De corpo e alma

Wei Wuxian

Wei Wuxian

Três dias depois de me mudar para minha adorável cabana, eu estava levando Suibian para tomar um pouco de ar fresco e percebi que não tinha visto meu novo vizinho o dia todo.  Não que isso me incomodasse, já que o cara era um idiota rude.  Senti meu rosto esquentar ao me lembrar de como ele olhou para mim depois que eu lhe contei que estava tentando encontrar o botão dos pneus de neve do meu carro.  Ok, sim, parecia muito ruim eu não saber como essa merda funcionava, mas eu morava em Nova York desde os dezesseis anos.  Dirigir seu próprio carro era praticamente um pecado na cidade grande e, depois que fui descoberto, coisas como dirigir nem estavam no meu radar.  O que Lan Zhan , mais santo que você, pensaria se soubesse que eu só tirei minha carteira de motorista há algumas semanas? 

Não importava porque o cara era igual a todos os designers e fotógrafos da minha vida.  Ele me via como nada mais do que um cabeça-dura.
Depois que eu disse a ele que estava indo para a cabana de Xue Reed, ele parou de falar comigo, a menos que fosse para gritar ordens para eu ficar fora do caminho enquanto ele tirava meu carro do banco de neve.  Ele usou um guincho na frente de sua caminhonete para puxar meu carro.  Antes que eu pudesse agradecê-lo, ele me disse para ter mais cuidado e então entrou em seu carro e esperou impacientemente que eu entrasse no meu, já que eu o estava bloqueando.  Eu olhei para ele pelo espelho retrovisor enquanto subia a estrada com cuidado, e ele parecia chateado o suficiente para cuspir pregos.  Quando entrei na curta entrada que levava à cabana, ele passou por mim e voou para a entrada da cabana ao lado da minha.  Quando saí do carro, estava prestes a fazer um comentário educado sobre como éramos vizinhos, mas ele nem me deu uma olhada antes de entrar em sua cabana.

Eu me forcei a deixar o incidente passar.  Eu estava aqui para trabalhar, não para fazer amigos.
O ar estava fresco com uma brisa passando direto pelo meu cardigã Dolce até a camiseta macia por baixo.  Aprendi muito rapidamente que não ousava usar meus chinelos Tod’s Gommino fora de casa.  Ainda tive vontade de chorar quando vi o que a neve molhada tinha feito com o couro.

Então, eu estava deslizando em um velho par de Vans, tentando o meu melhor para não estourar, quando ouvi o toque familiar de uma chamada de vídeo vindo do meu computador interno.  Peguei o corrimão ao longo dos degraus da varanda da frente e usei-o para caminhar em direção à porta da frente.  Como diabos eu não aprendi a andar no gelo quando morava em Nova York?

Ah, sim, porque passei a maior parte do ano em locais exóticos em sessões de fotos.
Não sinto falta da praia, não sinto falta de estar em algum lugar quente…

Eu escorreguei e agarrei a ponta do corrimão, mal conseguindo me segurar antes de cair da escada para o jardim da frente.  Minhas pernas e braços se agitaram quando acabei espalhado em uma posição estranha que estava em algum lugar entre ficar de pé e cair.  Eu provavelmente parecia um bebê girafa tentando descobrir como ficar de pé pela primeira vez.
“Meu Deus, porra...”

Ouvi risadas profundas vindo da direção da cabana ao lado da minha.  Lá estava o próprio deus do sexo, segurando uma enorme pilha de lenha cortada nos braços.  Observei a visão lenta e ansiosamente, sem querer.  Seu cabelo curto e escuro estava quase todo coberto por um gorro de lã preto e, embora eu não conseguisse ver seus olhos muito bem, conseguia sentir sua intensidade.  Eu me perguntei como eles seriam se a dureza fosse substituída pelo humor.
Mas isso não importava porque, de repente, seu sorriso desapareceu e foi substituído por uma carranca intensa quando ele se virou para subir os poucos degraus até sua própria casa, como se não existisse gelo e a ideia de ajudar um vizinho.  de um escorregão e queda quase mortal era algo inédito.

“Puxa, obrigado, idiota,” murmurei, enquanto usava o corrimão para me endireitar.

Ele se virou para mim antes de abrir a porta da frente.
"Você disse alguma coisa?"