Old Tears

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| Ponto de vista da Taylor |

Hannah era de origem francesa, mas mudou-se para Tóquio quando tinha 4 anos. Ela era uma garota legal que não pedia muito, era cheia de compaixão pelas pessoas próximas a ela.

- Você não deveria ir trabalhar? — ela me perguntou enquanto caminhávamos pelas ruas lotadas de moradores locais a caminho do trabalho.

- Sim, mas não tive fé para inventar uma desculpa quando cheguei ali na frente do meu chefe. — suspirei.

- Mas ele é legal, conversei com ele e ele disse que você era uma das melhores. — ela disse dando um tapinha no meu ombro de forma amigável. - Acredito que todo mundo falha com você.

- Por favor... — digo com uma careta.

Hannah trabalhava com Shiori na venda de carros e posso dizer que a empresa deles era muito conhecida entre os japoneses. E presumi que Shiori havia negociado com seu chefe para me dar o carro do dia anterior, porque caso contrário ele não teria sido capaz de pagar por ele novo com seu próprio dinheiro.

- Que horas são ? — Perguntei a Hannah, interrompendo-a em suas palavras.

Ela pegou o telefone e franziu a testa para a tela sem me responder.

- Hanna?

Eu ia me aproximar dela, olhando para o telefone, mas ela recuou imediatamente.

Levantei as sobrancelhas olhando para ela confusa com seu gesto.

- 10:00. — ela respondeu, guardando o telefone.

- Algum problema? — Eu perguntei olhando em seus olhos cinza transparentes.

- Tenho várias ligações perdidas de Shiori, nada grave.

- Porque não liga de volta para ele?

- Farei isso mais tarde, não se preocupe com isso. — ela sorriu, passando o braço em volta do meu para me fazer seguir em frente.

Finalmente voltei para casa depois de criar meu cartão de transporte. Já eram 15h30 e fazia tanto calor que comecei a abrir todas as janelas da minha casa.

Hannah me convidou para me juntar a ela esta noite com Shiori na loja Kizo-Han, seu local de trabalho. Eu costumava ir ajudá-los às vezes em meu raro tempo livre, apenas para passar algum tempo com eles.

Ponto de vista de Tom

Tinham agora encontrado os nossos vestígios em Tóquio, mas não com a civilização. Preferimos mantê-los discretos por enquanto, pelo menos era o que ELES queriam.

Eu encontrei meu carro que escondi junto com o de Bill, Gustav e Georg na garagem do porão de nossa casa. Ninguém poderia acessá-lo, exceto nós, e me senti bem, mas destruído, quando vi a carroceria brilhando sob a noite, lembrando-me daquelas corridas subterrâneas.

Olhei para o banco de trás e desviei os olhos quebrados pelas minhas lembranças.

- Então Tom? Qual é a sensação de ver o amor da sua vida novamente? — Bill disse entusiasmado enquanto caminhava até seu carro vermelho.

- Ela não é o amor da minha vida — murmurei, enchendo o clima. - Mas sim, é divertido.

Eu tinha me tornado a pessoa que não tinha motivação, estava cansado e enojado com tudo.

- Tom?

Virei a cabeça para Cheryl, que caminhava em minha direção, os saltos batendo nos cantos da grande garagem.

- Eu vi Taylor mais cedo, ela parecia feliz — disse ela tentando me confortar.

- Ela usava a bandana, como se no fundo uma parte de sua alma não tivesse nos esquecido.

Olhei nos olhos dela por um longo tempo, cerrando a mandíbula, mas finalmente me afastei dela quando abri a porta do meu carro.

Pude ver seu rosto triste no reflexo do vidro enquanto ela voltava para Bill, cruzando os braços sobre o peito.

Eu não tinha nada contra Cheryl, mas ela estava apenas me chamando de volta para Taylor, e isso estava me destruindo.

Se eu pudesse fazê-la esquecer a memória, eu o teria feito, mas não queria que Bill fosse condenado como eu fui.

Eles não estavam juntos, mas tinham um vínculo forte, e eu os invejava fortemente.

Eu me imaginei no lugar deles com Taylor, brigando por coisas malucas e estando um contra o outro a cada segundo em qualquer situação. Mas também nos beijaríamos, nos abraçaríamos e diríamos palavras doces um ao outro, prometendo um ao outro amor infinito. Queria que o cheiro dela em meu nariz entrasse em meu cérebro, desbloqueando novas sensações que eu nunca havia experimentado antes.

Respirei fundo antes de entrar no carro e colocar as chaves na ignição, mas o motor não pegava. Eu fiz uma careta tentando novamente, mas ainda nada.

- Porra. — eu disse, batendo no volante empalhado.

A bateria funcionou mas o motor não, acho que ele não gostou que eu a deixasse apodrecer na garagem por mais de 5 meses. Principalmente porque o porão estava extremamente seco, a poeira cobriu meu carro e acho que uma visita à garagem não seria demais.

Olhei para o espelho central imaginando seu rosto, seu rosto à beira da morte enquanto seus pulsos estavam sem sangue.

Meu coração batia um pouco mais rápido agora enquanto meus dedos batiam ansiosamente no painel. Meus olhos estavam fixos no espelho quando ouvi suas lágrimas caírem no assento.

Eu pulei quando ouvi Bill bater na janela da minha porta. Abaixei a janela e olhei para ele sem emoção.

- Há algo de errado? — ele perguntou-me.

- Não pega, vou chamar uma oficina.

- Ok, vamos puxar seu carro usando o meu levando até a garagem mais próxima.

- Não, eu quero uma garagem boa, meu carro não é uma merda. — eu disse saindo do carro após retirar as chaves da ignição.

- Ok então. — ele assentiu, fechando a porta atrás de mim.

The Forgotten Feeling [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora