CRIMINAL • Chlonette

dezoito

Marinette clicou no pequeno telefone na tela do bate papo com sua irmã e esperou pacientemente por Brigdette atender. A espiã pegou o celular mandando mensagem para a irmã lhe atender e, cinco segundos depois, a tela do computador mostrou Brigdette Dupain-Cheng com os cabelos bagunçados, óculos de leitura tortos e uma xícara de café na mão.

- Passou a noite acordada de novo? - Marinette perguntou apoiando a cabeça na mão.

- Meus editores estão cobrando um livro novo mas eu não tenho nada. - A mais velha falou mal-humorada. - Nada. - Ela encarou o nada com um olhar que poderia matar qualquer um que estivesse em sua mira. - E como você está, meimei? - Brigdette perguntou suavizando os olhos azuis.

Marinette sempre achara injusto sua irmã ter os olhos azuis de seu pai mas aprendeu a amar seus olhos castanhos.

- Talvez prestes a te dar sua próxima história. - Ela sorriu de um jeito envergonhado.

Brigdette ergueu uma sobrancelha e mandou sua irmã começar a falar depois de tomar um gole de sua xícara e Marinette começou a falar. A mais nova disse como conheceu a criminosa loira numa missão de rotina, como essa loira sequestrara Adrien uma vez e a ficou importunando sempre que a visse e até quando não a visse, Marinette até mesmo contou o que havia acontecido na boate naquela noite. Uma parte, pelo menos. Algumas coisas não são boas para serem contadas.

- Embora eu goste do plot de heróis apaixonados por vilões, eu não usaria essa ideia mas obrigada por tentar. - Brigdette falou ajeitando os óculos, fazendo sua irmã rir de verdade desde que elas começaram a conversa. - Alguém está ai com você?

- Todas ainda estão na cama. Devem ser umas quatro da manhã aqui. - Marinette disse dando de ombros. - O que eu quero perguntar é: o que você faria numa situação dessas?

Brigdette piscou algumas vezes tentando pensar em uma resposta adequada enquanto a outra Dupain-Cheng mordia a ponta do dedão ansiosa.

- Eu tentaria entender o que essa pessoa sente por mim é verdadeiro. - Brigdette falou seriamente. - Se ela sentir o mesmo que eu, eu provavelmente iria ficar com ela. - Marinette abaixou o olhar.

- Você trairia as leis, suas convicções de certo e errado, todos que pensam que seria uma ideia horrenda por ela? - A mais nova perguntou, suas mão fechava em punho a cada uma das opções que dera. Ela olhou para a irmã pela câmera. - Você acha que daria certo? - A pergunta saiu mais baixa que as outras.

Brigdette se sentiu triste pela irmã. O coração doía ao ver que ela se sentia tão insegura daquele jeito, a Dupain-Cheng sentia vontade de ir para onde ela estava, a abraçar apertado e levá-la de volta para casa.

- Mas isso é o que eu faria. - Brigdette acrescentou, Marinette franziu as sobrancelhas não entendendo. - Eu não posso fazer as escolhas por você, mei mei, mas aqui vai um conselho de irmã mais velha: não tenha medo de fazer as decisões baseadas nos seus sentimentos. Tem gente que prefere ser pobre e feliz do que rica e infeliz.

- Você pareceu a mamãe dizendo isso. - Marinette riu fraco, Brigdette sorriu para a mais nova.

- Eu estou falando sério, Marinette. - Brigdette disse ainda sorrindo. - Não tenha medo de pensar com o coração as vezes.

- Jiejie, isso tem a ver com o Félix? - Marinette perguntou tentando ser delicada.

- Ele fez a escolha dele, eu fiz a minha. - A mais velha deu de ombros e, de repente ela arregalou os olhos.

- Brigde? - A irmã perguntou ao ver a mais velha em um tipo de epifania.

- Eu acabei de ter a ideia perfeita pro livro! - Ela falou animada e foi para fora da câmera, provavelmente anotar antes que esqueça, e então voltou. - Mei mei, você é uma salva-vidas!

Marinette riu para ela.

- Que bom que uma de nós conseguiu o que queria. - A espiã falou fazendo sua irmã erguer a sobrancelha. - Eu vou pensar no que disse.

- Acho bom. Se não vou ser obrigada a ir até onde quer que esteja e te dar um pescotapa que você nunca vai esquecer. - Marinette tremeu com a possibilidade de isso acontecer.

- Eu vou desligar, tenho que ir me arrumar. - A mais nova disse. - Te amo.

- Também te amo. - Brigdette falou antes da chamada encerrar.

Marinette fechou o computador e se encostou nas costas da cadeira. Ela observou ao redor do terraço do prédio dos dormitórios, nenhuma alma viva estava lá além dela. O vento fazia seu cabelo preso voar e tinha uma sensação boa em seu rosto, Marinette respirou o ar puro da manhã e observou o sol se levantar pensando nas palavras de Brigdette. "Não tenha medo de pensar com o coração" "entender o que a outra pessoa sente de verdade". A Dupain-Cheng não sabia o que se passava no próprio coração mas tinha uma ideia do que fazer para descobrir.

Respirando fundo outra vez, Marinette se levantou a pegou suas coisas de cima da mesa e foi em direção as escadas, ela ainda tinha que se aprontar para a escola.

~•~

Alya, Kagami, Juleka e a diretora Mendeliev estavam em pé ao redor de uma mesa discutindo ideias para descobrir onde Lila está, Marinette estava sentada em uma cadeira ao lado da porta tentando se fazer invisível para as mulheres em sua frente mas ainda sim se esforçando para escutar suas ideias. A franco-chinesa só estava cansada e queria ir para casa.

- O que acha, Marinette? - Alya perguntou se virando para encarar a amiga que piscou duas vezes antes de assentir e concordar com a Cesairé.

- Decidido então. - Mendeliev falou. - Semana que vem vai ser.

As outras duas concordaram e a diretora as dispensou, elas saíram da sala e começaram o caminho até seu dormitório. Marinette se aproximou de Juleka enganchando seu braço no dela. A Couffaine olhou para a amiga confusa.

- O que foi decidido? - Marinette sussurrou quase desesperada. Juleka a ia repreender mas o olhar da Dupain-Cheng fez ela ceder.

- Concordamos em contratá-la para uma missão falsa. - Juleka explicou. - Quando ela for tentar matar o nosso alvo, irá cair na emboscada.

- Obrigada. - Marinette sorriu para a de cabelos coloridos.

Por que parece que tem muitas coisas para mim fazer? Ela se perguntou fazendo uma careta para um ponto vazio na saída do colégio.

- Tudo bem? - Juleka perguntou.

- Sim, sim. - Marinette disse abanando a mão como se não fosse nada mesmo que esteja mordendo o interior da bochecha ao mesmo tempo.