quinze

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Adrien não diria que ele tem sono desregulado e sim que algumas vezes ele acaba dormindo as quatro da tarde e apenas acordaria as duas da manhã. Essa era a fala dele sempre que Marinette perguntava por que ele estava mandando mensagem para ela as três da manhã.

Mas dessa vez foi diferente.

Adrien estava em seu horário de sono, normal apenas para ele, matando o tempo pesquisando sobre um certo ladrão de cabelos e olhos azuis quando Marinette ligou perguntando se ele estava acordado e se poderia ir até sua casa. O loiro disse que sim mantendo o tom normal mas por dentro ele estava preocupado pois o que diabos Marinette estava fazendo as duas da manhã que ela precisava urgentemente ir até a casa dele?

Então agora ele estava andando de um lado para o outro esperando ouvir a campanhia ou alguma pedra batendo na sua janela. Percebendo alguma coisa batendo na sua janela, ele a abriu e esperou. Marinette entrou pela sua janela alguns minutos depois e Adrien esperou que o corpo todo da garota estivesse dentro do seu quarto antes de se aproximar e examinar ela por inteira, vendo vários machucados pelo corpo dela e uma jaqueta que, com certeza não era dela, na verdade nem o vestido parecia algo que ela teria no armário.

- O que houve? - Adrien perguntou, ele fechou a janela e começou a guiar sua amiga até a cama. - Você se meteu em uma briga de boate? - Marinette riu, era uma risada seca e ácida, estava claro que ela não estava bem com o que quer que tinha acontecida.

- Quase isso. - Ela respondeu. Ele a olhou mais preocupado porém não disse nada, Adrien foi até o banheiro e voltou com um kit de primeiros socorros.

- Você vai me contar o que aconteceu? - Ele perguntou novamente começando a passar um cotonete com remédio no corte em seu queixo.

- Posso fazer isso amanhã? Eu to cansada. - Ela falou fazendo bico.

- Tudo bem. - Adrien disse, ele não iria pressionar ela a fazer nada. O loiro jogou o cotonete na caixinha. - Eu nem sei porquê to fazendo isso agora. Vai tomar um banho primeiro, depois eu limpo os machucados. Tem toalhas limpas lá, pode pegar uma roupa nas gavetas.

Marinette lançou um sorriso agradecido para ele e se levantou tirando a jaqueta, era de couro, Adrien notou. O Agreste observou ela pegar umas roupas e se trancar no banheiro, o vestido com certeza não era dela e a jaqueta então...Adrien respirou fundo tentando manter a cabeça no lugar e tentar não pensar muito nisso, ele sempre acabava com teorias loucas demais. Ele decidiu esperar Marinette falar sobre isso amanhã e, se ela não falasse, ele iria fazer ela falar.

~•~

Já era amanhã e duas coisas muito estranhas estavam acontecendo na casa de Adrien. A primeira era que Marinette estava tomando café da manhã lá com ele e a segunda era que Marinette parecia estranhamente preocupada com alguma coisa, a Dupain-Cheng não parava de olhar para as portas e janelas e seu celular estava desligado.

- O que aconteceu ontem a noite? - Adrien perguntou não tão sutil o quanto ele queria.

Marinette piscou engolindo a torrada que estava comendo. Ela não esperava que ele perguntasse logo isso logo agora e definitivamente não dessa maneira.

- Seu pai ta em casa? - Ela perguntou colocando a torrada no prato e pegando o copo de suco.

- Quando ele ta? - O loiro falou com uma risada seca, Marinette o encarou insistindo. - Ele foi fazer uma viagem de negócios em algum lugar, disse que volta amanhã.

Ela comeu mais um pedaço da torrada e, Adrien notou, ficou mais inquieta do que antes. Era agora que ele iria esconder um corpo, ele franziu as sobrancelhas com o próprio pensamento, se ele fosse esconder um corpo eles teriam feito ontem a noite enquanto era o melhor horário.

- Para de fazer essa cara, por favor. - Marinette pediu.

- Que cara? - Ele perguntou genuinamente confuso.

- A cara de "talvez eu tenha que esconder um corpo hoje".

- Eu faço muito isso?

- Sim. - Ela assentiu terminando de comer a torrada.

- Então você vai me contar o que aconteceu ontem ou eu vou ter que ficar fazendo essa cara até você decidir contar? - Ele ameaçou.

Ela levantou o copo de suco pronta pra beber mais uma vez e murmurou algumas palavras que Adrien não conseguiu ouvir.

- Quê? - Ele perguntou.

- Eu... E-eu quase beijei ela. - Marinette falou com o copo de suco na boca.

- O QUÊ? - Adrien levantou da cadeira.

- Eu não vou repetir!

- Eu entendi dessa vez. - Ele se defendeu e se sentou de novo. - Como isso aconteceu? Por que você tava com ela ontem?

- É uma longa história. - A Dupain-Cheng falou não querendo contar o que aconteceu. - Eu só... Eu não sei o que ta acontecendo. - Ela pegou o prato e levou até a cozinha, Adrien a seguiu. - Eu tenho dificuldade em aceitar o que eu sou, eu tenho dificuldade em assumir meus sentimentos e eu não posso contar nenhum desses dois pras minhas amigas porque eu literalmente quase beijei a criminosa que a gente tava caçando e por algum motivo todos na minha escola ainda estão me dando parabéns por sobreviver a um encontro com ela porquê, de acordo com eles, era praticamente enfrentar a morte de cara!

Adrien observou a sua melhor amiga desabafar tudo isso que ela estava segurando por bastante tempo, ele sabia que era iria explodir em algum momento e ficou feliz que tinha sido com ele.

- Então é! Eu não quero falar sobre isso porque eu não tenho ideia do que eu to fazendo ou do que eu to sentindo. - A esse ponto Marinette já estava chorando. - Eu to triste, e confusa, e com raiva e eu só quero que tudo isso acabe mas sempre parece que tem mais.

O Agreste se aproximou dela e envolveu seus braços ao redor da franco-chinesa.

- Eu também não tenho ideia do que ta acontecendo na minha vida. - Ele murmurou no abraço deixando as lágrimas dela molhar sua camisa. - Eu também to confuso e com raiva mas eu vou estar sempre aqui pra você, princesa. Eu sei que eu sempre falo isso mas você pode contar comigo para tudo que seja, se tiver uma farpa no seu dedo eu vou querer saber o que aconteceu. E se você não quiser falar pode só vir aqui e, sei lá, ver esses doramas que você gosta no meu quarto.

- Obrigado. - Marinette murmurou chorosa ainda com o rosto em seu peito.

Adrien conseguiu levar Marinette de volta para o quarto dele e a deitou na cama quando percebeu que ela desmaiou de chorar. Ele a cobriu com o edredom e digitou outro nome no seu computador: Queen Bee.



CRIMINAL • ChlonetteOnde histórias criam vida. Descubra agora