CAP. 22 - Brincando Com Fogo

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Vou para o banheiro me trocar, acho melhor ir me deitar para esfriar a cabeça. Estou brincando com fogo...

Ele não é qualquer um, nem ao menos humano ele é, logo não posso arriscar tanto, não sei o que ele é capaz de fazer. Mas... Também não sei o que ele irá fazer se eu não confronta-lo.

Ao mesmo tempo, esse fogo arde em meu inconsciente, como se estivesse gostando dessa situação, porém algo dentro de mim fala que não seria o certo a se fazer. A garota que brinca sujo com demônios... O que eu me tornei?

Novamente me pego em negação. Eu deveria deixar esses sentimentos saírem? Talvez ele não entenda, mas ao menos sente afeição por mim. Bem, o que eu posso fazer agora é...

Meus olhos encaram as gavetas do banheiro, me lembrando de quando fui ao parque e escondi roupas íntimas ali. Droga... Por que não?

Meus dedos coçam, com medo da ideia e de como ele reagiria, mas o que a de mal em provoca-lo também? Era esse o seu objetivo eu acho. Só estaria fazendo o que ele faz comigo também.

Trouxe apenas algumas peças, mas eram lindas... Escolho a minha favorita, era vermelha quase vinho, lembrando o sangue com pingentes em forma de gotas nos bojos do sutiã, tendo algumas correntes que caiam pela minha barriga, ficando conectadas em uma pequena peça com rendas que quase sumia em minha intimidade. Nas minhas pernas eu usava uma meia vermelho escuro, que acabava nas coxas, tendo uma faixa fina que a conectava.

Céus... Eu não deveria fazer isso, realmente estou brincando com fogo. Coloco a capa vermelha por cima, mas não a fecho totalmente, deixando metade do meu corpo a mostra.

Quando saio de trás do biombo, observo Jack em pé perto da cama, logo ele olha para mim, aquele sorriso me intimidou um pouco. Sinto que ele me olha como se eu fosse um pedaço de carne.

- Perdeu alguma coisa aqui?

Vou tentar usar o feitiço contra o feiticeiro, mas não espero que dê muito certo.

Em um segundo Jack arranca minha capa, eu nem vejo seu movimento, apenas noto quando minha capa já estava no chão.

- Se você quer jogar, então jogue direito.

- Você está errado...

- Estou?

- Vou apenas dormir agora.

Falo sem conseguir abafar o meu sarcasmo. Ele ri em deboche enquanto toca os meus cabelos atrás de mim.

Ele segura na minha cintura e me joga na cama sem cuidado algum.

- O que está fazendo!?

Vejo ele se aproximar.

- Estou te colocando para dormir, putinha!

Logo ele esta na cama, vejo ele subir lentamente, quando percebo ele já estava em cima de mim. Fico imóvel em baixo dele.

Não a mais o que eu fazer. Estou presa em baixo desse monstro, totalmente vulnerável e com essa roupa ainda. Droga... Eu quem provoquei, então terei que pagar pelo preço.

Sinto ele tocar em minha cintura, levantando o meu busto da cama, me deitando extremamente perto do seu rosto.

- O que você vai fazer?

Realmente, estou sentindo uma pontada de medo.

- Você faz perguntas que eu não posso responder cadelinha...

Sinto a sua respiração no seu rosto, seguro em seus ombros, sinto como se meu coração fosse sair pela boca.

Encaro aquele sorriso, que agora não me atormenta mais... Seus olhos nos meus, tão profundos... Os seus cabelos negros caídos por todo o seu rosto... É uma sensação que eu não poderia descrever...

Vejo o seu rosto se aproximar mais e mais do meu... Apenas faço o mesmo.

- Jack...

Ele me cala, encostando os seus lábios nos meus. Sua boca era um pouco gelada, mas ao mesmo tempo era doce... Percebo sua língua pedindo permissão para entrar em minha boca.

Sua língua era quente em meus lábios, tinha um gosto incrivelmente doce, lembrando até mesmo balas de cereja, como isso era possível?

Nossas línguas dançavam juntas... Era uma sensação infinita. Eu sentia os seus dentes afiados tocarem em minha língua, aquilo me deixava com mais vontade do beijo nunca terminar.

Suas mãos seguram o meu corpo como se fosse rasga-lo com suas garras negras. O beijo termina enquanto sinto ele morder o meu lábio inferior, puxando com cautela para não fazer um belo corte.

Porém, quando nos encaramos, sua face fica séria, como se houvesse algo errado. Ele larga a minha cintura, me colocando na cama novamente.

- Jack, eu..

Ele coloca um dedo em minha boca, não deixando eu terminar a frase.

- Você deve descansar agora.

Ele pronuncia em um tom seco, saindo de cima de mim, ficando em pé ao lado da cama enquanto pega uma pequena coberta e coloca sobre mim, indo embora.

Que droga aconteceu agora??
Eu fiz algo errado?

Encaro as lonas do circo acima de mim, sem reação com o que presenciei.
Tento fechar os olhos, em busca do sono, mas sem êxito.

O que me resta agora é pensar sobre essa palhaçada até adormecer.

Jack Risonho - O SacrifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora