CAP. 8 - Apenas Uma Dança...

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Notas da autora:

Oii de novo! Espero que estejam gostando da história.. Coloquei acima uma das minhas músicas favoritas para produzir essa história, cria o clima que eu preciso para imaginar todos os detalhes. Aproveitem ;3

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- Um entretenimento.

Ele responde pensativo, como se estivesse processando se realmente fosse a resposta correta.

Não consigo lhe dar uma resposta sobre isso, apenas olho para baixo, também em pensamentos. Vejo uma mão se aproximar da minha e me puxar para continuarmos a caminhada.

- Vamos brincar com algo novo hoje!

Ele prenuncia com um ânimo aparente em sua voz...
Não gosto nenhum pouco das suas brincadeiras... Sinto como se fosse morrer a qualquer momento caso ele ganhe, mas, como isso ainda não aconteceu, só tenho que ser grata.

- E qual seria essa brincadeira?..

Ele sorri me fitando, sem falar nada, como se fosse um de seus segredos.
Andamos pelo pátio principal do parque, era realmente enorme e cheio de detalhes, ao mesmo tempo bizarro. As barracas de jogos em volta me chamavam a atenção, eram tantas opções, mesmo com suas cores desgastadas era bonito.

As folhas das árvores da floresta em volta caiam sobre nós, criando um clima calmo.
Logo saímos do centro do parque e vamos para os arredores, sinto que ele olhava para mim sempre para ver a minha reação com o lugar, me constrangendo um pouco.

Haviam tantas atrações e brinquedos por todas as partes, eu estava hipnotizada com tudo aquilo. Paramos em frente a um grande lugar, com cortinas vermelhas em sua entrada, estava escrito com algumas letras faltando acima da porta gigante, TEATRO.

Havia um pequeno lugar para a venda de ingressos quando estávamos entrando, mas não havia ninguém na bilheteria. Ao andar mais um pouco, o piso de madeira rangia, e tudo ficava escuro, conseguia apenas ver os olhos de Jack que me guiavam junto de nossas mãos dadas.

Paramos de repente, fazendo-o largar da minha mão, logo o lugar se ilumina vagarosamente, com luzes fracas em certos lugares. Estávamos em um grande palco, e em frente centenas de cadeiras vermelhas que subiam em cascata.

- Você irá dançar para mim.

- Mas... Por qu..

Antes mesmo de terminar a frase, ele me puxa para trás do palco, indo para os bastidores escondidos.

- Aqui terá tudo o que precisar. Estarei esperando... Não demore.

Ele apenas sai, deixando-me sozinha...
Céus, eu não sei nem o que fazer, muito menos o que dançar!
O lugar era iluminado pela luz em volta dos espelhos, alguns estavam rachados, cercados com balcões com restos de maquiagem já usados. Do outro lado posso ver algumas ararás de roupas junto de armários, me dirijo para lá.

Encaro todas aquelas fantasias com poeira, não deixando de serem lindas mesmo velhas. Vejo uma por uma rapidamente em seus cabides, nada me chama a atenção... Mas vejo algo brilhar vagamente atrás de um armário com a porta quebrada.

Era um manequim, usando um lindo vestido preto de ballet, com detalhes brilhantes em seu torço, haviam penas decorando cada parte, além de um enorme tutu com várias camadas de tecido. Em seus pés havia sapatilhas pretas de veludo com detalhes bordados.

Quando eu o vi, já sabia que era a escolha certa. Me recordo de quando eu era criança, das tantas aulas que tive com aquela carrasca, como os meus pés sangravam com os centenas de treinos que fazia para agradar a professora de ballet, e principalmente, a minha mãe.
Mas, quando ela faleceu a alguns anos atrás, parei de treinar.

Me vesti agilmente, pensando em que eu iria dançar com aquele vestido. Fui para a frente de um espelho e vejo uma pequena facha preta, com detalhes costurados brancos de cisnes, penso em amarrar na parte de cima do cabelo e deixar o resto solto. Agora estou pronta, fiz o possível.

Me direciono ao palco com um tanto de ansiedade em minhas veias... Ele estava escuro novamente, não conseguia ver muita coisa, apenas algumas luzes em volta das cadeiras a frente. Tento me direcionar para o meio do palco, sem saber o que fazer.

Logo um feixe de luz cai sobre mim.
Uma música sútil começa a tocar apenas ao som de violinos vindo das paredes... Logo me posiciono para iniciar a dança.

 Logo me posiciono para iniciar a dança

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Passos sutis... sinto a leveza tomar conta do meu corpo, como se a magia daquele lugar entrasse em meus ossos e a música penetrasse em minha carne. Uma dança... provavelmente em troca de uma vida...

Nem ao mesmo sabia se ele estava realmente me observando dançar, mas ali eu me encontrava, sendo absorvida pela arte mais uma vez, sem nem ao menos resistir aos meus instintos.

Assim que a música termina, apenas paro levemente, acompanhando os últimos ritmos tocados. A melodia logo para. Fico parada, mas ainda com a postura da dança, esperando qualquer resposta de qualquer coisa.

As luzes se acendem totalmente, fazendo-me ver Jack em meio ao auditório, me encarando totalmente, levantado-se devagar. Quando o vejo, apenas me curvo, encerrando a apresentação que ele desejava, torcendo para ter apreciado tanto quanto eu apreciei.

Minha respiração estava ofegante, algumas gotas de suor caem de minha testa. Ainda estou curvada, mas vejo uma sombra aproximar-se de mim, como ele chegou aqui tão rápido?

Sinto ele segurar o meu rosto calmamente, fazendo-me levantar o rosto e encara-lo...

- Você irá dançar novamente.

O que? Ele não gostou da minha dança?... Eu não entendia, por que eu teria que dançar outra vez?
O palco apenas fica escuro outra vez, Jack desaparece na escuridão, e me obrigo a ir novamente ao camarim.

Eu mal sabia o que dançar agora, estava tudo tão embaralhado em minha mente, ainda estava com a respiração um pouco ofegante. Tentei contar até dez mentalmente, tentando me concentrar e pensar. Observo outras ararás de roupas, mas nada me interessava.

Sento no chão, encostada em uma parede perto dos armários, para tentar separar os meus pensamentos... Mas, sinto a parede afundar atrás de mim.. uma parede falsa!... Logo ali? Não pensei muito e entrei.

Apenas algumas luzes das janelas iluminavam o lugar fechado a muito tempo, a poeira havia tomado conta. Encaro dezenas de manequins com vestidos longos e antigos, cheios de detalhes feitos a mão, pareciam extremamente caros e nobres.

Minha visão logo foca um no final da sala abafada. Então sussurro para mim mesma:

- Eu quero você...

Jack Risonho - O SacrifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora