivo, ele foi certeiro em Leah. Ela não ia conseguir, então fui defendê-la e isso aconteceu. — A voz de Jake era falhada — Como se sente?
Analisei meu corpo e não possuía nenhuma marca. Flashes dos outros dois vampiros me atingiram e procurei o braço quebrado ou algum outro ferimento, mas não tinha nada.
— Acho que bem…
— Você teve ferimentos leves e se recuperou rápido do braço quebrado. Eles não queriam te matar de verdade. A mordida foi o mais perigoso. Cameron felizmente conseguiu sugar todo o veneno e limpar seu corpo. A força de vontade dele para salvar sua vida foi inspiradora, Maya. — As palavras calmas e reconfortantes eram de Carlisle Cullen.
Mexi meus ombros pra trás e realmente pude sentir uma leve dor do meu lado esquerdo, provavelmente da mordida ou do osso quebrado.
— Sinto muito mesmo, Maya. — Cameron foi o primeiro a falar e Jacob rosnou.
— Vou chamar os outros. Cameron e Maya, se precisarem de um lugar para conversar, sintam-se à vontade para procurar nossa propriedade. Minha família já está avisada. Lá terão privacidade e segurança. Serão bem vindos. — Carlisle disse saindo do local.
Eu passei a admirá-lo, realmente era um bom homem. Ele sabia que os Quileutes não aceitariam mais Cameron ali, nem mesmo ele que era o médico não era sempre bem vindo, quem dirá um recém criado.
— Obrigada, Carlisle. Vamos, Cameron? — Levantei cambaleando e Jake me olhou feio, reprovando totalmente minha decisão — Ele é mais inofensivo a mim do que Bella a você, Jake.
— Só não quero ver Paul colocando minha casa abaixo. Sam, Quil, Embry e Leah também devem estar pirados para ver você lá fora. — Meu primo fazia um esforço visível pra falar e não queria causar nenhum desconforto, mas precisava que ele apenas pudesse passar meu recado para os outros.
— Jake, bem antes de eu conhecer todos vocês, Cameron já estava na minha vida. Ele está comigo há mais de dez anos. Eu sei da gravidade de tudo que nos cerca, assim como sei que foi um vampiro que cuidou da gente até agora. Se os vampiros “da Bella” são aceitos aqui para nos ajudar, é mais que justo que pelo menos um “dos meus", no caso o meu melhor amigo de infância, seja minimamente respeitado. Ainda mais porque ele salvou minha vida. Se coloque no meu lugar, por favor, se fosse Bella vampira precisando de sua ajuda, você realmente viraria as costas pra ela?
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Let's Burn
FanfictionMaya Ateara tem sua vida virada de cabeça pra baixo no último ano. Em busca de apoio, ela segue o último conselho de sua mãe: ler diários antigos que a direcionam para seus familiares, os quais não sabiam sequer do seu paradeiro. O que ela não esper...