De corpo e alma

Lan Zhan

Lan Zhan

Acordei me sentindo mais quente do que nunca em toda a minha vida.
O que dizia muito, considerando alguns dos países para os quais viajei como médico.
Mas eu estava muito mais do que quente.
“Porra,” eu sussurrei enquanto estendia minha mão pelo meu corpo.  Forcei meus olhos a abrirem para poder sentir e ver o que Wuxian estava fazendo comigo.
Então talvez eu me permitisse aceitar que era real.  Que eu estava realmente em sua cama com sua boca linda enrolada em meu pau.

“Wuxian,” eu respirei.  Ele deixou sua boca deslizar pelo meu pau antes de soltá-lo e colocar a cabeça na minha coxa, seus lábios carnudos a apenas um fôlego de distância da minha ereção dolorida.
“Desculpe, mal podia esperar… você dorme como um morto”, disse ele com um sorriso caprichoso.  Seus dedos subiram e desceram meu pau enquanto ele me observava.
Ele não falou.
Ele apenas me observou.
Eu queria saber o que ele estava pensando, mas estava com muito medo de perguntar.  De alguma forma, as coisas se tornaram muito mais intensas do que eu pretendia.  Meu objetivo na noite anterior era passar apenas mais algumas horas na presença dele para ter certeza de que ele estava realmente bem enquanto eu criava coragem para ir embora, como planejei fazer antes que ele se perdesse na floresta.  Mas eu estava mentindo para mim mesmo ao pensar que seria realmente tão simples.
A verdade é que eu não queria ir embora e procurava qualquer desculpa para não ir.

Quando ele me pediu para voltar para a cama com ele, eu disse a mim mesmo que ficaria o tempo suficiente para ele adormecer.  Depois que ele adormeceu e eu o segurei em meus braços, tentei me convencer da mentira de que não queria correr o risco de acordá-lo saindo da cama.  Nas primeiras horas da madrugada, quando Wuxian se mexeu contra mim e sussurrou meu nome durante o sono, eu disse a mim mesmo que só precisava dele mais uma vez antes de me despedir.  Ele nem protestou quando eu o beijei até acordá-lo.  No momento em que deslizei em seu corpo perfeito, parei de tentar mentir para mim mesmo.

Nada em deixá-lo seria fácil.
Deslizei meus dedos pelos cabelos de Wuxian enquanto ele permanecia onde estava e sustentava meu olhar por mais tempo.  Estive com muitos caras durante minha juventude, mas mesmo aqueles que eu considerava mais do que apenas uma noite não conseguiam falar comigo como ele conseguia.
Sem falar nada.

“Venha aqui”, eu finalmente disse.
Exigido, na verdade. 

Algo em Wuxian despertou meu homem das cavernas interior, mas, felizmente, ele não pareceu se importar.
Ele subiu pelo meu corpo.  Ele se acomodou em cima de mim e cruzou os braços sobre meu peito.  “Bom dia,” ele disse com um pequeno sorriso que fez coisas ridículas na minha barriga.

“Bom dia, lindo,” respondi enquanto deixava meu dedo percorrer sua testa, descer por sua bochecha, sobre seus lábios.  Ele realmente era a coisa mais linda que eu já vi, mas muito pouco disso tinha a ver com a perfeição física de seu rosto e corpo.  Não foi o lindo azul cinzento de seus olhos que me atraiu, mas sim a luz e o riso que vi ali.  Suas feições perfeitamente simétricas eram ótimas, mas foi a forma como sua testa se ergueu um pouco quando ele estava perdido em pensamentos que me fez querer confortá-lo.  Seus lábios carnudos eram o sonho molhado de um homem gay, mas por mais deslumbrantes que parecessem enrolados em meu pau, eu não me cansava da maneira como ele mastigava o lábio inferior quando tentava não dizer o que estava pensando.  .  E por mais perfeitos que seus lábios fossem, o jeito que ele beijava era tudo dele - isso vinha de dentro... como muitas das coisas nele que me atraíam e se recusavam a deixar ir.
“Bom dia,” ele praticamente ronronou.  “Tenho boas e más notícias.  O que você quer primeiro?

“O ruim,” eu disse com um sorriso, porque era praticamente impossível estar qualquer coisa além de feliz neste momento em que ele estava enrolado em meu corpo como se pertencesse ali.
“Suibian comeu o resto dos nossos sanduíches ontem à noite.”