POV | Paul Lahote
Eu era acostumado e até tinha o pulo do penhasco como um dos meus hobbies favoritos, mas nada se comparava a isso. Era como se eu tivesse caído de um precipício alto, muito alto, e estivesse pendurado apenas por uma fina corda de aço. Essa era a sensação. A corda de aço que me segurava era o imprinting, mas ainda sim, eu me sentia sem chão, sem conseguir me mover direito, sem rumo e a beira da morte.
Tudo foi tão rápido, faz tão pouco tempo, mas pra mim, já parecia uma eternidade. Ficar sem a Maya era a pior parte. Eu lembro que a amava, mais do que tudo, e o imprinting ainda me faz amá-la, claro, mas é diferente.
Sam havia me pedido para não ir para a ronda aquela noite, a ordem era repousar ou focar em meus sentimentos, até dormir um pouco mais – o que seria ótimo, se eu não estivesse inquieto o suficiente ao ponto de não conseguir fechar os olhos.
“O que tá pegando, Paul?” Collin entrou em minha mente no exato momento em que me transformei.
“Nada, garoto. Cadê o Sam?” Fui direto ao ponto.
“Na casa da Emily, mas se eu fosse você, não ia lá não.”
Quando recebíamos esse tipo de aviso sempre era algo relacionado a privacidade do casal, e até faria sentido devido ao horário, mas dessa vez, eu sabia que não era.
“Valeu.”
Sem pensar duas vezes, corri sob as quatro patas em direção ao local informado onde, ao chegar, me certifiquei de cara que, infelizmente, eu estava certo em minhas teorias.
Sam andava de um lado pro outro dentro da cozinha enquanto Emily era a responsável por tentar lhe acalmar de certa forma, o que parecia funcionar em partes. Eu entendia esse sentimento. Só ela seria capaz de me acalmar agora, tenho certeza disso.
Assim como os demais, decidi voltar à forma humana e vesti a simples bermuda jeans que vivia jogada em alguns pontos da floresta, antes de entrar livremente na casa.
— Paul? — Emily me lançou um olhar curioso, mas eu também podia ver uma ponta de esperança nele. Todos estavam torcendo para que eu me recuperasse o mais rápido possível, assim como nosso organismo manda, mas era algo que fugia do meu controle, infelizmente.
Eu lembro bem a sensação que o imprinting trás e sei que ele ainda existe, afinal, como nosso próprio povo diz, é uma magia inquebrável, mas era como se aquela criatura tivesse tirado de mim o bem mais precioso que eu tinha e que ia ainda além do imprinting: ela me tirou o amor da Maya, a lealdade, o vínculo que nos mantinha juntos de forma natural.
Era bem verdade que a nossa ligação havia sido abalada, mas eu conseguia sentir que ainda estava lá. A vontade de protegê-la, de me certificar que ela está a salvo, de saber se está bem e, principalmente, a necessidade de deixá-la longe do que mais podia machucá-la: eu.
— Oi, Emily. — Tentei ser o mais calmo possível, afinal, ela não tinha culpa de nada, mas foi impossível seguir com o mesmo temperamento quando me virei para meu alfa — Sam, me conte o que houve. É algo com a Maya, não é?
— Você sabe que é, não sabe!? Me diga que você está sentindo alguma coisa, Paul! — Sam estava talvez no auge do seu estresse e isso fez meu coração acelerar. Ele se aproximou agressivamente de mim e não movi um músculo em defesa. Além de ser meu alfa, ele era irmão dela — Diga o que está sentindo. Diga!
— Eu sinto falta dela, ok? — Disse de uma vez, o poupando da minha confusão e angústia interna. O que foi um erro.
— Droga, Paul! — Sam me pegou pelo braço e me levou para o lado de fora da casa. Emily nos seguiu, mas não chegou a sair do local. — Se transforme! Agora!
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Let's Burn
FanficMaya Ateara tem sua vida virada de cabeça pra baixo no último ano. Em busca de apoio, ela segue o último conselho de sua mãe: ler diários antigos que a direcionam para seus familiares, os quais não sabiam sequer do seu paradeiro. O que ela não esper...