vinte e cinco

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Marlene estava com uma terrível ressaca da noite passada e um telefone totalmente descarregado quando chegou na delegacia e viu todos em pânico correndo de lá pra cá, falando um por cima do outro com papéis voando para tudo quanto era lado.

- Que bom que você chegou, eu tava tentando te ligar a horas e nada. - Ray falou puxando ela pelo braço e a levando até o escritório do capitão de polícia, onde os chefes de ambos estavam.

E aparentemente, uma das maiores ladras do mundo estava fazendo algumas pessoas de refém no Banco Nacional da França. Tendas já estavam montadas e um esquadrão já tentara se infiltrar lá dentro mas falharam por pouco e então aqui estava a Mckinon, mal sabendo distinguir rosa de vermelho, com seu chefe, o inspetor, pedindo para ela tentar fazer a negociação como um tipo de teste para ver se estava apta a avançar de cargo.

Isso só pode ser brincadeira, ela pensou, sentada em uma cadeira em uma das tendas em frente ao BNF esperando por uma ligação. Todos estavam parados olhando para o que a jovem, que ainda estava sendo treinada, iria fazer.

O telefone tocou.

Marlene atendeu.

- Alô?

- Uma voz nova. Isso significa que eu já deixei todos sem ideias? - Uma voz aveludada falou pela linha e então riu em zombaria. - Que patético.

- Vou ser bem simples. Quais são suas exigências para libertar os reféns?

- Eu só tenho uma e, depois que ela for cumprida, eu liberto eles. Quero que traga Marinette Dupain-Cheng aqui dentro.

Um dos agentes levou um tablet a Marlene com as informações de Marinette. A Mckinon franziu as sobrancelhas com a foto da jovem garota mas, o que a surpreendeu, foi uma linha em vermelho embaixo da foto da garota.

Agente: em treinamento.

- Se não for muito, posso perguntar o por quê ela, em específico? - Marlene perguntou com os olhos no tablet.

- Digamos que quero fazer um acerto de contas com ela. - Parecia que Queen Bee estava mais brincando do que exigindo, Marlene pensou. - Traga ela aqui em vinte e quatro horas e eu libertarei os reféns.

E o telefone desligou.

~•~

- Dormitório 240, compareça ao escritório da diretoria imediatamente.

A voz do auto falante soou, todas as alunas olharam confusas umas para as outras afinal, por que chamar um dos dormitórios no meio de uma prova importante para a formatura?

Marinette olhou para a professora, que assentiu, a DEB largou o lápis na mesa e entregou o papel para a responsável da turma e saiu da sala. Andando pelos corredores uma por uma, a Dupain-Cheng achou suas amigas e todas pararam na frente da porta da diretora Mendeliev. A secretária da diretora abriu a porta e as garotas entraram.

- Nem se dêem ao trabalho de sentar. Estamos saindo. - Mendeliev falou correndo de um lado para o outro enfiando coisas em sua bolsa.

A diretora saiu com as alunas a seguindo, quando todas entraram na van da escola finalmente alguma explicação foi dada. O quarto 240 estava silenciosamente em pânico enquanto sua diretora se encontrava extremamente animada. Kagami e Alya ficavam lançando olhares de preocupação para a amiga a cada quinze segundos, Juleka suspirava pesado olhando pela janela, pensando.

Marinette? Marinette estava pirando silenciosamente, parada feita uma estátua por dez minutos inteiros, nem ela mesmo tem certeza se ela piscou os olhos durante esse tempo. Ela jurava que se Chloe tentasse alguma coisa ela daria um tapa a loira na frente de todos.

Eles chegaram no BNF, as devidas apresentações foram feitas, a...ajudante do inspetor? Marinette não sabia o que ela era mas Marlene explicou a situação para o grupo. Aparentemente, o plano dela era mandar a Dupain-Cheng com uma escuta primeiro e, enquanto Queen Bee estivesse distraída, as outras garotas iriam entrar pelas janelas do segundo andar com o equipamento que iriam prover para elas e tirariam os reféns de lá. Era a missão de rotina mais radical que elas já tiveram.

Marinette conseguia pensar em mil e um jeitos de tudo dar errado, principalmente da parte dela...e de Chloe. Deuses, como Marinette vai arranjar um jeito de falar para a loira da escuta?

Ela segurava o isqueiro na mão com força, realmente precisando de um cigarro agora. A escuta já estava colocada no lugar e os outros oficiais ajudavam suas amigas com o equipamento de escalada, ninguém estava prestando atenção nela agora, a franco-chinesa se perguntou se daria tempo de escapar só para um cigarrinho. Isso até Marlene se sentar em sua frente.

- Nervosa?

- Sim. - Marinette não olhou para ela quando falou.

- Eu também. - Marlene suspirou. - É a minha primeira vez fazendo esse tipo de coisa.

Marinette franziu as sobrancelhas, como assim aquela moça não estava qualificada para tomar decisões nesta situação?

- Como assim?

- Não precisa se preocupar com isso. - Ah, com certeza ela não iria. - Eu vi a sua ficha, é bem impressionante para alguém da sua idade.

- Obrigado?

- Mas, independente disso, você ainda tem dezoito anos. É normal se sentir desajustada nesse tipo de situação.

- Você já esteve nesse tipo de situação? -  A DEB ergueu uma sobrancelha.

- Não exatamente mas já lidei com uma negociação com um cara com uma bomba. - Marlene deu um meio sorriso. - Foi estressante pra caralho.

- Eu consigo imaginar. - Ela realmente conseguia.

- O que eu quero te dizer é que tá tudo bem estar com medo as vezes, você só precisa seguir seu instinto e vai dar tudo certo.

- Você sempre dá prep talks pra todos que vão fazer esse tipo de coisa?

- Só pra quem eu acho que precisa.

- Você precisa melhorar mais na motivação. - Marlene riu.

- A prática leva a perfeição, não é?

A Mckinon estava prestes a ir embora quando Marinette a chamou e agradeceu mesmo assim. Instinto? Certo. Ela tinha instinto. Ela tinha muito instinto. Era quase assustador o quanto de instinto ela tinha. A Dupain-Cheng inspirava fundo, prendia por três segundos, e depois soltava. Ela ficou apenas respirando por dois minutos, as vezes fingindo que a fumaça do cigarro preenchia seus pulmões até ela soltar o ar.

Ok, ela estava pronta.

Assim como todo o resto.

Marinette andou até a frente do Banco Nacional da França e parou em frente a porta. Os alarmes de dentro soavam enquanto a porta abria, a DEB olhou para trás uma última vez e respirou fundo. Ela entrou no banco e, assim que a porta fechou, um vulto de cabelo loiro se jogou nela a abraçando.

CRIMINAL • ChlonetteOnde histórias criam vida. Descubra agora