Ele abriu a mão para mim e passou a ponta do dedo na minha palma, me dando um leve arrepio.
- Você fez esse corte tentando me salvar, me salvar de Roman. — ele sorriu fracamente, olhando para minha mão. - Mesmo em estado lastimável você se jogou sobre os homens dele, apunhalando-os com uma pedaço de vidro, que partiu sua carne.
Observei ele me explicar, tinha uma coisa, uma coisa que acontecia para me manter calma e serena quando eu estava ao lado dele.
- E esse é Leve. — disse ele, acariciando meu braço.
- Mais uma vez você se jogou sobre ele sem medir as consequências e o perigo em que embarcou.
Minhas lágrimas começaram a cair novamente, mas não com tanta força como antes, eram lágrimas suaves.
Ele colocou a mão na minha bochecha enxugando algumas lágrimas com o polegar enquanto tentava sorrir para mim. Mas eu sabia muito bem que esse sorriso não era sincero, nem ele se tranquilizou.
Sua mão começou a descer sobre minha coxa, ele levantou um pouco meu vestido revelando os múltiplos pontos.
Queria afastá-lo, mas estava hipnotizado por seus gestos e movimentos.
- Ele cortou seus braços e coxas com esse pedaço de vidro, foi tão agressivo e eu não pude fazer nada, estava muito concentrado em outro lugar.
Sua mão continuou até minha canela e fez um leve círculo sobre a superfície da minha pele, onde havia uma cicatriz redonda.
- Aqui, você levou um tiro, mas eu não sei bem os detalhes porque você não tinha me explicado direito. Só sei que estava nas mãos de Roman.
Minha respiração começou a acelerar, era tão horrível saber de tudo, mas por algum motivo, seu jeito de explicar era reconfortante.
E foi aí que seu olhar encontrou o meu, ele cerrou a mandíbula com tanta força que uma veia em seu pescoço começou a aparecer. Ele olhou para meus pulsos.
Ele desfez o nó da bandana que eu havia enrolado e colocou-a delicadamente em seu colo, sem tirar os olhos do meu pulso.
- E, finalmente, seu pulso. — disse ele com um leve tremor na voz. - Esse é o meu trabalho, peguei uma adaga e cortei suas veias a sangue frio.
- Mas por que? — eu consegui resmungar.
Ele olhou para mim, apenas seus olhos falavam, eles queriam tanto conversar mas foi com relutância.
- Você fez o papel de fugitiva, e eu não gostei e tive que colocar suas ideias de volta no lugar.
Tirei abruptamente meu pulso de sua mão, minhas lágrimas não eram mais de remorso e sim de raiva.
Ele suspirou e tirou a bandana verde do colo.
- Uma parte lá no fundo de você não se esqueceu de nós. — continuou ele, desdobrando a bandana.
- Bem, eu não entendo essa parte de mim. — terminei.
//POVTom
Suas palavras soaram agressivas na minha cabeça, como se toda a esperança que havia sido criada tivesse sido em vão, e foi.
Eu tinha perdido tantos detalhes, mas teria sido demais se eu tivesse revelado tudo para ela.
A bandana havia perdido a cor, não era mais o verde abeto de antigamente, mas havia se tornado verde água, como suas íris caídas.
- Eu me apaixonei. — eu disse, olhando-a diretamente nos olhos, diretamente nos seus olhos lacrimejantes. - E você também.
Ela olhou para mim, sem emoção, sem expressão, ela estava ali olhando para mim. Eu não conseguia entender seus pensamentos, mas esse era um dos meus pontos fortes com ela.
Os raios do sol começavam a perfurar as cortinas vermelhas assassinas, mergulhando a sala numa poça de sangue.
- Eu te roubei, te bati e acabei te amando.
- Me amando? — ela disse com um suspiro.
- Você foi minha pérola rara por quase um ano, e mesmo dois, todos sabiam disso. Mas eu não queria acreditar, e você também não.
Eu queria confortá-la com mais do que palavras e, embora invejasse suas reações, tomei a iniciativa.
Passei meu braço em volta do ombro oposto dela, trazendo-a para mais perto de mim.
Ela não parecia estar me impedindo, até acabou encostando a cabeça em mim e isso me lembrou de quando consegui tirá-la de Roman, quando estávamos na beira do rio com os raios quentes do sol cegando nós.
Exceto que lá ela estava quebrada, mental e fisicamente.
- É tão difícil de acreditar, mas todas as evidências estão aí. — ela sussurrou.
Deitei minha cabeça na dela, seu cabelo ainda tinha aquele mesmo cheiro puro, claro e doce. Aprendi a valorizar os momentos doces com ela, ela era como minha musa e eu gosto de sua aprendiz.
- Mesmo que minha memória ainda esteja confusa, quero acreditar em você, mas isso não significa que encontrarei suas chamadas marcas ao seu lado. — disse ela quebrando o silêncio.
Sorri fraco, não poderia pedir muito, esperaria ela se lembrar, esperaria ela se apaixonar novamente, esperaria por ela.
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The Forgotten Feeling [PT-BR]
Historical Fictionhistória totalmente feita pela @naisniss , estou apenas traduzindo a história dela!!